O marketing virou-se para os Bitmoji?
Nos anos 90 conquistavam os consumidores apenas pelo seu logo. Agora, e para atrair os mais jovens, a clássica Ralph Lauren aposta nos avatares. É a moda a fazer “twinning” com a tecnologia.
É comunicada como uma parceria a longo prazo e é um passo estratégico para a Ralph Lauren conquistar as novas gerações que não se deixam seduzir apenas pelo seu icónico símbolo do jogador de polo montado num cavalo, como aconteceu durante décadas, lá fora mas também em Portugal. A marca norte-americana juntou-se à tecnológica Snap (do grupo Snapchat) e criou 12 peças digitais que podem ser usadas pelo nosso Bitmoji no mundo virtual, mas que também podemos comprar e usar na vida real. Um projeto comunicado amplamente nos canais digitais da marca, onde até foi criado um storytelling para cada um dos modelos da coleção.
Num momento particularmente difícil para algumas marcas norte-americanas e icónicos department stores, que não foram poupadas à crise que a Pandemia trouxe à economia do país – nomes como J. Crew, Neiman Marcus, JCPenney, Lucky Brand, Brooks Brothers…), a Ralph Lauren surge com uma estratégia de reação rápida com uma coleção desenhada para ser usada pelo nosso Bitmoji, uma personagem animada digital, ou seja, o nosso avatar.
A indústria da moda e o retalho estão em transformação, como quase tudo, neste ano marcado por um vírus que contaminou a saúde dos negócios. E enquanto uns defendem um caminho mais sustentável, mais empático, onde menos é mais; outros olham para a tecnologia e para a moda digital como a saída para a crise. Neste caso, a parceria entre as duas marcas traz ao mercado um lente 3D Bitmoji que permite aos utilizadores verem como lhes assenta cada peça e um “try on” que permite navegar por toda a coleção. Mas não fica por aí, já que recentemente usaram murais para promover um dos tradicionais polos da marca, em várias cidades americanas em que através de realidade aumentada no Snapchat se recebia informação e uma experiência imersiva no produto. E ao que parece, mais novidades estão a caminho.
Segundo a Vogue Business é a primeira vez que uma equipa de design de uma marca trabalha desde o início a pensar num Bitmoji e não no consumidor “real”. A responsável pela área de moda e beleza da Snap Selby Drummond, revelou que o processo decorreu ao longo de seis meses e é estratégico quando tudo o que são plataformas e apps, que permitem a interação de pessoas com a indústria da moda, cresceram com o confinamento, com a geração Z a gastar mais tempo no mobile. Uma parceria win-win – uns vendem tecnologia mais focada no comércio on-line do que em filtros para nos entreter; outros alargam o engage com o target mais jovem; e, entre si, partilham data.
Diz-se que os tempos são das “time-tested brands”, ou seja, que em momentos de incerteza, nos mantemos fiéis às marcas com tradição, longevidade, que já têm o chamado “Emotional Brand Equity”. A Ralph Lauren pode reclamar esse crédito. Mas os tempos são também de descoberta de quem somos e como nos podemos expressar no espaço digital, e é interessante ver a marca a testar, a experimentar e a aprender com os mais jovens, que já agora importa recrutar como futuros consumidores.
O marketing virou-se para os Bitmoji? Pelo menos nos Estados Unidos parece que pode ser um caminho, pelo menos e para já com a moda a fazer “twinning” com a tecnologia.
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