Cristiano Ronaldo não é deste planeta
Cristiano Ronaldo, a face mais visível da nossa indústria de sucesso, já deu muito a Portugal e há coisas que não têm preço.
Hoje, escrevo sobre futebol, não da bola, mas da sua indústria. O desporto-rei que gera tantos ídolos, acalora paixões, mas também semeia ódios e invejas. Num País tão pequeno como o nosso, é muito significativo que tenhamos o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, um dos melhores treinadores, José Mourinho, o agente mais influente do mercado, Jorge Mendes, um dos mais respeitados especialistas em medicina desportiva, José Carlos Noronha, e já tivemos o melhor dos árbitros, Pedro Proença.
Num País em que as elites são uma anedota, onde se matou a maior empresa portuguesa à vista de todos, onde pululam uma série de engravatados dos quais o único talento é saber dar um nó de gravata, onde se plantam e exibem títulos e licenciaturas mentirosos, é bom ver o triunfo do talento e da organização do nosso futebol.
Sim, talento e organização, porque tomara a muitas empresas terem o grau de profissionalismo da Federação Portuguesa de Futebol, onde trabalham ou já trabalharam alguns dos melhores em diversas áreas, com um líder que, na sua discrição, sabe motivar cada peça da sua máquina a funcionar como um relógio suíço para se obterem sucessos desportivos e de gestão.
Cristiano Ronaldo, a face mais visível da nossa indústria de sucesso, já deu muito a Portugal e há coisas que não têm preço. Há 20 anos, quem viajava, dizia que era português e as pessoas não sabiam muito bem onde se situava este belo rectângulo. Hoje, à mínima menção ao nosso País, a primeira referência dos nossos interlocutores é «Cristiano Ronaldo».
Esta semana, aqui no ECO, numa excelente peça do jornalista Tiago Varzim, mencionaram-se todos os números: «no Facebook tem mais de 117 milhões de seguidores, cerca de 48,2 milhões no Twitter, 82,1 milhões no Instagram e perto de 600 mil subscritores no YouTube. De acordo com as contas da Forbes, o jogador publicou 255 promoções a marcas de junho de 2015 a junho de 2016, o que se traduz numa valorização de 155 milhões de euros». É o desportista mais bem pago do planeta, 77 milhões, e a todos os números da Marca CR7, ainda teríamos de acrescentar mais umas páginas sobre o seu currículo e todas as honras e troféus conquistados.
Cristiano Ronaldo é um enorme jogador, um super-atleta, o melhor português de todos os tempos, e é também uma marca estratosférica que pulveriza recordes de facturação e o seu “endorsement” vale milhões. Mas, acima de tudo, é um exemplo. De trabalho, de abnegação, o jovem craque que se deitava às 21h porque sabia que o repouso é essencial para elevadas “performances».
Cristiano Ronaldo não é deste planeta, já o dizia Gary Lineker. Eu acrescentaria que às vezes nem parece português. Porque Num País onde tanto se fala de poltrona e com desconhecimento de causa, e onde as cigarras sempre esmagaram as formigas, haver um homem que quer todos os dias mais, que acorda focado em superar todos os impossíveis, isso é motivador para todos os portugueses trabalharem mais, ousarem desafiar-se e realizarem os seus sonhos. Só podemos estar gratos a Cristiano Ronaldo. E ao futebol.
Nota: Por decisão pessoal, o autor não escreve de acordo com o novo acordo ortográfico.
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