Cuba, um país à espera do mercado
Fidel Castro morreu, e como é que deixou a economia? À procura do mercado, menos dependente da Venezuela e a olhar para o que se vai passar nos EUA com Trump.
A economia cuba não vive tempos fáceis. A falta de liquidez associada à crise económica da Venezuela, um dos principais parceiros económicos de Cuba e principal fornecedor de petróleo à ilha, estão a pressionar os dados económicos do governo de Raúl Castro.
O presidente cubano deixou mesmo um alerta durante o verão ao povo cubano afirmando que os tempos que duros que vinham pela frente. A preocupação de Castro é tanto mais compreensível quanto maior é a dependência externa de Cuba, como as remessas dos emigrantes cubanos e os subsídios de petróleo fornecidos pela Venezuela.
Mas com a queda do preço do petróleo, e com a cada vez maior instabilidade que se vive no país de Nicolas Maduro, a economia cubana sente-se pressionada e esperava ansiosa pelo impulso de uma maior aproximação aos Estados Unidos, depois da visita de Obama ao país, mas a recente vitória de Donald Trump vem abrir mais uma frente de incerteza em Cuba.
É precisamente neste contexto que existem hoje intenções de investimento português em Cuba. Ainda recentemente, o presidente da Câmara de Comércio Portugal-Cuba, Américo Castro, revelou que existem protocolos assinados com empresas portuguesas no valor de 30 milhões de euros. “Já se celebraram diversos memorandos de entendimento com empresas portuguesas que querem investir em Cuba, da indústria de moldes plásticos, de componentes para automóveis (cerca de 12 milhões de euros), na área do papel (cerca de 10 milhões) e na indústria da construção (cerca de dois milhões)”.
São precisamente estes os pontos que juntam a avaliação da Heritage Foundation e da agência de rating Moody’s, com data de dezembro do ano passado. A agência, aliás, reviu em alta a perspetiva de Cuba de estável para positivo: Caa2.
Na referida nota, a Moody’s explica a mudança de ‘outlook’: a diminuição da dependência à Venezuela e de uma maior aproximação com os Estados Unido. Ainda assim a Moody’s afirmava que a devido à redução dos fluxos de comércio e do investimento da Venezuela para Cuba, o crescimento económico cubano desacelerou significativamente para 1%, quando em 2013 era de 2,7%. A agência de ‘rating’ mostrava-se esperançada na gradual diminuição das sanções económicas pelos Estados Unidos podendo estas servirem de “amortecimento” à perda da influência económica da Venezuela.
A Moody’s destaca ainda o aumento da atividade turística o que tem vindo a melhorar as perspetivas económicas do país, com a aproximação entre os Estados Unidos e Cuba a aumentaremos fluxos de turismo em quase 16%. Face a esses dados a Moody’s reviu mesmo a previsão de crescimento do PIB real para Cuba para 3,5% em 2015, e para 3% em 2016, enquanto o governo estimava um crescimento de 4% para este ano.
Já a Heritage Foundation é mais crua na análise. Para aquela fundação internacional, “a economia de Cuba permanece reprimida pela ineficiência sistémica e deficiência institucionais características de um regime comunista”.
Aquele organismo adianta que o PIB cubano é de 134,3 mil milhões de dólares, conta com 11,2 milhões de habitantes e um tem um PIB per capita de 11.950 dólares.
Aquela instituição aponta ainda o dedo à corrupção que “continua a ser um problema sério, com ilegalidades generalizadas” que impedem a atividade empresarial privada, com grande parte da economia cubana a ser controlada pelo Estado. A instituição recorda que a liberdade de circulação é restrita, apenas as empresas estatais podem estabelecer parcerias com estrangeiros, e mesmo nesse caso estes têm que ser sócio minoritário.
A Heritage alerta ainda para o fato da economia centralmente planificada ser uma barreira à entrada de investimento internacional e do livre fluxo de comércio.
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