Investidores reforçam aposta na queda do petróleo
Manutenção dos níveis recorde de produção da OPEP leva gestores de ativos a acelerar posições 'bearish' no investimento em petróleo para o ritmo mais elevado em mais de um ano.
Os investidores mostram-se pouco confiantes que os países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) consigam chegar a um acordo que permita “ressuscitar” os preços do petróleo. Segundo dados da Bloomberg, a escassos dias do encontro entre os países membros do cartel na Argélia, os gestores de ativos aceleraram as posições curtas (aposta na queda das cotações) sobre o petróleo ao ritmo mais acentuado em mais de um ano.
Os gestores de ativos elevaram as suas apostas na queda do petróleo para metade, numa altura em que os países produtores de petróleo continuam a bombear a matéria-prima a níveis recorde. Depois de o preço do “ouro negro” ter subido até aos 47,62 dólares/barril (crude transacionado em Nova Iorque) nos primeiros dias deste mês – quando responsáveis da OPEP se desdobravam em encontros em capitais como Viena, Paris ou Moscovo numa tentativa de chegar a consenso – as recentes palavras da Arábia Saudita no sentido da fraca possibilidade disso vir a acontecer refreou o ímpeto altista das cotações. “A retórica em torno do encontro soa a oco”, acrescentou o mesmo responsável.
"Aquilo que eles dizem e fazem [os países produtores de petróleo] é completamente diferente desde que continuem a aumentar a produção”
A fraca confiança em torno de um consenso que permita travar o gap existente entre a o excesso de produção e o consumo de petróleo, é o argumento que suporta que na semana que terminou a 20 de setembro, os gestores de fundos tenham subido, em 50.558 futuros e opções, as suas posições curtas sobre o crude transacionado em Nova Iorque, de acordo com dados da Commodity Futures Trading Commission. Já as apostas na subida dos preços do “ouro negro” caíram pela quarta semana consecutiva, o que corresponde ao ciclo de quedas mais prolongado dos últimos 14 meses. Em termos globais, as posições curtas sobre o petróleo West Texas Intermediate (WTI) subiram para 151.637 futuros e opções, enquanto as posições longas caíram 1,9% para o nível mais baixo desde julho. As posições líquidas resultantes baixaram 28%.
Mais petróleo a ser bombeado
Os mais recentes números sobre a produção de petróleo ilustram a diferença entre as palavras e os atos dos diferentes países produtores da matéria-prima. A produção de petróleo colocada no mercado global, este mês, cresceu em mais de 800 mil barris/dia, num período marcado pelo aumento da produção russa e pelo restabelecimento do fornecimento da Líbia e da Nigéria. Segundo antecipou a Agência Internacional de Energia a 13 de setembro, o excedente global no mercado de petróleo, que era esperado recuar este ano, deverá durar até ao final de 2017.
Apesar dos sinais negativos, as cotações do petróleo valorizam hoje nos dois lados do Atlântico. Enquanto o preço do barril de crude transacionado em Nova Iorque avança 3,01%, para os 45,83 dólares, o brent negociado em Londres acelera 3,07%, para os 47,3 dólares por barril.
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