Moody’s baixa outlook da banca portuguesa para negativo
A agência de notação financeira colocou o outlook da banca portuguesa em "negativo", a par da Noruega, Finlândia e Hungria e Eslováquia, devido aos efeitos da pandemia.
A Moody’s revisitou o rating dos sistemas bancários europeus e decidir colocar o outlook de cinco desses em “negativo”, devido aos efeitos da crise pandémica. Portugal é um dos alvos desses cortes de avaliação, a par da Noruega, Finlândia, Hungria e Eslováquia, revela uma nota da agência de notação financeira divulgada nesta quinta-feira.
“Mudámos o nosso outlook para o sistema bancário português de ‘estável’ para ‘negativo'”, começa por dizer a nota dedicada a Portugal, com a agência de notação financeira a considerar que a pandemia “corrói a qualidade dos ativos e rentabilidade” da banca nacional.
“Esperamos que a qualidade dos ativos e a rentabilidade dos bancos portugueses se deteriorem nos próximos 12 a 18 meses, à medida que a economia se contrai em resposta às restrições governamentais destinadas a controlar a disseminação do coronavírus”, considera a Moody’s, alertando ainda que a “conjugação de medidas de apoio governamental mitigarão apenas parcialmente o impacto económico adverso“.
Neste sentido, a agência norte-americana antecipa que o risco dos ativos irá subir. “Os empréstimos problemáticos dos bancos portugueses aumentarão à medida que a interrupção económica reduzir a capacidade de pagamento de famílias e empresas”, alerta a Moody’s, considerando que “a escala do aumento dependerá da duração da crise” e que “as medidas de apoio do Governo fornecerão alguma melhoria”, mas “não serão suficientes para compensar o impacto adverso na qualidade dos ativos”.
Apesar do alívio temporário dos requisitos em termos de requisitos de capital, a Moody’s considera que a capacidade de geração de capital dos bancos portugueses “irá cair à medida que a rentabilidade diminua”, prevendo ainda que estes possam reportar perdas que corroerão o respetivo capital, caso ocorra uma perturbação económica prolongada.
Bancos com margem limitada para compensar redução de custos
“A rentabilidade dos bancos portugueses diminuirá devido ao menor volume de empréstimos e à contínua pressão sobre os lucros devido às baixas taxas de juros“, antecipa ainda a agência de rating, prevendo simultaneamente que a atividade mais fraca e os mercados financeiros em queda diminuirão as suas receitas com comissões e que os créditos problemáticos crescentes aumentarão as suas provisões para perdas. “O aumento nas provisões para perdas com empréstimos será maior quanto mais tempo a crise induzida pelo coronavírus persistir”, volta a insistir a Moody’s, lembrando que “os bancos portugueses têm margem limitada para contrabalançar reduções de custos“.
Em termos positivos, é salientado que graças à combinação da recente desalavancagem e a respetiva robusta base de depósitos, as necessidades de financiamento dos bancos nacionais é baixa. Face a isso, a Moody’s diz que, apesar de as condições do mercado de financiamento se terem deteriorado em resultado do surto de coronavírus, “as medidas do governo e do banco central para apoiar a liquidez reduzirão o risco de refinanciamento”. Mas diz que o requisito mínimo da União Europeia para fundos próprios e passivos elegíveis (MREL) “forçará, com o tempo, os bancos a emitir mais instrumentos de dívida com absorção de perdas”.
A Moody’s diz ainda que continua a assumir uma “probabilidade moderada de apoio do governo aos dois maiores bancos de Portugal”.
(Notícia atualizada às 9h45)
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