Lisboa (des)confinada. Antes e depois da fase crítica da pandemia

Dois meses e meio separam o normal do "novo normal". E esse é também o período que separa estas imagens do antes e depois. Aos poucos, Lisboa começou a sair à rua.

Dos primeiros dias do estado de emergência declarado por Marcelo Rebelo de Sousa, à fase de desconfinamento (quase total), passaram cerca de dois meses e meio. Mais de 70 dias, entre março e junho. Lisboa parou, fechou, confinou e começou gradualmente a voltar a abrir e a ganhar vida em maio, depois do isolamento forçado.

Aos poucos, e de uma forma faseada, começaram a abrir os pequenos espaços comerciais, lojas, serviços, restaurantes, monumentos e espaços culturais. Enquanto os turistas não regressam, foram os lisboetas que começaram a sair à rua para comprar aquilo que não puderam comprar durante o isolamento, fazer exercício ou simplesmente, apanhar ar, que o teletrabalho é algo que veio para ficar.

Mas o desconfinamento faz-se a ritmos diferentes. Nos bairros residenciais corre-se atrás do tempo perdido. Há mais gente na rua e a retoma da vida normal vai ganhando força. Mas à medida que nos aproximamos da frente ribeirinha, na baixa lisboeta, a dinâmica da retoma também corre…mais devagar. O Cais das Colunas já não está vedado e agora é possível voltar a sentir o Tejo. Mas ainda poucos o fazem.

Umas ruas mais acima, Fernando Pessoa, “sentado” à porta da Brasileira, tem novamente companhia na esplanada. Ainda assim, há cadeiras vazias, coisa rara antes da pandemia. Foram mais de dois meses sem ver ninguém e sem o movimento das pessoas que descem do Largo do Chiado para a Rua Garrett. Que escreveria Pessoa sobre estes novos tempos de “desassossego”?

Na Rua do Carmo, também já há movimento. Mas a agitação esbarra nas filas para entrar nas lojas de roupa, recentemente abertas, à espera dos clientes que vêm agora em busca das promoções. Filas de um lado, filas do outro, sempre em distanciamento social, numa rua que em tempo de pandemia esteve deserta. Apenas os pombos por lá passavam.

Em março e abril, meses do pico da pandemia, era possível andar dezenas de metros na Rua da Prata sem ver nenhum carro. Mas na estrada. Literalmente. Agora, a experiência seria muito mais arriscada. Já há carros e elétricos a circular na rua que liga o Terreiro do Paço à Praça da Figueira. Já há pessoas e restaurantes de portas abertas nas artérias que circundam a Rua Augusta. As esplanadas ganharam vida mas ainda aquém do esperado e…do necessário para a retoma. “Agora é preciso trabalhar uma semana para faturar aquilo que fazíamos num dia”, desabafa um empregado de um restaurante nas redondezas.

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