Há um conjunto de pequenos partidos, de todo o tipo de ideologias, que nunca tiveram assento no Parlamento Europeu. Dar uma oportunidade, a quem nunca a teve, parece-me um bom princípio.

A Europa está melhor do que nunca.

O pesadelo do Brexit está ultrapassado. Os Estados Europeus estão agora, todos, cada um na sua diferença, unidos em torno de um mesmo propósito e comprometidos num mesmo objectivo de fundo. Enfim, a União Europeia está, agora, unida de facto. E, por isso, apresenta-se nitidamente mais forte. De tal forma que Trump e Putin olham já com respeito para esta Europa, já não se ouvem as suas gargalhadas à Berardo. Paralelamente, a matéria dos refugiados está perfeitamente arrumada. O populismo e os seus movimentos políticos extremistas, de esquerda e de direita, já não são um perigo. A desigualdade, está em vias de extinção. E nada disto admira, se olharmos ao incontestável carisma dos actuais líderes Europeus.

Portugal? Melhor ainda.

Mesmo que tenhamos descido um lugarzito ou outro, segundo o Eurostat, a verdade é que crescemos acima da média Europeia. Ora, se a União Europeia se apresenta neste estado maravilhoso, e Portugal está ainda acima da sua média, não há razão para nós portugueses não estarmos felizes e orgulhosos.

Os números dizem que estamos bem. Melhor ainda do que a Europa que, já sabemos, está melhor do que nunca. E, em paralelo, a realidade prova-o, todos os dias, com os milhares de portugueses que saem da pobreza. Sem sequer terem de emigrar, note-se. O nosso sistema de pensões é o mais invejado do mundo. A igualdade de género está cumprida. O princípio da Igualdade está plenamente atingido. Aliás, exemplarmente, quando se compara a função pública ao sector privado. E o trabalho sério feito pela classe política no sentido de construir uma vacina para a corrupção erradicou a grande epidemia. Notável.

E, se está tudo tão bem, que fazer no próximo dia 26? Manter tudo na mesma. Evidente.

Resumindo, se costuma votar, vote no mesmo sentido em que costuma fazê-lo. Se não costuma votar, deixe-se ficar assim confortável. Aliás, em última análise, independentemente do que é costume fazer em matéria de voto, se acha mesmo que tudo está muito bem, pode sempre ‘pular’ a chatice de pôr a cruz no boletim e a maçada de ter de pensar sobre o assunto. Porque é sabido que não fazer nada é a forma mais segura de perpetuar o estado de coisas.

E largo, aqui, a ironia. O que é por demais evidente é que, se queremos contribuir para mudar o estado das coisas, temos de mudar alguma coisa na nossa forma de fazer as coisas.

Não se deixe enganar: O nosso país decide-se, efectivamente, na União Europeia. É incontestável. Em matérias basilares que definem o dia a dia de todos e de cada um dos portugueses. Desde logo, toda a linha de orientação da nossa política económica. As nossas metas orçamentais ou o grau de razoabilidade do défice. Se assim não fosse, nunca, por vontade própria, um Governo de esquerda, sustentado parlamentarmente em dois partidos de extrema-esquerda, aceitaria ser o responsável pela maior carga fiscal da nossa democracia, certo?

Posto isto, partilho do desânimo que a classe política, nacional e europeia, inspira. E percebo o sentimento, transversal a todas as gerações, de que nada vai mudar, pelo menos para melhor, seja qual for o quadrado em que pusermos a cruz. Mas nem um nem outro podem ser desculpa para ser desistente. Porque votar é direito, sim, mas também é dever, lembra-se?

Por mim, desta vez, vou fazer diferente. Na esperança de contribuir para um resultado diferente. Há um conjunto de pequenos partidos, de todo o tipo de ideologias, que nunca tiveram assento no Parlamento Europeu. Nenhum deles tem nada a perder em termos de poder pela simples razão de que o não têm de todo. Por esse motivo, podem dar-se ao luxo de fazer diferente, de serem disruptores. Dar uma oportunidade, a quem nunca a teve, parece-me um bom princípio. Em paralelo, é a minha forma de dizer claramente aos Senadores do Regime que não estou satisfeito com a sua prestação. Quero muito mais que isto para Portugal.

Ter Greta Thunberg, uma jovem de 16 anos que luta diariamente a favor da tomada de políticas ambientais que garantam a sobrevivência do nosso planeta, como capa da Time é inspirador. É inspirador mas, ao mesmo tempo, triste. É triste ver alguém tão jovem a defender uma tomada de posição necessária à sustentabilidade de um planeta que é de todos. Que se use o exemplo de Greta não só para a sustentabilidade ambiental mas também para a Sustentabilidade Democrática que da nossa participação política tanto depende.

Domingo é o primeiro dia do resto do nosso futuro. Mais do que decidir o nosso País, decide-se a nossa Democracia, a nossa Europa, o nosso Mundo. Não votar é um voto efectivo nos interesses estabelecidos e nos partidos extremistas. Para que mediocridade prevaleça basta que o eleitor não vote*.

Até domingo.

*Perdoem-me adaptação livre que fiz da conhecida máxima: «The Only Thing Necessary for the Triumph of Evil is that Good Men Do Nothing», atribuída ao que parece, pelo menos pela internet, a Edmund Burke…

Nota: Por opção própria, o autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.

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