BRANDS' ECO Sabia que a Renault ganhou o primeiro Grande Prémio da História?
Talvez seja do conhecimento de poucos, mas a Renault está no automobilismo desde as origens deste e foi a marca francesa que venceu o primeiro Grande Prémio da história, no longínquo ano de 1906.
Desde os primórdios do advento do carro que a competição automóvel foi vista como uma forma de chegar diretamente ao público pelos construtores, que apresentavam um produto desconhecido da generalidade da população mundial, e a Renault esteve na linha da frente desde a primeira hora.
Os irmãos Renault – Louis, Marcel e Fernand – perceberam a validade de competirem com outros construtores para mostrar a validade dos seus produtos e, então, dificilmente era possível ver uma corrida na Europa sem que um carro da marca do losango não estivesse à partida.
A Renault era um dos expoentes máximos da industria automóvel francesa, a mais forte do mundo no início do século XX. No entanto, os gauleses não estavam satisfeitos com a competição de automobilismo mais importante da época, o Troféu Gordon Bennett, e o Automobile Club de France (ACF) colocou mãos à obra.
Em 1906 nascia o primeiro Grande Prémio da história do automobilismo, disputado ao longo de um circuito de 103,18 quilómetros com início a Este de Le Mans, que ficaria para sempre no mapa do automobilismo ao pagar ao ACF cinco mil francos pelo privilégio.
O vencedor do Grande Prémio do ACF seria encontrado ao cabo de 12 voltas, perfazendo 1238,16 quilómetros, sendo 6 realizadas no primeiro dia, 6 de junho, e as restantes na segunda jornada. A equipa mais rápida receberia um troféu de ouro com 13 quilogramas.
O formato mostrou-se apelativo, com treze construtores a responder à chamada, dez deles franceses, liderados pela Renault, dois italianos – FIAT e Italo – e a Mercedes a defender as cores alemãs.
A corrida teve o seu início às seis da manhã do dia 6 de junho de 1906, arrancando os concorrentes com 90 segundos de diferença por questões de segurança e Ferenc Szisz seria o terceiro a começar a prova ao volante da mais recente máquina saída das oficinas dos irmãos Renault.
O carro francês ostentava um motor de quatro cilindros em linha de 12000 c.c., que acionava as rodas traseiras através de um veio de transmissão, ao invés das tradicionais correntes.
Para diminuir o peso e, dessa forma poder respeitar o peso máximo regulamentar de 1000 quilogramas, a Renault optou por não montar um diferencial no eixo traseiro, dado que o circuito era composto maioritariamente por retas e com poucas curvas relevantes.
Esta poupança de peso permitiu que o construtor de Boulogne-Billancourt montasse para a corrida os mais recentes aros amovíveis desenvolvidos pela Michelin – mais pesados, mas que permitiam a troca de rodas nuns estonteantes dez minutos.
Para compor o cocktail tecnológico da Renault, a alimentação elétrica do imponente quatro cilindros em linha de 12 litros de cilindrada era garantida por um magneto de alta voltagem, uma novidade que estreava em competição.
As estradas de então eram bem diferentes das dos dias de hoje, sendo na sua maioria de terra batida, mas o ACF asfaltara algumas zonas por questões de segurança.
Contudo, o verão do Loire revelou-se demasiado exigente para o macadame colocado sobre a terra batida, que começou a derreter-se e a partir-se, criando ainda maiores desafios aos pilotos e seus mecânicos, que viajavam no banco do pendura, assim como aos carros e pneus.
Os furos passaram a ser um problema recorrente e então, Ferenc Szisz, com um Renault fiável e performante, aproveitou os aros de substituição rápida, para estender a liderança que tinha alcançado durante a terceira volta.
O carro saído das oficinas dos irmãos Renault terminava o primeiro dia no comando, completando as 6 voltas em 5 horas e 45 minutos, com uma vantagem de 17 minutos para o seu mais próximo perseguidor.
Para o segundo dia as condições do circuito deterioram-se ainda mais, sendo a prova praticamente uma luta pela sobrevivência, devido aos furos e aos problemas causados pelo mau estado do traçado.
Apesar da suspensão traseira partida pelas agruras da pista desde a décima das doze voltas previstas, Szisz cruzava a meta na primeira posição, vencendo confortavelmente o Grande Prémio do ACF com 32 minutos de avanço, graças à performance e à solidez do Renault, capaz de atingir os 160 Km/h de velocidade máxima.
A vitória da Renault teve uma repercussão mediática imediata, tendo produzido um efeito direto no número de vendas do construtor, que subiu consistentemente ao longo dos dois anos seguintes – de 1600 unidades em 1906 para 4600 em 1908.
A velha máxima que seria eternizada décadas mais tarde – vencer ao domingo para vender na segunda-feira – era já colocada em prática pela Renault nos primórdios do automobilismo.
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