Covid-19: Crescimento e dívida de Angola vão ser “drasticamente” revistos, aponta a Oxford Economics
Além de ter antecipado uma recessão superior a 2% em Angola, a consultadora antecipa que o país será obrigado a recorrer a investimentos externos e mais financiamento do FMI para financiar as contas.
A consultora Oxford Economics anunciou que vai rever “drasticamente em baixa” as previsões económicas para Angola, antecipando para este ano uma recessão maior que 2% e um desequilíbrio negativo na balança orçamental e corrente.
“Vamos rever drasticamente em baixa a previsão de crescimento económico e as métricas da dívida, já que esperamos que o crescimento económico registe uma contração de mais de 2% em 2020 e que o saldo orçamental e corrente registe défices, ao invés dos excedentes que prevíamos”, lê-se na análise enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso.
No documento, a Oxford Economics sugeriu que Angola está a enfrentar uma espécie de ‘tempestade perfeita’, com a quebra dos preços do petróleo exacerbada pela guerra de preços entre a Rússia e a Arábia Saudita, a redução drástica do comércio internacional e da procura de petróleo, a que se junta o corte decretado na atividade económica local por via das restrições à mobilidade para conter a propagação do novo coronavírus.
“Enquanto estiver em efeito, o fecho de fronteiras vai ter um efeito adverso significativo, embora talvez temporário no comércio e na atividade económica e vai empurrar os preços para cima devido à escassez”, apontaram os analistas.
No texto, os analistas lembraram que “a guerra de preços no petróleo é um golpe devastador para a economia, já que os hidrocarbonetos valem 96% das exportações, cerca de 33% do PIB e 60% da receita governamental”, concluindo que o apoio contemplado no programa de assistência do Fundo Monetário Internacional não vai ser suficiente para “salvar a economia das consequências da guerra de preços”.
Angola obrigada a endividar-se mais para reagir à pandemia
Perante este cenário, a Oxford Economics considerou que Angola vai ser obrigada a recorrer a investimentos externos, mais financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), emissões de dívida soberana e ajuda externa para financiar as contas públicas durante a crise.
Para a Oxford Economics, depois da Fitch, no princípio do mês, e a da S&P, mais para o fim de março, também a Moody’s deverá baixar o ‘rating’ nos próximos tempos.
“É razoável antecipar que a habitualmente mais lenta Moody’s também corte o ‘rating’ em um nível nos próximos meses”, concluíram os analistas.
Na sexta-feira, a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, reconheceu a dimensão do problema que o país enfrenta, tendo anunciado que ia lançar um orçamento retificativo que contempla o preço do petróleo abaixo dos 35 dólares, face aos 55 previstos para este ano, e que a economia dificilmente escapará a mais um ano de crescimento negativo, anunciando igualmente um conjunto de medidas para enfrentar a crise económica.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 413 mil infetados e mais de 26.500 mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 11.591 mortos em 101.739 casos confirmados até esta terça-feira.
O número de mortes em África subiu para pelo menos 152, com 4.871 infetados acumulados em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia divulgadas pelo Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) da União Africana.
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