CT da TAP contra prémios em ano de prejuízos vai questionar Governo na 5.ª-feira

  • Lusa
  • 19 Fevereiro 2020

"A CT não é contra os trabalhadores terem prémios, mas achamos que esses prémios não devem ser atribuídos num ano em que a TAP tem um resultado muito deficitário", disse a coordenadora da CT.

A Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP disse esta quarta-feira estar contra a atribuição de prémios num ano em que se prevê uma situação económico-financeira “muito deficitária”, garantindo que vai questionar o Estado na quinta-feira sobre esta política.

“A CT não é contra os trabalhadores terem prémios, mas achamos que esses prémios não devem ser atribuídos num ano em que a TAP tem um resultado muito deficitário”, notou a coordenadora deste órgão, em declarações à Lusa. Cristina Carrilho lamentou ainda que os prémios apenas sejam atribuídos à administração e às direções, quando são os trabalhadores que ajudam estes órgãos a cumprir os seus objetivos, acrescentando que, mais do que prémios, o ideal seria que a empresa optasse por atribuir aumentos salariais.

Em declarações ao Observador, o acionista de referência da TAP, David Neeleman, disse, recentemente, que os prémios vão continuar a ser pagos, apesar dos prejuízos registados.

Por sua vez, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, considerou hoje, numa audição parlamentar, ser “inaceitável” e uma “falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores” a atribuição de prémios quando se registam prejuízos. Porém, o governante ressalvou que, apesar de o Estado ter a maioria no Conselho de Administração, a gestão é totalmente privada e a atribuição de prémios é uma decisão da gestão.

Conforme apontou a coordenadora da CT da TAP, a “pseudo-venda” da transportadora a David Neeleman foi apresentada como a solução para salvar a companhia aérea, porém, desde aí, a empresa “tem vindo a afundar”, apesar da compra de novos aviões e da contratação, sobretudo, de pessoal de bordo. No entanto, até agora, os trabalhadores não questionaram a administração sobre as afirmações de Neeleman, uma vez que esta remete todos os assuntos relacionados com este administrador para o próprio ou para o Ministério das Infraestruturas.

“Ainda não reunimos com a administração. No entanto, sempre que reunimos e levamos assuntos relacionados com o senhor Neeleman, eles remetem para o próprio ou para o Ministério [das Infraestruturas]. Vamos, uma vez que temos reunião amanhã [quinta-feira], inquirir o Ministério”, explicou. A reunião de quinta-feira vai decorrer, em Lisboa, com Frederico Pinheiro, adjunto do gabinete de Pedro Nuno Santos.

Questionada sobre as medidas que os trabalhadores pretendem levar a cabo caso a empresa siga esta política, a coordenadora referiu que ainda não houve tempo para perceber “qual é o sentimento dos trabalhadores” perante as recentes afirmações do Governo e de Neeleman, mas sublinhou que, “com certeza, será de desagrado”.

Segundo o ECO, a TAP voltou a registar prejuízos acima de 100 milhões de euros em 2019, próximos dos 118 milhões de 2018, resultados que vão ser divulgados na quinta-feira. Nos primeiros nove meses do ano passado, a TAP registou prejuízos acumulados de 111 milhões de euros que atribui a “variações cambiais sem impacto na tesouraria”, de acordo com um comunicado divulgado em novembro. A empresa tinha registado quase 120 milhões de euros em prejuízos nos primeiros seis meses de 2019.

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