Estes são os países que estão prontos a ajudar Portugal a combater a Covid-19

Na fase mais crítica da pandemia em Portugal, o país tem recebido ofertas de apoio internacional, umas para envio de material médico ou profissionais de saúde, outras para transferência de doentes.

A pandemia de Covid-19 não tem dado tréguas em Portugal e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está sob enorme pressãona segunda-feira estavam 6.869 pessoas internadas, das quais 865 em cuidados intensivos. Por esse motivo, o pedido de ajuda internacional começou a ser equacionado na semana passada pelas autoridades de saúde e pelo Governo. O Luxemburgo foi o primeiro país a oferecer ajuda, mas a Alemanha vai já enviar profissionais de saúde, camas, bombas de infusão e ventiladores.

Na passada quarta-feira o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu que o Governo estava a ponderar ativar “mecanismos de cooperação internacional, nomeadamente mecanismos ao nível da Comissão Europeia”. Mas o que são estes mecanismos? Bruxelas criou mecanismos pensados para a cooperação entre Estados-membros no âmbito da pandemia que incluem a cedência de equipamentos médicos, a cedência de profissionais de saúde, ou o acolhimento de doentes. Desta forma, os menos afetados poderiam ajudar os países que mais sofreram com a Covid-19.

Quer Lacerda Sales, quer o primeiro-ministro já afirmaram que aquilo que o país precisa, de momento, é de mais profissionais de saúde. No entanto, a transferência de doentes para outro país parece ser o mais necessário, mas António Costa lembrou, no programa Circulatura do Quadrado da TVI, que a posição geográfica de Portugal não é tão benéfica para esse efeito. Os países do centro da Europa “têm vários países com quem fazem fronteira e essa cooperação transfronteiriça é muito mais habitual e muito mais fácil”, explicou.

Dentro das próprias fronteiras, a transferência de doentes dentro do SNS já chegou à ilha da Madeira. Na passada sexta-feira, três doentes internados nos cuidados intensivos no distrito de Lisboa foram enviados para o hospital do Funchal. Também o governo regional dos Açores já se disponibilizou para receber doentes do continente. Contudo, a capacidade hospitalar das regiões autónomas não parece suficiente para evitar a ajuda internacional.

Apesar da única fronteira terrestre ser com Espanha, Luxemburgo, Áustria e Alemanha já se prontificaram para ajudar na pior fase da pandemia em Portugal. A ministra da Saúde confirmou esta segunda-feira Portugal “dez contactos com vários países ao longo da semana”, seja com os que se disponibilizaram por iniciativa própria seja com aqueles que existem relações de trabalho. Reconheceu ainda que a colaboração com a Alemanha é aquela que “está mais próxima”.

Marta Temido revelou ainda que Portugal está a “trabalhar com vários países em várias hipóteses de solução”, sendo que “a que mais colhe junto dos profissionais de saúde é em primeiro lugar é alargar a capacidade de resposta em cuidados intensivos”, tendo em conta que ainda se espera um aumento grande do número de internados.

Alemanha

O Ministério da Defesa alemão avançou esta segunda-feira, no Twitter que a Alemanha vai enviar para Portugal 26 profissionais de saúde, 150 camas, 150 bombas de infusão e 50 ventiladores, que deverão chegar na quarta-feira.

A equipa alemã de profissionais de saúde militares, com “competências ao nível da Medicina Intensiva”, deve permanecer no país durante três semanas, sendo substituída a cada 21 dias, até ao final de março, se necessário, de detalhou o comunicado conjunto do Ministério das Saúde e da Defesa, conhecido esta segunda-feira.

No final da semana passada, como noticiou a agência Lusa, Portugal e Alemanha conferenciaram sobre a possibilidade de transferir alguns doentes não-Covid, mas que precisassem de cuidados intensivos, para se libertar essas camas em Portugal. Mas, no domingo, o jornal alemão Der Spiegel, revelou que as Forças Armada alemãs iriam enviar “voos de ajuda com pessoal e material médico para Portugal no início da semana”.

Áustria

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, anunciou, no domingo, que o seu país vai receber doentes portugueses em cuidados intensivos por Covid-19, informou a agência EFE. “É uma exigência de solidariedade europeia ajudar rapidamente e sem burocracia para salvar vidas”, escreveu na rede social Twitter.

A medida foi tomada depois dos líderes dos executivos português e austríaco terem conversado pelo telefone. Kurz não informou quantos pacientes para os cuidados intensivos vão receber, mas, segundo a agência Apa, esses dados serão publicamente divulgados pelas autoridades de saúde portuguesas.

Espanha

Portugal receberá também ajuda do país vizinho, que esta segunda-feira anunciou estar a estudar como ajudar o país. O embaixador de Portugal em Madrid, João Mira Gomes, revelou à Lusa que “houve uma oferta de apoio por parte das autoridades espanholas”, mas os pormenores estão ainda a ser estudados.

O contacto inicial foi feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha junto da embaixada portuguesa em Madrid, mas a política de Saúde em Espanha está descentralizada pelas comunidades autónomas, o que dificulta a articulação da ajuda.

O cenário mais provável é que alguns doentes portugueses que se encontrem em hospitais perto da fronteira, sejam transportados por via terrestre para Espanha, segundo informação divulgada pelo jornal espanhol La Voz de Galicia na semana passada. Em entrevista ao jornal espanhol, João Gouveia, médico responsável pela resposta em medicina intensiva no âmbito da Covid-19, detalhou que “o lógico é que a transferência dos doentes seja feita por estrada entre hospitais que estão próximos da fronteira” e deu como exemplos transferências possíveis de Viana do Castelo, para Vigo, de Bragança, para Zamora e do Alentejo, para Badajoz ou Sevilha.

O também presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos disse que fazia sentido atuar agora pois o mecanismo europeu “pode levar vários dias a materializar-se”.

Luxemburgo

O Luxemburgo foi o primeiro país a oferecer ajuda a Portugal, mostrando disponibilidade para receber pacientes com Covid-19, caso o Governo português assim desejasse, informou o jornal Contacto.

Segundo o jornal, a ministra da Saúde luxemburguesa, Paulette Lenert, assegurou a essa disponibilidade em resposta a deputados do Partido Pirata, que questionaram o Executivo sobre essa possibilidade, devido aos “laços profundos que unem cidadãos portugueses e luxemburgueses”.

Na passada sexta-feira, o jornal noticiava que o país ainda não tinha recebido nenhum pedido por parte do Governo português. No entanto, na SIC, Luís Marques Mendes afirmou, sem explicitar fontes ou dados, que “em princípio Portugal vai aceitar esta disponibilidade [do Luxemburgo e da Áustria]”, adiantando ainda que o país está também em negociações com a Hungria.

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