BRANDS' ECO Transição de dados para cloud: vantagens e desafios
O quarto Altice Empresas Live ficou marcado pelo tema da "cloud". A transição de dados das empresas para as clouds é uma tendência crescente, mas os especialistas alertam para os desafios.
Atualmente, a cloud é vista como um dos pilares estratégicos para ajudar as empresas a serem mais competitivas, modernas e a tornarem o mercado mais digital. A pandemia foi, sem dúvida, um dos catalisadores para esta tomada de consciência e alavancou os investimentos das empresas em IT, no entanto, os especialistas defendem que ainda há muito a fazer neste tema.
Esclarecer quais são as vantagens, mas também os desafios da cloud para as empresas esteve no centro do debate do quarto Altice Empresas Live. A sessão, que decorreu no passado dia 7 de julho, contou com a presença de Carlos Costa, diretor de IT do Banco Atlântico Europeu, Mário Seborro, Diretor Comercial da Altice Empresas, Nuno Nunes, Chief Sales Officer B2B da Altice Portugal e Rui Coutinho, Diretor Executivo de Inovação e Desenvolvimento da Porto Business School.
Gilberto Bonutti, Cloud Sales Manager Southern Europe da Acronis, Luís Chaby, Azure Enterprise Sales Manager da Microsoft Portugal, e Sérgio Ribeiro, Managing Director da Accenture Portugal também marcaram presença no evento, mais concretamente num debate sobre a jornada das empresas para a cloud, moderado por Paulo Rego, Diretor de Produto e Pré-Venda da Altice Empresas.
Nuno Nunes começou por dizer que a Altice Empresas quer “ajudar as empresas portuguesas a fazer a sua transformação digital”. Para isso, a empresa de telecomunicações criou plataformas adaptadas à realidade de cada organização, de modo a que qualquer cliente possa fazer esse percurso de forma simples e segura.
“Hoje, somos um parceiro multicloud e transversal, agnóstico a marca e qualquer empresa pode trabalhar connosco, acedendo à oferta de qualquer player mundial de cloud. Também desenvolvemos e produzimos uma plataforma de Cloud Altice, um trabalho que tem sido desenvolvido com grande profundidade, com a nossa equipa de ICT e esta é outra vertente transversal – multicloud para grandes empresas e a nossa cloud para PME”, explicou o Chief Sales Officer B2B da Altice Portugal.
"O grande tema não se prende com a tecnologia, penso que o desafio está mais centrado nas pessoas, nos processos que precisam ser adaptados e mudados. A cloud é mais flexível, escalável, apresenta melhor custo-benefício e pode ser mais segura. Mas, em primeiro lugar, é preciso planear a migração com cuidado, passo a passo.”
Tecnologia cloud: “um meio para atingir um fim”
Sérgio Ribeiro frisou que era importante desmistificar dois pontos relativamente à cloud: “A tecnologia cloud representa, nas organizações, cerca de 9% do seu orçamento IT e, portanto, não é uma moda temporária, é algo que veio para ficar. Um ponto que também me parece importante esclarecer é que não é um fim em si, a cloud é um meio para atingir esse fim”.
O responsável da Accenture Portugal acrescentou, ainda, que é importante não olhar para “o tema cloud como uma peça puramente tecnológica para cumprir com determinado desígnio, mas sim posicionar a discussão naquilo que é o imperativo estratégico que o cliente quer ter”.
No que diz respeito à adoção de cloud, Gilberto Bonutti partilhou a mesma ideia de Sérgio Ribeiro. “O grande tema não se prende com a tecnologia, penso que o desafio está mais centrado nas pessoas, nos processos que precisam ser adaptados e mudados. A cloud é mais flexível, escalável, apresenta melhor custo-benefício e pode ser mais segura. Mas, em primeiro lugar, é preciso planear a migração com cuidado, passo a passo”, referiu.
Já Luís Chaby afirmou que “a realidade das empresas tem uma componente já muito relevante de utilização de cloud pública” e explicou que isto acontece, principalmente, por quatro razões: para modernizar infraestruturas e aplicações, para aumentar a segurança das empresas, para dar continuidade ao negócio (o negócio não para, independentemente da distância física) e, por fim, para organizar os dados, de modo a torná-los mais eficientes para as organizações.
No evento foi ainda apresentado um exemplo da aplicação do serviço cloud no Banco Atlântico Europa. Carlos Costa, diretor de IT do banco, mostrou que a estratégia da empresa passava por oferecer serviços digitais e, nesse aspeto, garantiu que a cloud foi a melhor aposta que podiam ter feito, “tanto pela redução de custos, como pela cibersegurança, como pela flexibilidade, pelo disaster recovery, pela loss prevention e pela redução de barreiras tecnológicas”.
