Portugal tem capacidade para produzir vacina contra a Covid-19

Para o presidente da Bluepharma, "Portugal tem uma indústria farmacêutica de ponta", capaz de produzir vacinas contra a Covid-19. Está convicto que existem empresas interessadas em produzir a vacina.

O presidente do Grupo Bluepharma não tem dúvidas que Portugal tem capacidade para produzir a vacina contra a Covid-19 e que existem empresas portuguesas interessadas em abraçar esta causa. Apesar de acreditar na capacidade de Portugal, frisa que produzir vacinas contra a Covid-19 não é um processo rápido e requer alguma reconversão e licenciamentos.

“Portugal conta com uma indústria farmacêutica de ponta. Temos profissionais muito qualificados e com vastos conhecimentos na indústria farmacêutica. Na área das vacinas há algumas empresas que trabalham na área dos injetáveis, mas isso requer alguma reconversão para virem a produzir vacinas contra a Covid-19. Não é um processo rápido porque requer tempo, projeto, planeamento, licenciamentos, autorizações e posteriormente fabrico”, destaca o presidente do Grupo Bluepharma, Paulo Barradas Rebelo.

Apesar da complexidade, o líder da farmacêutica tem a certeza que “haverá, em Portugal, empresas disponíveis e interessados em abraçar esse projeto de saúde pública”, diz o presidente da empresa que comemora este ano 20 anos de existência.

O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, já disse que o Governo quer Portugal no mapa da produção da vacina e que, inclusive, já contactou 41 empresas e laboratórios de 11 países para negociar a entrada do país na produção de vacinas virais, disse em entrevista ao Jornal Económico (acesso pago).

O líder da Bluepharma explica que num curto prazo de tempo “não estão preparados para a produção de vacinas” já que o grupo está especializado em fórmulas sólidas orais, apesar de estarem a trabalhar há cinco anos em fórmulas infetáveis complexas. “Temos um projeto de investimento para os próximos dez anos que incluiu uma fábrica de injetáveis complexos que será construída num horizonte de três a quatro anos. Nessa altura estará disponível para ajudar nesta nobre missão que é disponibilizar vacinas à população”.

Este investimento da fábrica de injetáveis complexos faz parte de um plano estratégico de 200 milhões de euros para os próximos 10 anos. No âmbito deste plano de investimento, está prevista a construção do Bluepharma Park, que dará origem ao maior parque tecnológico do cluster farmacêutico, a nível nacional, numa área total de 6,5 hectares, com 35 mil metros quadrados de área coberta, e cujo o investimento rondará mais de 150 milhões de euros.

Líder da Bluepharma alerta que não existem infraestruturas para produzir 7 mil milhões de vacinas

A vacina contra a Covid-19 surgiu como um sinal de esperança no mundo, mas os contratos polémicos com as farmacêuticas e o atraso nas entregas estão a provocar grandes constrangimentos. Para o presidente do Grupo Bluepharma este atraso é “normal” até porque “não existem infraestruturas suficientes para produzir vacinas em tempo real para a população”.

“É mais que natural que exista a escassez da vacina. Nunca vivemos numa pandemia como esta que afeta a totalidade da população do planeta. Não existem infraestruturas para produzir vacinas em tempo real”, destaca Paulo Barradas Rebelo, presidente da Bluepharma.

Para o presidente do grupo, o problema não é o atraso, mas sim a escassez de locais de produção da vacina contra o novo coronavírus. “O problema que temos é escassez de locais para produzir a vacina para a demanda que temos no mundo. Neste momento precisaríamos de sete mil milhões de vacinas, não há capacidade industrial para tanto”, constata Paulo Barradas Rebelo.

Apesar de as farmacêuticas não estarem a conseguir cumprir com os prazos de entrega, a Comissão Europeia já veio excluir o cenário de recorrer à quebra de patentes industriais para obrigar as farmacêuticas a partilhar a fórmula das respetivas vacinas, como noticiou o Diário de Notícias (acesso livre). O presidente do Grupo Bluepharma concorda com esta posição de Bruxelas e explica que existe um compromisso e que as patentes “não podem ser violadas”.

“As patentes não podem ser violadas. Há um compromisso — é isso que estimula a investigação e a evolução da ciência — e não se pode, de repente, a meio do percurso quebrar esses contratos/patentes”, diz o líder da farmacêutica portuguesa.

Para o líder, as farmacêuticas são as principais interessadas em encontrar unidades fabris de forma a disponibilizar as vacinas à população. “Tenho a certeza que as empresas com patentes têm todo o interesse em maximizar o resultado dessa investigação. Estão a fazer todos os esforços e a usar todos os meios que estão disponíveis que são escassos. Essas farmacêuticas estão a maximizar os esforços e a estabelecer parcerias de licenciamento para conseguirem produzir as vacinas noutros locais, em tempo real”, conta Paulo Barradas Rebelo.

Na ótica do líder o caminho passa por “existir uma vontade da Administração Pública e privada para que os tempos de licenciamento das unidades industriais não sejam o que tem sido até aqui”. Considera que é “absolutamente escandaloso o tempo de licenciamento das unidades industriais”.

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