Rio Costa
Neste romance político onde fica Portugal? Neste naufrágio político qual a nova opção para a Direita Democrática em Portugal?
Na pequena guerra dos tronos da política em Portugal estamos na época das entrevistas. Costa insulta Rio, Rio insulta Costa e subitamente o Portugal político é arrastado para a vulgaridade banal e baixa de uma discussão entre feirantes. Estas entrevistas são um teatro de máscaras no qual a economia política dos discursos toca a ínfima moral da desvergonha e da decadência. Mas cada Nação tem o que merece.
Não se pretende nestas palavras a afirmação pública da indignação, da surpresa, do desespero. Pelo contrário, os portugueses indignam-se com a facilidade de quem depende e de quem precisa, parece até que gostam de ser enganados para poderem reclamar de que estão a ser enganados. Mas quando o Primeiro-Ministro e o Líder da Oposição se envolvem num affair político de terceira categoria num tom político que faz lembrar a República das Berlengas, o mundo redondo das emoções engole o palco da política com as cores sectárias de cada partido, de cada interesse, de cada negócio. Como se a política pudesse ser reduzida a uma referência amarga, a um comentário rude, pessoal, mal-humorado, tudo embrulhado no celofane colorido do ataque político. Em Portugal estas incontinências políticas designam-se por “estados de alma”.
Existe em Costa a síndrome de Napoleão. O Primeiro-Ministro parece um rio oprimido pelas margens, existe mesmo a consciência messiânica de que a política em Portugal é Costa ou é nada. O Chefe do Executivo está inchado pelo clamor da Europa e sente-se na vanguarda da União como defensor dos valores universais aplicados ao contexto da Nação. Não importa a natureza dos valores, pois esta é uma discussão típica das mentes mais mesquinhas. Depois há igualmente a postura do macho alfa, o homem no topo da pirâmide, impune, inalcançável, infalível. O discurso político de Costa é permanentemente impulsionado por estimulantes erécteis na busca de Poder e mais Poder. Não é em vão que se diz que o Poder é o máximo dos afrodisíacos, imparável, insaciável, viciante. Se a política fosse um Circo, o Primeiro-Ministro seria o Gigante mais baixo do Mundo.
Existe em Rio a síndrome do Rei do Norte. O Líder da Oposição parece perdido na vastidão nacional e confuso com as maneiras políticas de Lisboa. Fora da sua jurisdição territorial, existe a convicção escondida de que a política é o palco dos mentirosos, dos oportunistas, dos ambiciosos, e Rio é um político sobrecarregado de valores humanos residuais entre o ilustre local e o Abade de Priscos. A política é um jogo ancestral nas cartas espalhadas pela mesa de pedra protegida pela sombra do Campanário. Quando se procura os valores políticos de Rio encontra-se a confusão de mensagens escritas nos escombros de um PSD em regressão social e em plena expansão de uma doença maior – a completa perda de identidade política. Com Rio o PSD é uma amnésia democrática. Depois há igualmente a postura do macho beta, o homem na varanda da pirâmide a meia distância do chão, exposto, visível, vulnerável. O discurso político de Rio é impulsionado por uma dose massiva de contraceptivos em busca das sensações da política sem nunca experimentar as recompensas do Poder. Se a política fosse um Circo, o Líder da Oposição seria o Anão mais alto do Mundo.
Politicamente a visão de Costa tem a amplitude de um Ícaro em trânsito para o Sol. Politicamente a visão de Rio tem a amplitude de um Anjo Caído em trânsito para o outro lado da Lua.
Costa está apostado em ocupar todo o espaço do Centro Político, o espaço natural à Esquerda e o espaço conquistado à Direita. A inconsciência ideológica de Rio está a deixar o espaço natural do PSD vazio de propostas políticas. Estando umas vezes à Esquerda, outras vezes à Direita e muitas vezes numa qualquer terceira via, Rio percorre o espaço do Centro Político como se fugisse da morte política procurando o suicídio político. Houve um tempo em que o PSD podia canibalizar o CDS e obter maiorias absolutas inéditas e contra a lógica do Sistema Eleitoral. Hoje o espaço do Centro Direita está fragmentado e enfraquecido, fenómeno ao qual se adiciona a afirmação eleitoral de uma nova Direita Populista.
Rio não percebe que o PSD está cercado à Esquerda pelo PS e limitado à Direita pelo Chega! Logo o que está verdadeiramente em causa é a sobrevivência do PSD como o partido natural e historicamente consagrado como a força política dominante no Centro Direita. Costa percebe que depois das Autárquicas, depois de “vencida” a pandemia através da vacinação em massa, a avenida da maioria absoluta pode abrir-se inédita para o novo PS hegemónico ao Centro. A ingenuidade e a incompetência do Rei do Norte não percebem o jogo de cintura de um Napoleão sem casa e sem nome mas certo do seu direito absoluto ao Poder político.
No tabuleiro do xadrez político as águas percorrem os acidentes de um Canal de águas turvas onde não se distingue o lado errado e o lado certo nem o fundo lamacento. Rio é a água por onde navega o Capitão Costa. Costa é a margem inalcançável que Rio observa enquanto se afunda com o peso político de uma mala barata cheia de vazios políticos. Neste romance político onde fica Portugal? Neste naufrágio político qual a nova opção para a Direita Democrática em Portugal?
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