A análise da Porto Business School sobre as tendências cloud
Na mesma sessão foram apresentadas por Rui Coutinho algumas das conclusões de uma investigação levada a cabo pela Porto Business School, que analisou várias empresas e identificou algumas das grandes tendências relativas à cloud que se vão verificando um pouco por todo o mundo.
"58% das empresas referem que não estão a usar ferramentas de gestão multicloud para a gestão. Ou seja, estamos a implementar cada vez mais estratégias multicloud, mas estamos ainda à procura de quais as melhores ferramentas para gerirmos esta realidade.”
O Diretor Executivo de Inovação e Desenvolvimento da Porto Business School referiu a pandemia como acelerador da tendência cloud: “Sabemos que há novas realidades que decorrem do processo pandémico e que vieram para ficar – novas realidades de trabalho, novas realidades colaborativas, novas realidades para fazer negócios – e sabemos que a cloud alavanca muitas delas”.
Na análise verificou-se, do ponto de vista global, a consolidação de estratégias cloud. “No último State of the Cloud Report da Flexera, já de 2021, percebemos que 92% das empresas inquiridas adotam, hoje, estratégias multicloud. Fundamentalmente, nessas estratégias multicloud, 82% são estratégias de cloud híbrida, ou seja, com escolhas entre clouds privadas e clouds públicas e 10% apenas estratégias multicloud assentes em múltiplas plataformas cloud públicas”, disse.
No entanto, apesar da tendência crescente da adoção de multicloud, Rui Coutinho ressalvou que ainda se nota alguma dificuldade por parte das empresas em compreender como gerir esta estratégia multicloud: “58% das empresas referem que não estão a usar ferramentas de gestão multicloud para a gestão. Ou seja, estamos a implementar cada vez mais estratégias multicloud, mas estamos ainda à procura de quais as melhores ferramentas para gerirmos esta realidade”.
Ainda assim, o responsável da Porto Business School assegurou que “as duas grandes preocupações que estão na mente dos gestores de infraestrutura tecnológica e de processo de trabalho nas organizações são a otimização e redução de custos e a migração dos processos de trabalho para a cloud, muito alavancada pelo que aconteceu neste último ano e meio”.
"Para terem uma noção, a cloud permite reduzir 59 milhões de emissões de dióxido de carbono por ano, o que equivale a tirar da estrada, por ano, 22 milhões de carros.”
As 8 tendências para os próximos dois anos
No quarto Altice Empresas Live projetaram-se, ainda, as oito tendências que se vão verificar num futuro próximo, mais concretamente, nos próximos dois anos. São elas:
- Edge computing. Trata-se de uma computação na qual o processamento acontece perto ou mesmo no local da fonte dos dados. Com isto, os tempos de resposta melhoram porque há maior rapidez no acesso aos dados. Rui Coutinho referiu que esta é “uma realidade da qual as empresas vão tirar partido” e que “o 5G vai permitir alavancar” esta tendência. A mesma opinião é partilhada por Luís Chaby, que deu o exemplo de um carro para mostrar melhor como o edge computing funciona. “Se usarmos o exemplo do carro é fácil perceber. Um carro de condução autónoma deve ter inteligência já no próprio carro e não estar à espera do tráfego de dados que vá para a cloud e que venha. O 5G vem potenciar os cenários que já existem hoje em dia, mas que agora podem ser alavancados e alguns que, dantes, julgávamos impossíveis, hoje em dia já serão possíveis com o 5G”, garantiu.
- Sustainable cloud. Além de melhorar o negócio, investir em cloud ajuda a tornar as empresas mais sustentáveis. O custo energético e a diminuição das emissões de CO2 são os aspetos principais que tornam a cloud uma aliada para as empresas serem mais amigas do ambiente. “Para terem uma noção, a cloud permite reduzir 59 milhões de emissões de dióxido de carbono por ano, o que equivale a tirar da estrada, por ano, 22 milhões de carros”, elucidou o responsável da Porto Business School. “A cloud permite a redução de custos a vários níveis, mas há um que é direto e muito visível, que é o custo energético. A própria digitalização associada à cloud permite esta redução de custos e melhoria do ambiente”, acrescentou, ainda, Mário Seborro, Diretor Comercial da Altice Empresas.
