Está por criar um modelo de gestão no Baixo Mondego, diz Ordem dos Engenheiros
Ordem dos Engenheiros criticou o facto de estar por criar "há décadas" um modelo de gestão do empreendimento Baixo Mondego que foi concebido para o controle de cheias que afetam ciclicamente o vale.
A Ordem dos Engenheiros criticou esta terça-feira o facto de estar por criar “há décadas” um modelo de gestão do empreendimento do Baixo Mondego que foi concebido para o controle de cheias que afetam ciclicamente o vale.
“Desde há décadas que está por criar um modelo de gestão deste empreendimento, o que leva a que muitos usufruam e poucos contribuam para a sua conclusão, manutenção, busca de investimentos e demais responsabilidades”, afirmou esta terça-feira a Ordem dos Engenheiros, em comunicado enviado à agência Lusa.
A Ordem recordou que o empreendimento do Baixo Mondego “foi criado para o controle das cheias que sempre ocorreram e afetaram Coimbra e o Vale do Mondego”, tendo para isso sido construídas as barragens da Aguieira e Raiva (no Mondego) e a barragem de Fronhas (no rio Alva).
O rio Ceira continua por controlar e no rio Arunca faltam ainda algumas obras de regularização, notou, salientando que ainda se está “perante uma obra inacabada, que foi concebida para funcionar no seu todo e que urge concluir ou, no limite, revisitar a sua conceção”.
Para a Ordem dos Engenheiros, tem de ser criada uma unidade gestora, tal como aconteceu no Alqueva, por forma a assegurar “a gestão, a conclusão, a monitorização, a manutenção e a defesa dos diversos stakeholders [agentes], a partir da definição de um modelo de calendarização e financiamento sustentável”.
Segundo a Ordem, um modelo de gestão para aquele empreendimento “nem sequer tem merecido qualquer discussão”, considerando que “apontar o dedo à falta de manutenção é apontar o dedo à incúria do Estado que não canaliza os impostos dos contribuintes nacionais para apoio dos beneficiários locais”.
“A falsa sensação de que o sistema de diques que materializou a artificialização do leito natural do Mondego pode garantir ilimitadamente a segurança das povoações e bens ribeirinhos tem sido ciclicamente posta em causa, por razões sobejamente conhecidas e que interessam resolver”, vincou.
Os efeitos do mau tempo da semana passada, na sequência das depressões Elsa e Fabien, provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.
O mau tempo levou também a condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, danos na rede elétrica e a subida dos caudais de vários rios, provocando inundações em zonas ribeirinhas das regiões Norte e Centro, em particular no distrito de Coimbra.
No rio Mondego, a rutura de dois diques provocou cheias em Montemor-o-Velho, onde várias zonas foram evacuadas e uma grande área, incluindo muitas plantações, estradas e o Centro de Alto Rendimento, ficou submersa.
A situação começou a ter esta terça-feira os primeiros sinais positivos de melhoria e diminuição do grau de risco, segundo a Proteção Civil, que se mantém, contudo, em alerta e reconhece estar em causa uma intensa e longa operação de recuperação.
O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão (PS), pediu ao Governo a disponibilização de meios para obras urgentes nos dois diques, depois de o executivo ter dado um prazo de dois meses para a recuperação das infraestruturas.
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