Mapfre fechou 2020 com receita estável em Portugal e declínio em Espanha
O montante de prémios de seguro cresceu 1% em Portugal, mas o lucro desceu a dois dígitos em 2020. No conjunto da península ibérica, o negócio Vida-poupança encolheu 755 milhões em prémios.
A divisão Iberia, unidade regional que integra as operações da Mapfre em Portugal e Espanha, averbou 6,99 mil milhões de euros em prémios, -9,3% em comparação com 2019, apurando resultado atribuível de 453,3 milhões, em declínio de 8,9% relativamente ao exercício anterior.
Em Portugal, a Mapfre conseguiu ligeiro incremento de 1,0%, totalizando 136,8 milhões de euros em prémios, enquanto Espanha contabilizou 6,86 mil milhões de euros em prémios de seguro, uma receita 9,5% inferior à de 2019. A operação portuguesa terminou o exercício de 2020 com resultado atribuível de 8,1 milhões de euros, 10,6% inferior ao de 2019, cabendo à Espanha o restante do lucro apurado na península.
Em termos de eficiência operacional da divisão ibérica, o rácio combinado melhorou, de 94,4% em 2019, para 92,0% em dezembro passado, com Espanha a passar de 94,4% (2019), para 91,9%. Em território português, o rácio de eficiência evoluiu de 95,9%, para 95,4%. Por fim, a rentabilidade dos capitais próprios (RoE) acentuou a curva descendente que já trazia de 2018 para 2019.
O grupo Mapfre, que opera em Portugal através de duas filiais (Vida e Seguros Gerais), registou 526,5 milhões de euros de lucros em 2020, um resultado líquido atribuível 13,6% inferior ao de 2019, enquanto as receitas consolidadas recuaram 10,7%, para 25,42 mil milhões de euros. Deste valor, 20,48 mil milhões respeitam ao total de prémios de seguro emitidos e aceitados pelo conjunto do grupo, um volume que decresceu 11,1% em relação ao ano anterior, enquanto o rácio combinado (calculado para não Vida) melhorou -2,9 pp, para 94,8%.
Da receita com prémios de seguro, 16,1 mil milhões correspondem ao negócio não Vida, que caiu 8,3% relativamente a 2019. O ramo Vida diminuiu 20,3%, para 4,37 mil milhões de euros, indica o relatório financeiro da matriz espanhola.
Segundo explica a companhia, a quebra da receita é “consequência da situação económica global derivada da crise provocada pela Covid-19, resultando também do impacto cambial” associado à valorização do euro, que afetou sobretudo as operações da companhia na América Latina, Turquia e EUA e, ainda, decréscimo fixado em “755 milhões de euros nos prémios de seguro Vida-poupança na península ibérica”. Excluindo estes impactos a receita teria crescido 1%, ressalva a empresa liderada por Antonio Huertas Mejías (CEO).
Neste contexto, o resultado operacional do grupo Mapfre cifrou-se em 658 milhões de euros em 2020, praticamente estabilizado em comparação a 2019, ano em que ainda não se adivinhava a pandemia, realçou Huertas na apresentação do balanço.
O exercício reportado foi “muito condicionado” pela crise da covid-19 na primeira metade do ano e um “resultado muito sólido de 388 milhões” na segunda parte do exercício, refere a Mapfre detalhando que o impacto dos sinistros produzidos diretamente pela Covid teve um custo bruto de 367 milhões de euros, atingindo especialmente as linhas de negócio Vida Risco (83,5 milhões), Saúde (58,8 M€), falecimentos (30 milhões) e a parcela Resseguro aceite (113,4 milhões).
A Mapfre encerrou 2020 com rácio de solvência (reportado a setembro de 2020) calculado em 180,2%.
Contabilizando ativos totais em torno de 69,1 mil milhões de euros, a Mapfre tem um património atribuído de 8,54 mil milhões. Ainda, de acordo com informação da companhia que nasceu mutualista, a administração do grupo mantém intenção – contrariando recomendações das autoridades de supervisão – de pagar dividendos. A instituição planeia distribuir 416 milhões de euros aos acionistas.
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