Cristiano Ronaldo e Neto de Moura
Querer mais não é pecado, querer ser melhor não é um bilhete para o inferno, pelo contrário, é a motivação que cria valor e riqueza.
Sei que há ainda portugueses que não gostam de Cristiano Ronaldo. A “unanimidade é burra”, dizia com suprema ironia Nelson Rodrigues, logo, têm todo o direito a não reconhecer o melhor futebolista português de todos os tempos e um dos melhores atletas de sempre. O rapaz humilde nascido na Madeira tem muito a ensinar a algumas ditas elites empresariais portuguesas que preferem, muitas vezes, passear nos grandes salões de salto alto à espera que lhes soltem uma passadeira vermelha como se para lá do Marão alguém os conhecesse.
Cristiano Ronaldo, apesar de diversas polémicas, é o maior embaixador de Portugal no mundo, é uma marca poderosíssima, é uma galinha dos ovos de ouro desportivo para quem o contrata e uma mina de diamantes para as empresas que se associam a ele. Mesmo o conhecido caso passado em Las Vegas, que o pode ter incomodado de alguma maneira, não beliscou os seus contratos nem o seu talento. Este que é baseado num trabalho diário exemplar, elogiado por técnicos e companheiros, numa força mental inquebrantável que o motiva e o leva ao seu melhor em momentos de enorme pressão como o de terça-feira em Turim, onde teve mais uma noite mágica pagando ali com três golos todo o investimento que a Juventus realizou na aquisição do seu passe.
Cristiano Ronaldo é um exemplo de abnegação, de ambição, de esforço, de afã que devia ser usado em inúmeras conferências e em muitas salas de aula de universidades para que os mais jovens compreendessem o seu desejo de ser o número 1. Um Portugal moderno tem de ser assim construído, esqueçamos algumas demonstrações de novo-riquismo num dos atletas mais bem pagos do mundo. É no querer os patamares máximos, é na vontade de diariamente se suplantar que deve estar assente um país de pobres elites, medíocres, mesquinhas, mal preparadas que em pouco tempo se deslumbram com uma fogueira de vaidades mediática para os quais muitos não estão preparados. Querer mais não é pecado, querer ser melhor não é um bilhete para o inferno, pelo contrário, é a motivação que cria valor, riqueza e traz investimento e cria emprego e é aqui que os empresários portugueses tinham muito a aprender com Cristiano Ronaldo.
Então porque meto Neto de Moura no título? Com todo o respeito pelo cavalheiro, ainda por cima com um enorme desejo de meter processos a quem o menciona por isso ainda tenho de ser mais cauteloso mas tenho direito à minha opinião livre, relembro que a sua sentença e intervenção se baseia no mais retrógrado de um quadro de valores e crenças que só revelam um Portugal atrasado, machista, antiquado. É a sua visão mas está, a meu ver, ultrapassada. Compreendo a repulsa de muitas personalidades, sobretudo de mulheres, que é inteiramente a mesma que a minha. Em pleno século XXI parece que ainda há elementos na Justiça, que deve ser independente e sem preconceitos, atolada numa fé que não deve cegar princípios básicos. É exactamente também contra todos as intolerâncias que cada golo de Cristiano Ronaldo é um chuto em práticas bafientas e mentalidades de antanho. Portugal, se quer ser moderno, deve inspirar-se em Cristiano Ronaldo e pôr uma pedra sobre Neto de Moura.
Nota: O autor escreve segundo a antiga ortografia
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