BRANDS' ECO A importância estratégica do SAF-T na função financeira e fiscal do futuro (próximo)
Rui Henriques, Global Compliance & Reporting Leader EY, Tax Technology & Transformation Leader, explica os benefícios do SAF-T para as empresas como base de dados estruturados de forma padronizada.
Portugal foi pioneiro a nível global na adoção do “protocolo” de troca de informação entre contribuintes e Autoridade Tributária denominado SAF-T (Standard Audit File for Tax Purposes). Mas apesar dos anos decorridos desde a sua introdução, ainda é, redutoramente, considerado como mais uma obrigação de compliance perante o fisco.
E sem prejuízo das pertinentes considerações sobre a privacidade de dados e das soluções que devem ser encontradas, há que perceber os relevantes benefícios que o SAF-T pode ter para as organizações, além dos óbvios para as autoridades tributárias.
O SAF-T não é apenas um ficheiro de auditoria fiscal digital. A nomenclatura pode ser infeliz e enviesar ou limitar a forma como é percecionado o seu conteúdo e o seu fim.
De forma abstrata, o SAF-T é na sua essência uma base de dados estruturados de forma padronizada. Ou seja, independentemente da natureza do negócio de uma empresa, do setor de atividade ou do software informático que gera esse ficheiro, os dados financeiros e fiscais de uma empresa estão estruturados de acordo com o mesmo padrão.
E esse padrão potencia um conjunto de oportunidades quer para as próprias organizações, quer para todos aqueles que as apoiam na vertente financeira, fiscal, tecnológica, entre outras, pois na verdade, o que os stakeholders das empresas e, em particular, da função financeira, esperam e necessitam cada vez mais é de obter informação que permita a gestão e a tomada de decisão de forma ágil e tempestiva.
"O SAF-T, estruturando os dados de uma forma standardizada, vem facilitar a missão a todos aqueles que queiram tirar partido daquela base de dados.”
Numa era em que a tecnologia é consensualmente reconhecida como o grande aliado e o meio para potenciar oportunidades de negócio, agilizar processos, reduzir custos, facilitar o acesso e interpretação da informação que se desenvolve exponencialmente, pode, contra o esperado, ser o fator determinante do insucesso das organizações, de perda de vantagem competitiva, e de evidência de falta de capacidade de visão e gestão daqueles que lideram.
Os dados são o “ouro” das organizações, tão, ou por vezes mais, importante que o próprio objetivo comercial (pela utilidade que a informação pode ter para potenciar vendas). Mas muitas vezes a grande dificuldade é aceder aos mesmos, saber quais os dados que estão dentro das aplicações, estruturá-los para permitir a sua análise e interpretação. Ora, o SAF-T, estruturando os dados de uma forma standardizada, vem facilitar a missão a todos aqueles que queiram tirar partido daquela base de dados. Aliando aqueles dados a outros gerados por outros sistemas das organizações, resulta um riquíssimo data lake e com recurso a ferramentas de analytics, a criatividade e competência humana são o limite do seu potencial.
É uma oportunidade para os líderes da função financeira das organizações se afirmarem com a sua capacidade de partilhar, de forma inteligente e bem estruturada, os dados com os vários stakeholders. Basta, por exemplo, pensar nas necessidades que a administração da empresa tem para gerir e decidir, ou os desafios da área comercial, e com relativa facilidade podem ser estruturados relatórios / dashboards para os vários interlocutores.
"O simples facto de os dados SAF-T estarem estruturados de acordo com um padrão (…) potencia capacidade de serviço de valor acrescentado ao cliente.”
A experiência demonstra que a informação contabilística, financeira e fiscal, nos formatos que decorrem dos normativos de relato tradicionais, não é interessante para os stakeholders, alguns dos quais não têm (nem têm que ter) competências profundas para analisar. A expectativa é que essa informação seja estruturada de forma que seja de fácil interpretação e interessante para efeitos de análise.
Para quem presta serviços a diversas empresas (ex: contabilistas, fiscalistas, auditores, consultores), cada uma com um negócio diferente ou num setor de atividade diferenciado, estruturar relatórios com base em dados estruturados de forma diferenciada carece de um investimento relevante de tempo, recursos ou tecnologia. O simples facto dos dados SAF-T estarem estruturados de acordo com um padrão, vem minimizar qualquer um daqueles fatores e potencia capacidade de serviço de valor acrescentado ao cliente, e reconhecimento. Mais uma vez, o limite é a própria competência e conhecimento.
É tempo de encarar a mudança com visão e pragmatismo, ainda para mais quando estamos perante uma inevitabilidade, contribuindo construtivamente para as discussões em torno da necessidade de acautelar a proteção de dados, acelerando o processo em vez de o adiar. Não tenho a menor dúvida que, dessa forma, todos – empresas, reguladores, prestadores de serviços às empresas -, poderemos mais rapidamente beneficiar do “ouro” da era digital, e que alguém facilitou quando conceptualizou o SAF-T.
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