Biden admite que o “Afeganistão caiu mais rápido que o previsto”
Presidente dos EUA lembra que os políticos afegãos desistiram e que se os próprios "afegãos não lutam pelo seu futuro", as forças norte-americanas não podem continuar no país.
Joe Biden admitiu esta segunda-feira que o Afeganistão “caiu mais rápido” que o previsto, mas mantém a retirada norte-americana do país porque o objetivo da intervenção dos EUA “nunca foi construir uma nação”. O presidente norte-americano ameaçou ainda os talibãs com uma resposta “devastadora” se existir um ataque a interesses dos EUA.
Num discurso de cerca de 10 minutos, na Casa Branca, Biden lembrou que é o quarto presidente dos EUA a gerir a guerra no Afeganistão e prometeu ser o último. “Não vou repetir erros” do passado, disse, antes de assinalar que os políticos afegãos desistiram rapidamente do país, assim como as forças policiais e militares apesar dos milhões e milhões de dólares gastos na “mais longa das guerras” dos EUA.
Depois de 20 anos de guerra, e centenas de baixas norte-americanas, o presidente norte-americano recordou que os “forças dos EUA não podem combater e morrer numa guerra” quando as próprias “forças afegãs não lutam” pelo seu país. Biden reconheceu que os EUA “não conseguiram ensinar às forças afegãs a vontade de lutar pelo seu futuro”, ainda que todas as condições tenha sido dadas aos militares afegãos, a quem os EUA até “pagaram os salários”.
A resposta da Casa Branca será “devastadora” se os talibãs atacarem interesses dos EUA, disse Biden, que promete apoiar o povo afegão através de assistência, cooperação ou ajuda humanitária. “Agiremos rapidamente contra o terrorismo” no Afeganistão “se necessário” e lembrou que o terrorismo está “metastizado” por várias geografias.
Sobre os últimos dias e os milhares de pessoas que invadiram o aeroporto de Cabul, Biden disse apenas que foram os próprios afegãos que não quiseram sair mais cedo do país.
Outros chefes de Estado de Governo reagiram esta segunda-feira ao regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão. Angela Merkel, poucas horas antes de Biden, assumiu a sua responsabilidade e a de toda a comunidade internacional por terem avaliado “erradamente” a situação. “Toda a comunidade internacional deu como certo que poderíamos prosseguir com a ajuda ao desenvolvimento”, disse a chanceler alemã, antes de classificar os últimos acontecimentos como “amargos, dramáticos e horríveis” e intervenção internacional como “um esforço sem êxito”.
A cerca de um mês de deixar a chancelaria em Berlim, após 16 anos, Merkel disse ainda que esta era “uma lição amarga” para milhões de afegãos que apostaram numa “sociedade livre”, em “democracia, educação e direitos das mulheres”. A Alemanha já adiantou que está a trabalhar para retirar todos os afegãos — cerca de 2.500 — que trabalharam com o exército e polícias alemães.
Emmanuel Macron, também esta segunda-feira, avançou que França continuará ativa na “frente diplomática” na situação afegã. “É nosso dever e nossa dignidade proteger aqueles que nos ajudam”, disse ainda o presidente francês, que prometeu ajudar os “muitos afegãos – defensores de direitos, artistas, jornalistas, ativistas — agora ameaçados.
Boris Johnson, por seu turno, adiantou esta segunda-feira que está a tentar organizar nos próximos dias uma reunião virtual com os líderes do G7 para definir uma “abordagem unificada” sobre a situação no Afeganistão.
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