Instituto Coordenadas defende que Governo espanhol “não pode marginalizar pagamentos em numerário”
A posição surge após uma recomendação oficial da Secretaria de Estado do Comércio de incentivar o pagamento com cartões.
O Instituto Coordenadas de Gobernanza y Economía Aplicada defendeu nesta quarta-feira que o Governo espanhol “não pode marginalizar o pagamento em numerário”, referindo-se ao código de boas práticas para o setor do retalho divulgado pela Secretaria de Estado do Comércio espanhola, que recomenda incentivar o pagamento com cartões.
Em comunicado enviado à imprensa, a instituição defende que “não faz sentido alterar o quotidiano de milhões de cidadãos que dependem quase exclusivamente deste meio de pagamento” e ressalta que o Governo central deve adotar “uma postura de defesa decisiva da moeda corrente, do dinheiro de todos”.
Segundo a sua análise, o Executivo espanhol não deve fazer esse “incentivo oficial” aos meios de pagamento eletrónicos, “controlados desde fora nas suas operações” e “sem controlo fiscal das autoridades nacionais”.
Nesse sentido, o Instituto sustenta que atualmente o negócio dos meios de pagamento é “um oligopólio controlado por um pequeno número de empresas e instituições”, que acumulam “imenso poder sem qualquer controlo por parte dos governos nacionais” e alerta para o “perigo” que isso implica “mesmo para conceitos básicos como a soberania”.
Como tem defendido desde a propagação da pandemia, o Instituto de Coordenadas reafirma que “não há evidência de que as moedas e as notas sejam veículos de propagação do contágio” e recordou as propostas da OMS, do Banco Central Europeu e de outros bancos nacionais, como o Bundesbank, o Bank of England, o Bank of Canada e o Bank of France.
Assim, o Instituto Coordenadas não entende a insistência do Governo em “demonizar” o numerário quando o próprio Banco de Espanha garantiu oficialmente que “não há perigo de contágio pela sua utilização, com benefício impróprio dos operadores de dinheiro de plástico”.
População sem pagamento eletrónico
A análise lembra que um segmento “importante” da população espanhola carece de hábitos de utilização dos meios de pagamento eletrónico, mantendo o hábito enraizado de pagar em numerário e sublinha que “qualquer insistência por parte dos meios oficiais para restringir a sua utilização está a alterar seriamente a vidas destas pessoas sem justificação científica ou sanitária”.
Nesse sentido, refere ainda que são várias as camadas sociais de idosos que não estão habituadas aos meios de pagamento eletrónicos e em áreas rurais com uma infinidade de pequenas empresas onde os terminais de multibanco são escassos, “estão a sentir dificuldades e riscos de exclusão social acrescidos além dos já trazidos pela pandemia”.
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