Merkel, Macron e Von der Leyen otimistas sobre possível acordo hoje
Líderes das maiores economias do euro estão otimistas quanto a um acordo sobre o Fundo de Recuperação, ainda esta segunda-feira. David Sassoli está preocupado com a falta de solidariedade europeia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostraram-se esta segunda-feira otimistas à chegada ao Conselho Europeu, afirmando existirem “passos na direção certa”, com um “enquadramento para um possível acordo” esta tarde. Ao mesmo tempo, o presidente do Parlamento Europeu diz estar preocupado com a falta de solidariedade europeia e a erosão do método comunitário.
“Ontem [domingo] à noite, após longas negociações, elaborámos um enquadramento para um possível acordo. Isto é um passo em frente e dá-nos esperança de que um acordo possa ser alcançado hoje [segunda-feira], ou pelo menos que um acordo seja possível”, afirmou Angela Merkel, em declarações prestadas à entrada para ser retomada a cimeira extraordinária de líderes europeus, em Bruxelas, dedicada à resposta comunitária à crise gerada pela Covid-19.
Depois de mais de 20 horas de negociações no domingo, mais à margem do que em plenário, e de os trabalhos formais terem sido interrompidos já de madrugada, os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) voltam a sentar-se à mesa esta tarde, com Angela Merkel a mostrar-se otimista sobre a base negocial agora em cima da mesa, que prevê a atribuição de 390 mil milhões de euros aos países em subsídios a fundo perdido.
Lembrando a proposta franco-alemã, que propunha um montante de 500 mil milhões de euros em subvenções, a chanceler considerou que este documento “deu o impulso para um pacote realmente substancial nesta situação excecional”. E, a seu ver, “foi por isso que foi possível chegar a acordo para uma proporção considerável de subvenções”, argumentou Angela Merkel.
Considerando ser “evidente que haveria negociações incrivelmente duras” neste Conselho Europeu, que irão prosseguir esta tarde, a responsável disse ainda esperar que “o fosso que resta possa ainda ser colmatado”, embora admitindo que tal “não será fácil”.
Também o presidente francês manifestou confiança num acordo sobre o plano de relançamento europeu, afirmando que sente um “espírito de compromisso” entre os 27 após “momentos muito tensos” durante as negociações. Macron observou que foi possível durante a última madrugada “avançar bastante a nível das regras de funcionamento do Fundo de Recuperação”, assim como do “montante global do fundo e a parte das subvenções, que foi o assunto mais sensível, sem dúvida, dos últimos dias, das últimas horas”.
Ao mesmo tempo, também a a presidente da Comissão Europeia se manifestou otimista, indicando que apesar de os 27 “ainda não terem lá chegado”, a um acordo, “as coisas estão a avançar na direção certa”. “Após três dias e três noites de maratona de negociações, estamos agora a entrar na fase crucial”, frisou a também alemã.
Ursula von der Leyen afirmou, ainda, ter a “impressão de que os líderes europeus querem realmente um acordo”. “Eles mostraram a vontade clara de encontrar uma solução e nós precisamos de uma solução […]. Estou positiva em relação ao dia de hoje”, concluiu Ursula von der Leyen.
Sassoli segue com preocupação maratona negocial
Também esta segunda-feira, o presidente do Parlamento Europeu disse estar preocupado com a falta de solidariedade europeia e a erosão do método comunitário, advertindo o Conselho Europeu que os cidadãos esperam um acordo ambicioso no final da maratona negocial em curso.
“Após dias de discussões, os cidadãos europeus aguardam um acordo que esteja à altura deste momento histórico. Estamos preocupados com um futuro em que a solidariedade europeia e o método comunitário se percam”, declarou David Sassoli, num momento em que permanece o impasse nas negociações entre os líderes dos 27, no Conselho Europeu iniciado na sexta-feira em Bruxelas, consagrado ao plano de relançamento europeu para superar a crise da covid-19.
Na declaração divulgada em Bruxelas, Sassoli reitera que “o Parlamento Europeu fixou as suas prioridades e espera que as mesmas sejam cumpridas”, apontando designadamente que o compromisso a que os líderes chegarem tem de prever um orçamento plurianual que também dê resposta aos desafios que a Europa enfrente no médio prazo, como o Pacto Ecológico, a digitalização, a resiliência da economia e o combate às desigualdades.
“São necessários imediatamente novos recursos próprios e também necessitamos de medidas que assegurem a efetiva defesa do Estado de direito. Além disso, o Parlamento também já apelou por diversas vezes ao fim dos ‘rebates’”, apontou, referindo-se aos descontos de que os grandes contribuintes líquidos beneficiam, e que é uma das questões em discussão na cimeira.
Reunidos desde sexta-feira de manhã, os líderes europeus não lograram ainda chegar a um acordo sobre o próximo quadro orçamental para 2021-2027 e o Fundo de Recuperação, os pilares do plano de relançamento da economia europeia para superar a crise da covid-19.
Sánchez quer acordo “nas próximas horas”
O chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, “encorajou” os seus homólogos, reunidos em Conselho Europeu, a chegarem a acordo sobre o pacote europeu para superar a crise da covid-19, justificando o impasse com a dimensão da ajuda.
“Encorajo os líderes do Conselho Europeu para que possamos chegar, durante o dia de hoje, a um acordo, o que será, sem dúvida, muito bom para os cidadãos, para as empresas e para os mercados financeiros”, declarou Pedro Sánchez, falando à entrada para a cimeira extraordinária, em Bruxelas.
Num momento em que permanece o impasse nas negociações entre os líderes dos 27, no Conselho Europeu iniciado na sexta-feira em Bruxelas, consagrado ao plano de relançamento europeu após a crise gerada pela pandemia, Pedro Sánchez argumentou que a cimeira vai no quarto dia – quando tinha apenas dois previstos – porque “este é um passo muito importante que a União Europeia vai dar para dar uma resposta forte, à altura do desafio gigante que existe pela frente nos próximos anos, tanto enquanto sociedade, como projeto comum”.
Frisando que, “durante estes dias, Espanha manteve uma posição construtiva”, visando um compromisso entre os 27 chefes de Governo e de Estado da UE, Pedro Sánchez apelou a que tal acordo seja conseguido “nas próximas horas”. “Todos devemos estar conscientes de que existe um público europeu preocupado com a evolução da pandemia e uma crise que não foi completamente resolvida” e ao qual deve ser dada uma resposta que proporcione “certeza, paz de espírito, tranquilidade, serenidade às empresas, aos trabalhadores e ao público em geral, para que possamos enfrentar esta pandemia com todas as garantias”, adiantou.
(Notícia atualizada às 15h18 com declarações de Pedro Sánchez)
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