- Hybrid cloud. Cloud pública ou privada? No caso da cloud híbrida, as empresas optam pelas duas soluções que, de acordo com Rui Coutinho, “traz o balanço entre o melhor dos dois mundos”. Um dos exemplos de cloud híbrida é o Stack Azure, na Covilhã. Nuno Nunes, Chief Sales Officer B2B da Altice Portugal, esclareceu em que consiste esta oferta da Altice Portugal: “O Stack Azure é uma cloud híbrida que permite a clientes Altice Empresas acederem ao portfólio de serviços Azure, da cloud Microsoft, ao mesmo tempo que beneficiam da segurança, compliance e menor latência que decorre de terem os dados alojados no Data Center Altice na Covilhã”.
- Human Cloud. Este aspeto serve, acima de tudo, para tornar a cloud uma mais valia para as pessoas, uma vez que consegue libertá-las de tarefas repetitivas, facilitar o trabalho em mobilidade e colaborativo e, com isto, melhorar a sua atividade profissional.
"Quem explora o mundo da cloud tem de ter estes aspetos da mitigação da perda de dados, da invasão de sistemas, das ameaças virtuais, sempre muito presentes e, certamente, consegue controlar melhor toda esta temática do que cada uma das organizações por si só. Ou seja, a cloud é um meio com grande nível de disponibilidade e com elevados níveis de segurança.”
- As-a-service. É uma forma de distribuir software que foi permitido pela cloud. Aliado ao as-a-service está a diversidade de aplicações e, ainda, uma maior flexibilidade. Neste âmbito, Mário Seborro reforçou a necessidade de as empresas serem cada vez mais ágeis, o que as obriga a aderir a estas tendências para acompanhar a evolução do mercado: “No fundo, têm que adotar estratégias de curto prazo para os seus negócios e os ambientes de IT. E aí a cloud permite-nos implementar sistemas de uma forma fiável, flexível e faseada ao longo do tempo, traduzindo aqui aumentos de produtividade, mesmo de inovação por parte das organizações”.
- Mobilidade das aplicações. “A cloud é uma componente importante naquilo que é, cada vez mais, o mundo da mobilidade. Hoje em dia, o escritório é em qualquer lado e a pandemia foi uma mostra clara deste aspeto. E a cloud permite-nos aceder à informação a partir de qualquer dispositivo, a partir de qualquer lugar, a qualquer hora”, referiu o responsável comercial da Altice Empresas.
- Open source. Está ligado à estratégia multicloud ou hybrid cloud que, inevitavelmente, obriga a que a interoperabilidade esteja garantida e é aqui que entra o open source, uma vez que permite reduzir a fricção e o atrito dessa mobilidade.
- Cloud business models. Trata-se dos modelos de negócio criados pela cloud. Rui Coutinho destaca algumas estratégias de negócio possíveis como o “digital ecossystem” ou o modelo “on demand” onde a Uber ou a Airbnb são exemplos bem conhecidos. “Há outra transformação de modelos de negócio que a cloud permitiu, que é a transformação dos modelos de negócio das nossas empresas para os nossos clientes. Quanto mais sofisticadas são as estratégias multicloud ou hybrid cloud, maiores são as possibilidades do ponto de vista da área de negócio”, afirmou. Na mesma lógica, quanto mais complexa é a cloud, mais complexo tem de ser o sistema de cibersegurança. “A cloud é, claramente, mais segura. Atualmente, a maior parte dos IT acredita nisso. O mito de que um modelo on-premise é mais seguro do que a cloud por não se conseguir aceder está a desfazer-se. Também porque os ataques continuam a acontecer nas infraestruturas on-premises, portanto, não o podemos negar”, disse Gilberto Bonutti, Cloud Sales Manager Southern Europe da Acronis. “Quem explora o mundo da cloud tem de ter estes aspetos da mitigação da perda de dados, da invasão de sistemas, das ameaças virtuais, sempre muito presentes e, certamente, consegue controlar melhor toda esta temática do que cada uma das organizações por si só. Ou seja, a cloud é um meio com grande nível de disponibilidade e com elevados níveis de segurança” acrescentou, também, Mário Seborro.
No encerramento da sessão, o Diretor Comercial da Altice Empresas, ainda esclareceu de que forma a Altice Empresas lida com a oferta destes novos projetos de cloud aos clientes: “Como é que nós olhamos na Altice Empresas para este tipo de projetos? Aquilo que nós fazemos é, com equipas especializadas, definir conjuntamente com os nossos clientes qual é a estratégia de seleção das várias clouds em cada um dos momentos e fazemos este processo de migração e de implementação destes ambientes cloud e fazemos a gestão operacional, a gestão do on going desses serviços”.
No vídeo seguinte, fique a conhecer as mensagens dos diferentes intervenientes do evento sobre o modo como a cloud ajuda as empresas na sua transformação digital e cultural:
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