Uma enorme escadaria em mármore e um tríptico que representa o Trabalho, a Fé e a Família, fazem do átrio do Ministério das Finanças um local imponente.
Este verão o ECO vai guiá-lo por espaços culturais ou patrimoniais com interesse turístico, mas onde o público em geral não entra normalmente. Uma vez por semana, em julho e agosto, venha espreitar o interior de ministérios, empresas ou outras entidades fora dos roteiros turísticos. Veja a galeria de fotos e um breve guia do local na rubrica Aqui, turista não entra.
A Praça do Comércio é hoje uma das maiores e mais conhecidas praças europeias. Foi nesta zona junto ao Tejo que a família real viveu durante quase dois séculos no chamado Paço da Ribeira, palácio entretanto arrasado pelo grande terramoto de 1755 que reduziu a escombros grande parte da baixa lisboeta.
Após a catástrofe, a que se seguiu um violento incêndio que consumiu tudo o que o terramoto havia poupado naquela zona, o engenheiro-mor do reino, Manuel da Maia, assumiu o cargo do ambicioso plano de reedificação da cidade debaixo da supervisão do Marquês de Pombal.
Toda a zona foi reconstruída de uma forma inovadora, obedecendo a uma lógica de distribuição simétrica e funcional das ruas e edifícios, acabando por romper com a arquitetura medieval desordenada que caracterizava a cidade de Lisboa antes do terramoto. Nascia assim a “Baixa Pombalina”
Durante décadas, o complexo de edifícios que circundam a Praça do Comércio, foi utilizado por diferentes ministérios, tribunais e outras instituições públicas. E é nesta zona, na ala oriental da praça, que está hoje situado o Ministério das Finanças, que herdou o edifício ocupado pelo antigo Conselho da Fazenda, organismo que tutelava as contas do então reino de Portugal.
Depois de sucessivas alterações e adaptações no edifício, foi nos anos 40, já em plena República, que foi construído um átrio de acesso e uma imponente escadaria de mármore numa estética inspirada em modelos arquitetónicos dos regimes autoritários italianos e alemães.
No centro, um tríptico fresquista da autoria de João da Costa Rebocho realizado em 1960 domina a atenção. Os painéis representam uma alegoria ao Trabalho, Fé e Família, num conjunto que simboliza as atividades nacionais que concorrem para as finanças públicas.
O painel central constitui uma alegoria à Família, sendo enquadrada por elementos do trabalho material e espiritual e encimado pela figura simbólica da Harmonia, entre as classes.
Em redor da Harmonia observam-se as diferentes fases da fabricação da moeda desde a fundição, laminagem até à cunhagem. Por baixo, é possível ver figuras que representam um pescador, uma ceifeira e um trabalhador rural, que simbolizam as atividades materiais. No lado oposto aparecem as figuras do médico, do juiz, do jurisconsulto e do engenheiro. Ao centro, em baixo, a Família sobressai como motivo de fundo.
Veja na fotogaleria abaixo a imponente escadaria do átrio do Ministério das Finanças, normalmente de acesso interdito aos mais curiosos.
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Aqui, turista não entra. A história das Finanças pintada num tríptico
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