Bolsonaro promete reformas estruturais “sem viés ideológico” e abertura do Brasil ao comércio internacional

  • ECO
  • 1 Janeiro 2019

Jair Bolsonaro já é o presidente do Brasil. Na tomada de posse, focou as prioridades nas reformas económicas e na luta anti-corrupção.

O novo Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Bolsonaro, prometeu realizar “reformas estruturais”, considerando-as essenciais para relançar o crescimento económico e abrir o mercado interno brasileiro ao comércio internacional “sem o viés ideológico”. Num discurso de posse que começou com as referências religiosas – “Primeiro quero agradecer a Deus por estar vivo. Que pelas mãos de profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora operaram um verdadeiro milagre. Obrigado, meu Deus”, Bolsonaro confirmou (quase) todas as suas prioridades económicas e o discurso anti-corrpução.

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“Precisamos de criar um ciclo virtuoso para a economia, que traga a confiança necessária para permitir abrir o nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a competição, a produtividade e a eficácia sem o viés ideológico”, disse o novo chefe de Estado brasileiro no discurso de tomada de posse.

No discurso feito esta tarde no Congresso, em Brasília, Jair Bolsonaro prometeu trazer “a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência” à economia brasileira, acrescentando que haverá “confiança no cumprimento da regra de que o Governo não gastará mais do que arrecada e na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitadas”.

Leia aqui o discurso de Jair Bolsonaro na íntegra

“Brasileiros e brasileiras,

Primeiro quero agradecer a Deus por estar vivo. Que pelas mãos de profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora operaram um verdadeiro milagre. Obrigado, meu Deus.

Com humildade, volto a esta casa onde, por 28 anos, me empenhei em servir a Nação brasileira. Travei grandes debates e acumulei experiências e aprendizados que me deram oportunidade de crescer e amadurecer. Volto a esta casa não mais como deputado, mas como Presidente eleito da República Federativa do Brasil, mandato que me foi confiado pela vontade soberana do povo brasileiro.

Hoje estou aqui fortalecido, emocionado e profundamente agradecido a Deus pela minha vida e aos brasileiros que me confiaram a missão a honrosa missão de governar o Brasil neste período de grandes desafios e, ao mesmo tempo, de enorme esperança.

Governar com vocês.

Aproveito este momento solene e convoco cada um dos congressistas para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer o nosso país, a nossa pátria, libertando-a definitivamente do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade económica e da submissão ideológica. Temos diante de nós uma oportunidade única de reconstruir o nosso País e resgatar a esperança dos nossos compatriotas. Estou certo de que enfrentaremos enormes desafios, mas se tivermos a sabedoria de ouvir a voz do povo, alcançaremos êxito nos nossos objetivos. E pelo exemplo, pelo trabalho, levaremos as futuras gerações a seguirem-nos nesta tarefa gloriosa. Vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e a nossa tradição judaico-cristã, combater a ideologia de género, conservando os nossos valores. O Brasil voltará a ser um país livre de amarras ideológicas.

Pretendo partilhar o poder de forma progressiva, responsável e consciente. De Brasília para o Brasil, do poder central para Estados e municípios. A minha campanha eleitoral atendeu ao chamamento das ruas e forjou o compromisso de colocar o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Por isso, quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram pôr fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral transformou-se num movimento cívico, cobriu-se de verde e amarelo, tornou-se espontâneo, forte e indestrutível, e nos trouxe até aqui.

Nada aconteceria sem o esforço e a intervenção de cada um dos brasileiros que tomaram as ruas para preservar a nossa liberdade e a democracia. Reafirmo o meu compromisso de construir uma sociedade sem discriminação ou divisão. Daqui em diante, iremos pautar-nos pela vontade soberana daqueles brasileiros que querem boas escolas, capazes de preparar seus filhos para o mercado de trabalho e não para a militância política, que sonham com a liberdade de ir e vir sem serem vitimados pelo crime, que desejam conquistar pelo mérito bons empregos e sustentar com dignidade as suas famílias, que exigem saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, e respeitam os direitos e as garantias fundamentais da nossa Constituição. O pavilhão nacional remete-nos para a Ordem e o Progresso. Nenhuma sociedade se desenvolve sem respeitar esses preceitos. O cidadão de bem merece dispor de meios para se defender, respeitando o referendo de 2005, quando optou nas urnas ao direito à legítima defesa.

Vamos honrar e valorizar aqueles que sacrificam as suas vidas em nome de nossa segurança e da segurança dos nossos familiares. Contamos com o apoio do Congresso Nacional para dar respaldo jurídico para que os policiais realizem o seu trabalho. Eles merecem e devem ser respeitados. As nossas forças armadas terão as condições necessárias para cumprir sua missão constitucional, de defesa da soberania, do território nacional e das instituições democráticas, mantendo as suas capacidades para resguardar nossa soberania e proteger as nossas fronteiras.
Montamos a nossa equipa de forma técnica, sem o tradicional viés político que tornou o Estado ineficiente e corrupto. Vamos valorizar o Parlamento, resgatando a legitimidade e a credibilidade do Congresso Nacional.

Na economia, traremos a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência. Confiança no cumprimento de que o governo não gastará mais do que arrecada. E na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitadas. Realizaremos reformas estruturantes que serão essenciais para a saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas, transformando o cenário económico e abrindo novas oportunidades.
Precisamos criar um círculo virtuoso para a economia, para que traga a confiança necessária para permitir abrir o nosso mercado ao comércio internacional, estimulando a concorrência, a produtividade e a eficácia sem viés ideológico. Nesse processo de recuperação do crescimento, o setor agropecuário seguirá desempenhando um papel decisivo em perfeita harmonia com a preservação do meio ambiente. Dessa forma, todo o setor produtivo terá um aumento de eficiência, com menos regulamentação e burocracia.

Esses desafios só serão resolvidos mediante um verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca de novos caminhos para um novo Brasil. Uma de minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia brasileira, trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas uma promessa formal e distante e passe a ser um componente substancial e tangível da vida política brasileira, com respeito à democracia.

A construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a rotura com práticas que se mostram nefastas para todos nós, maculando a classe política e atrasando o progresso. A irresponsabilidade nos conduziu à maior crise ética, moral e económica de nossa história. Hoje começamos um trabalho árduo para que o Brasil inicie um novo capítulo de sua história. Um capítulo no qual o Brasil será visto como um país forte, pujante, confiante e ousado. A política externa retomará o seu papel na defesa da soberania, na construção da grandeza e no fomento ao desenvolvimento do Brasil.

Senhoras e senhores congressistas, deixo esta casa rumo ao Palácio do Planalto com a missão de representar o povo brasileiro. Com a bênção de Deus, o apoio da minha família e a força do povo brasileiro, trabalharei incansavelmente para que o Brasil se encontre com seu destino e se torne a grande nação que todos queremos.

Muito obrigado a todos vocês. Brasil

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