Descobri o Tik Tok e o David Lynch. E o fim da cultura da influência?

Se procurarmos as regras para a entrada das marcas nestes vídeos que duram escassos segundos, percebemos que a regra é não ter regra. Passámos dos catchy jingles às catchy song’s.

Demasiado tarde talvez, mas só esta semana descobri o Tik Tok. Para uma Xennial estava difícil entender a rede social dominada pela geração Z e que está a conquistar também cada vez mais os millennials. Mas fiz e partilhei vídeos com música, coreografias e claro com uma Z ao meu lado, com uma body language toda ela Tik Tok e difícil de acompanhar.

A verdade é que a quarentena trouxe-lhe um crescimento nunca registado, há dados que apontam que é a app com mais downloads de sempre num trimestre, neste caso no primeiro de 2020. Claro, em muito impulsionado pelo mercado chinês – onde nasceu, o primeiro a ficar confinando e com tempo para explorar e criar conteúdos, neste caso de entretenimento.

Como se costuma dizer, as tendências são hoje a moeda da internet e assim sendo, o Tik Tok está em alta ao ter os conteúdos mais virais do momento e com mais de 800 milhões de utilizadores ativos diários. “Have no fear: Just go in there and create, and partner with the people on the platform. At the end of the day, it’s all a means of self-expression” dava como conselho Kory Marchisotto, CMO da e.l.f. Cosmetics, em entrevista à Adweek. “Know your brand’s superpowers. Find a unique path to disruption. Adapt. Learn and optimize every day and have no fear in your ability to adapt”. Recorde-se que a marca de beleza foi das primeiras a investir sem medo na rede, em outubro passado com uma campanha e a música original “Eyes. Lips. Face.” E os dias de hoje, parece que passam por aqui, ou seja, se falarmos de crescimento, nova audiência, relevância e influência – o que as marcas hoje procuram, uma app dominada por uma audiência que até aqui achávamos que era coisa só para os miúdos. Mas que permite ao consumidor/utilizador ser co-criador de conteúdos.

Se procurarmos as regras para a entrada das marcas nestes vídeos e danças que duram escassos segundos, percebemos que a regra é não ter regra. Diz-se por isso que é a mais democrática e eu acrescentaria inclusiva de todas: bons ou maus, seja no que for, cabemos lá todos. E mais do que a hashtags, reage-se a músicas e por consequência a emoções, todo um campo interessante de explorar por parte das marcas.

Passámos dos catchy jingles das tradicionais campanhas às catchy song’s do Tik Tok. E as estatísticas são de impressionar qualquer marketeer: os utilizadores passam em média 45 minutos na app e abrem-na cerca de 8 vezes por dia; a sua instalação cresce 96% ao ano e a média de engagement por mês ronda os 70%; a marca CoverGirl teve mais de 6.5 mil milhões de contactos numa campanha patrocinada no Tik Tok… e podíamos continuar. Oportunidades para as marcas? Talvez seja de arriscar, saindo da zona de conforto que já têm em redes como o Facebook e Instagram, e ver qual a melhor estratégia para entrarem também na rede onde a influência se constrói a cada minuto.

Quem também anda a experimentar é David Lynch. Mas claro, ao seu estilo e, neste caso, salta ele próprio para o ecrã do Youtube. Lynch acaba de lançar uma série a que chamou: “What Is David Working on Today?” e no mais recente episódio a que já chamaram “uma espécie de crossover”, o realizador de Twin Peaks, ao género de uma masterclass ensina a instalar um suporte de microfone para melhorar o áudio das suas já conhecidas previsões meteorológicas. Um canal onde também recentemente mostrou a sua solidariedade para com o movimento Black Lives Matter.

E tudo se cruza, numa única semana, onde também nos cruzamos com artigos que apontam para o fim da cultura da influência. Uma questão levantada precisamente a propósito dos protestos que se têm espalhado pelo mundo. Um mundo onde o que parece ser -não o é, e onde uma simples publicação pode ajudar a questionar o fim dos influenciadores tal como os conhecemos, focados na imagem e não “na substância”.

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