Está tudo a atestar. E que tal racionar?

Há caos nos postos de abastecimento, com filas e mais filas de automóveis à espera para abastecer o depósito de gasolina e gasóleo. Todos querem atestar. Mas não valia a pena racionar?

Greves? Greves há muitas. E este Governo tem sentido isso na pele, enfrentando paralisações a torto e a direito em resultado de uma política que tenta resolver tudo, ou quase tudo, atirando com alguns euros para cima do assunto. São, regra geral, greves em que é, efetivamente, o visado. Mas nem sempre. E desta vez, não o é, tal como não o foi nos estivadores.

Se há muito que António Costa sabe o que uma greve de camionistas contra os elevados preços dos combustíveis é capaz de fazer, agora ficou a conhecer os efeitos que a paralisação daqueles que transportam os combustíveis podem ter no país. Costa e todos nós.

Sem que praticamente ninguém desse por isso, começou a faltar combustível. Primeiro nos aeroportos, pondo em causa o crescente tráfego a que se assiste na Portela. Aí ficou evidente uma falha governativa, não deste mas de todos os executivos desde que se fez a Expo 98.

Onde está o famoso oleoduto que liga a CLC de Aveiras ao Aeroporto Humberto Delgado? Ficou na gaveta. Pode ser que agora alguém vá lá procurar o projeto que custa uns míseros dez milhões de euros e tiraria quase duas centenas de camiões da estrada todos os dias. Não queremos descarbonizar?

Depois, começou a faltar nas “bombas”. Aí o Governo fez o que tinha de ser feito. Esperou para perceber se a greve cumpria os serviços mínimos. Não cumpriu, avançou com a requisição civil. Não foi suficiente, avançou com o “alerta energético” para tentar pôr o país novamente a rolar.

O Governo está a agir bem, ao contrário do que dizem vozes da oposição que preferem o ataque gratuito. Aqui, até Rui Rio mostrou que não vale o ataque pelo ataque, exigindo apenas, e bem, que é preciso que os serviços mínimos sejam para todo o país. O Governo tem de ter um papel de diplomacia porque o que está em causa é um diferendo entre sindicatos e patrões de empresas privadas.

No meio disto tudo, quem sofre são os cidadãos. Aqueles que em vésperas de Páscoa veem os seus planos a emperrar num depósito na reserva. Com o escalar dos efeitos da greve, a situação torna-se dramática. Caos nos postos de abastecimento, com filas e mais filas de automóveis à espera para abastecer o depósito de gasolina e gasóleo.

Mas as pessoas não estão só a abastecer. Há, como diz uma fonte do setor, um “açambarcamento”. Se regra geral vão ao posto por dez ou 20 euros de combustível, com o medo que acabe, enchem até transbordar. O resultou é simples: assim, acaba mesmo. Assim, o caos ainda é maior.

Se não percebemos que se todos atestarem, não dá para todos, porque há uma greve, então não vamos longe. Alguns irão, mas muitos outros ficarão frustrados com os postos cheios de pinos e as mangueiras seladas porque estão secas. Se não conseguimos pensar assim, porque não racionar? Porque não limitar quanto cada pessoa pode abastecer em cada posto?

Haverá, certamente, quem ande, depois, a saltitar de posto em posto a abastecer o que lhes permitem abastecer, mas a maioria fará contas ao que precisa mesmo. Evitava-se o caos. Evitava-se carros com depósito cheio estacionados à porta de casa e outros em desespero por não terem o combustível que precisam para chegar… a casa.

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