Tem direitos do BCP, mas não vai exercê-los? É melhor vender
Uma semana depois da entrada em bolsa, esta segunda-feira chega ao fim a negociação dos direitos do BCP em bolsa. Se não quer participar, tem até hoje para vender. Caso contrário, perde o dinheiro.
Pouco mais de uma semana depois da entrada em bolsa, chega esta segunda-feira ao fim o período de negociação dos direitos do aumento de capital do BCP em mercado regulamentado. Ainda há muitos investidores que não transacionaram direitos. Se uns não o fizeram porque vão participar na operações, outros não o farão. Se não pretende investir nesta emissão tem até hoje para os vender sob pena de perder o valor destes.
Foram admitidos à negociação 944 milhões de ações. Por cada ação foi emitido um direito de subscrição para os novos títulos que chegarão ao mercado nas primeiras semanas de fevereiro. Contudo, uma semana depois do arranque da negociação destes direitos em bolsa, apenas um quarto dos títulos trocaram de mãos em bolsa.
Mas porquê? O volume pode traduzir, em grande parte, o facto de os maiores acionistas do banco liderado por Nuno Amado — Fosun e Sonangol — não quererem desfazer-se dos direitos que lhes foram atribuídos. Muito pelo contrário: a Fosun fez saber que iria aproveitar o aumento de de capital para chegar aos 30%. E os angolanos disseram que iriam acompanhar. “A pouca negociação dos direitos mostra o sentimento dos investidores, que preferem o aumento de capital”, diz João Tenente, gestor da corretora XTB.
"A pouca negociação dos direitos mostra o sentimento dos investidores, que preferem o aumento de capital”
Contudo, há muitos outros investidores, nomeadamente os pequenos investidores, que mantêm estes direitos em carteira e não pretendem participar no reforço de capital de 1.330 milhões de euros do BCP. Se ficarem com estes títulos, perdem simplesmente o dinheiro correspondente a esses direitos que foram destacados da cotação do banco.
Contudo, nem sempre vender compensa. A perda até pode ser menor do que vender os direitos tendo em conta que para o fazer é necessário dar ordens de bolsa que estão sujeitas a comissões. Os custos de transação podem ser elevados face ao valor de realização.
No entanto, no caso do BCP, tendo em conta que o valor dos direitos é elevado, até “poderá valer a pena”, nota a equipa de research do BiG. Assim, se as comissões forem baixas, como acontece nos bancos online, poderá compensar. Por exemplo, caso os direitos estejam a negociar acima de 70 cêntimos, a partir de dez direitos já poderá valer a pena dar ordem de venda em bolsa.
Desconto? Há, mas pode desaparecer
Sempre que há uma operação deste tipo, os investidores têm oportunidade de ganhar com estratégias de arbitragem. Mas o que é? É o aproveitamento que os investidores podem fazer das diferenças de preços entre dois ativos correlacionados. Neste caso, os títulos do BCP e os direitos do aumento de capital. Desde o primeiro dia em que os direitos se estrearam em bolsa, verificou-se uma diferença entre o preços das ações e os direitos que vão permitir comprar novas ações do aumento de capital do BCP, com os direitos “baratos” face às ações.
Mas este efeito costuma ser temporário e a diferença começa a diminuir à medida que o prazo de negociação se aproxima do fim. O mercado acaba por reconhecer que o valor dos ativos tem de ser o mesmo, o que acabará por levar as cotações a uma situação de equilíbrio. Na última sessão da semana passada, os direitos subiram 8,74% para 73,4 cêntimos, corrigindo de três sessões de queda. E puxaram pelas ações até aos 15,33 cêntimos.
Cada direito permite a subscrição de 15 novas ações ao preço de 9,4 cêntimos. O valor do fecho de sexta-feira coloca o preço implícito de cada nova ação (emitida no âmbito do aumento de capital no valor de 1.330 milhões) nos 14,25 cêntimos. Ou seja, comprar as novas ações ficaria 7,02% mais barato do que comprar as atuais que estão no mercado — uma diferença que já foi de 10%. Consulte aqui a calculadora do ECO para otimizar a sua estratégia de investimento no aumento de capital.
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