5G para um bem maior

  • Manuel Ramalho Eanes
  • 4 Junho 2021

Iniciativas como o movimento global Digital with Purpose unem as grandes empresas tecnológicas numa visão comum, com metas de sustentabilidade objetivas e um roadmap claro para as atingir.

A urgência na salvaguarda do planeta no que respeita ao combate ambiental e às alterações climáticas é uma realidade da nossa sociedade e o papel reservado à tecnologia nessa resposta, inquestionável.

Nas iniciativas de grande visão e fôlego promovidas pelas Nações Unidas ou União Europeia deparamo-nos com objetivos de desenvolvimento sustentável necessariamente ambiciosos em face das previsões de deterioração ambiental com que o planeta se confronta. Iniciativas como a European Green Digital Coalition ou o movimento global Digital with Purpose unem as grandes empresas tecnológicas numa visão comum, com metas de sustentabilidade objetivas e um roadmap claro para as atingir.

Sabemos hoje que a tecnologia encerra em si o potencial de dar resposta a todos os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e a mais de metade dos seus 169 objetivos subsidiários. As novas gerações das telecomunicações, o 5G em particular, têm aqui um papel crucial no cumprimento destes objetivos e no acelerar da transição da sociedade para um modelo de emissões de carbono zero.

O 5G representa, indubitavelmente, o início da era da hiperconectividade, tornando possível a ligação e interação de milhares de milhões de dispositivos de variados tipos e funções e a recolha de uma quantidade incomensurável de dados através dos mesmos. Esta característica combinada com a sensorização massiva e com tecnologias como a Inteligência Artificial, faz do 5G o catalisador para levar cidadãos, empresas, cidades e governos a novos patamares de produtividade e inovação.

Este novo paradigma implica um impacto ambiental direto por via dos ganhos de eficiência e redução de emissões: é estimado que, até 2030, o 5G seja responsável por uma redução total das emissões carbónicas à escala planetária de 15%. E, uma implementação mais acelerada da tecnologia, poderá mesmo fazer diminuir as emissões de CO2 em mais 0.5 mil milhões de toneladas.

Focando exemplos concretos e setoriais, nos próximos cinco anos, o 5G deverá possibilitar ganhos de produtividade à indústria entre 20% e 30%, um aumento de 20% na vida útil dos ativos industriais e ganhos de eficiência nas linhas de montagem de 50%. No setor dos transportes, as previsões são de uma redução de 25% do tráfego automóvel, com a correspondente redução de emissões poluentes.

A agricultura, tão crucial na sustentabilidade ambiental, é outro setor que vai beneficiar com o 5G através de aumento estimado de produtividade calculado em 25%, uma diminuição de 30% na utilização de fertilizantes e de 50% nos pesticidas e herbicidas, graças à popularização de drones que combinam as tecnologias de Inteligência Artificial e Machine Learning para erradicação cirúrgica de pragas.

O próprio setor das telecomunicações vai colher os benefícios da eficiência energética desta nova geração de redes móveis, com uma redução das emissões de carbono das redes de comunicações de 50% na próxima década. Isto porque esta tecnologia é a primeira a integrar, desde a sua conceção, normas de eficiência energética.

Não só o 5G, mas as tecnologias no geral mostram-nos que é possível fazer muito mais com menos, e com menor impacto ambiental. Por este motivo, o digital encerra em si um potencial tremendo no que respeita à transformação da economia e sociedade, potencial esse que se estende ao cumprimento dos ambiciosos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas até 2030.

A NOS subscreve o compromisso de ser, cada vez mais, um agente relevante empenhado na construção de um futuro melhor, colocando todo o potencial da inovação e da tecnologia ao serviço dos cidadãos e das empresas, dos governos e do planeta.

  • Manuel Ramalho Eanes
  • Colunista convidado. Administrador executivo da Nos.

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