Like & Dislike: O tweet de Margarida Balseiro Lopes e o fim dos debates quinzenais

O Parlamento aprovou o fim dos debates quinzenais. Sete deputados do PSD furaram a disciplina de voto. Margarida Balseiro Lopes foi uma delas.

Foi há 13 anos, com o PS com maioria absoluta, que surgiram os debates quinzenais, após um desafio do então líder do CDS-PP, Paulo Portas, ao primeiro-ministro José Sócrates, que aceitou ir mais vezes ao parlamento.

Nem sempre os debates quinzenais foram um palco de elevação democrática e de debate político útil. Quem tem memória ainda se lembrará que José Sócrates “guardava” os anúncios de medidas pomposas do Governo para, em jeito de propaganda, as anunciar no início de cada debate quinzenal.

A oposição também nem sempre esteve à altura da dignidade que mereciam os debates quinzenais. Quantas vezes o próprio Rui Rio não privilegiou os soundbytes sobre a espuma do dia, em vez de confrontar o Governo com temas que realmente interessam à vida das pessoas.

Mas a culpa de o debate quinzenal ter sido muitos vezes estéril, superficial ou excessivamente confrontacional não é do modelo ou da periodicidade, é de quem debate.

Rui Rio e o PSD deram duas razões para acabar com os debates quinzenais, ambas idiotas:

  • A primeira é que “o primeiro-ministro não pode passar a vida em debates quinzenais. Tem é de trabalhar”. Portanto, para o líder do PSD, trabalho político não é trabalho. Já agora, qual é o trabalho de Rui Rio?
  • A segunda razão aventada pelo PSD é o “superficialismo que, há muito, vinha dominando os debates quinzenais, tantas vezes reduzidos a soundbytes e com a especial preocupação de marcar os noticiários do dia”. Aqui, novamente, a culpa não é do modelo. A superficialidade de um debate faz-se pela qualidade ou falta dela dos seus intervenientes, e não tanto pela periodicidade.

Agora, no lugar dos debates quinzenais, vamos ter perguntas sem respostas, políticas públicas menos escrutinadas e um embaraçoso silêncio de um líder da oposição que, talvez por não ser brilhante a fazer oposição, resolveu apagar a luz do palco mais nobre onde essa oposição deveria ser feita.

De uma forma democraticamente musculada, e apesar de não se tratar de um tema de consciência individual ou de um Orçamento de Estado, o PSD resolveu impor a disciplina de voto. Sete deputados social-democratas furaram essa disciplina de voto: Álvaro Almeida, Rui Silva, Margarida Balseiro Lopes, Pedro Rodrigues, Emídio Guerreiro, Pedro Pinto e Alexandre Poço.

No Twitter, a ainda líder da JSD, Margarida Balseiro Lopes, fez estes desabafos:

“A eventual defesa da proposta do fim dos debates quinzenais com a necessidade de o Governo ter mais tempo para trabalhar é a negação de uma das dimensões mais importantes do trabalho do Governo (prestar contas por aquilo que faz) e da oposição (fiscalizar o Governo)”.

“É insólito ser o maior partido da oposição a propor a redução do escrutínio da atividade do Governo. Tanto mais que este Governo não tem por hábito não responder à esmagadora maioria das perguntas, o que torna ainda menos defensável a diminuição de oportunidades para questionarmos”.

Estes dois tweets merecem um like. Se calhar um dia Rui Rio lembrar-se-á de propor uma lei que obrigue os deputados a só poderem escrever um post no Twitter por mês, “para terem tempo para trabalhar”. Enquanto esse dia não chegar, é aproveitar e fazer likes nos tweets de Margarida Balseiro Lopes.

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