Neeleman: TAP tem de “melhorar resultados”, mas corte de custos será pela eficiência. Sem despedimentos
A companhia aérea vai aguentar com os resultados negativos enquanto o barril de petróleo estiver abaixo de 50 dólares, acredita David Neeleman
A TAP precisa de cortar custos, mas isso será feito pela eficiência e não por despedimentos. Quem o garante é o empresário David Neeleman, que sustenta ainda que a companhia aérea não pode basear resultados na baixa do preço do petróleo.
“As pessoas pensaram que íamos cortar salários, pessoas, mas não, isso é o novo ativo. Quando dizemos que temos de poupar 150 milhões de euros é com eficiência“, disse o líder do consórcio Atlantic Gateway, o acionista privado da TAP, na Cimeira do Turismo Português, que decorreu na terça-feira em Lisboa.
O empresário brasileiro e norte-americano vincou que “a TAP tem de se fortalecer para os resultados melhorarem” e que estes “têm de melhorar” pois a empresa não pode continuar como está hoje. Questionado à margem da cimeira sobre quanto mais tempo a TAP aguenta com os resultados que tem, Neeleman respondeu que a companhia aérea aguenta enquanto o barril de combustível estiver “abaixo de 50” euros, mas que a empresa não pode contar com isso para o futuro, porque o preço irá, inevitavelmente, subir mais cedo ou mais tarde, pelo que tem de se reorganizar desde já.
Durante a cimeira, o empresário já tinha dito que, em 2016, a TAP já poupou mais de 200 milhões de euros em jetfuel, face a 2015.
Neeleman defendeu ainda que a TAP tem de fazer frente às companhias low cost para evitar que essas “comam” o seu mercado e na apresentação disse que é precisamente para combater essas empresas que a companhia aérea está a fazer uma segmentação de passageiros em alguns aviões, indo à frente em locais com mais espaço os passageiros que querem viajar com mais conforto e pagar mais por isso e nas traseiras do avião passageiros os que pagam bem menos, mas também com menos comodidades.
O empresário respondia desta forma a algumas das conclusões que constam de um estudo da consultora Boston Consulting Group, onde é sugerido um “programa ambicioso para a TAP poupar entre 150 a 200 milhões de euros até 2020. No projeto “Transformar a TAP numa companhia aérea mais eficiente”, a que o ECO teve acesso, a Boston Consulting considera que os custos da TAP estão numa boa posição quando comparados com as companhias de bandeira, mas precisa de ser mais eficiente para competir com as de baixo custo.
O processo de privatização da TAP está em curso, com o acordo de compra e venda de ações da TAP, assinado pelo Governo de António Costa e que permite ao Estado ficar com 50% de ações da transportadora aérea, a ter recebido luz verde da Autoridade da Concorrência, faltando ainda a reestruturação da dívida com a banca e a aprovação pelo supervisor da aviação (ANAC).
Neste modelo, o consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, fica com 45%, podendo chegar aos 50% com a aquisição de 5% do capital que será entretanto colocado à disposição dos trabalhadores.
A TAP teve prejuízos de 99 milhões de euros em 2015, os piores resultados desde 2008, com a empresa a justificar com receitas retidas na Venezuela.
Quanto à negociação da dívida entre da TAP com os bancos, David Neeleman disse apenas que esse processo está a ser liderado pelo Governo e que poderá ainda demorar mais alguns meses.
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