Governo britânico admite mais falências por causa do aumento do preço do gás

  • Lusa
  • 20 Setembro 2021

"Já vimos quatro fornecedores sair do mercado nas últimas semanas e podemos esperar mais companhias saírem do mercado nas próximas semanas", admitiu o ministro da Economia britânico.

O ministro da Economia britânico, Kwasi Kwarteng, admitiu esta segunda-feira que mais empresas fornecedoras de energia vão falir nas próximas semanas por causa do aumento do preço do gás, mas garantiu que não haverá cortes no serviço às habitações.

“Proteger consumidores é a nossa principal preocupação”, afirmou, numa declaração de emergência na Câmara dos Comuns, no Parlamento, para atualizar os deputados sobre a situação.

Kwarteng garantiu que o Reino Unido tem “mais do que capacidade para responder à procura” e que “não vai faltar energia para acender as luzes ou o aquecimento este inverno”.

“Obviamente, a situação mundial do gás teve um impacto em alguns dos nossos fornecedores de energia. Já vimos quatro fornecedores sair do mercado nas últimas semanas e podemos esperar mais companhias saírem do mercado nas próximas semanas”, referiu.

O mercado de energia britânico é bastante competitivo, com cerca de 50 empresas registadas como fornecedores.

Algumas empresas mais pequenas estão em dificuldades porque os preços do gás subiram para níveis recordes, muito mais elevados do que o valor definido pelo Governo britânico como teto para proteger os consumidores mais vulneráveis de tarifas demasiado altas.

Entre as que estão em risco de não sobreviver está a Bulb, que distribui energia a 1,7 milhões de clientes no Reino Unido.

Os preços do gás natural dispararam cerca de 250% desde o início do ano no Reino Unido, 70% desde agosto, de acordo com a Oil & Gas UK (OGUK), que representa a indústria ‘offshore’ de petróleo e gás.

Isto determinou um aumento de 12% nos preços do gás para os consumidores com tarifas variáveis, previsto para entrar em vigor em 1 de outubro.

Nos últimos dois dias, o ministro da Economia reuniu-se com fornecedoras de energia e com o regulador, Ofgem, para discutir a situação, e garantiu que o Governo tem “planos robustos” para evitar que os consumidores não sofram cortes de gás no outono.

Algumas empresas sugeriram como medidas o fim dos tetos às tarifas, a remoção de alguns impostos associados ou empréstimos garantidos pelo Governo, mas Kwarteng recusou.

“O Governo não vai salvar empresas insolventes. Não haverá recompensa para erros ou má administração. O contribuinte não deve ter de pagar [para salvar] empresas com maus modelos de negócio e não são resilientes”, vincou.

O deputado do Partido Trabalhista, Ed Miliband, concordou que deve evitar-se alarmismo quanto à segurança energética do país, mas alertou para o risco de “complacência com o impacto nos preços e na situação económica”.

O deputado da oposição referia-se às consequências do aumento dos preços do gás, que já estão a alastrar para além do mercado de energia.

Na semana passada, o grupo de fertilizantes CF Industries, o maior fornecedor de dióxido de carbono (CO2) do Reino Unido, anunciou que iria interromper a produção por tempo indeterminado devido aos altos preços do gás natural.

Indústrias de alimentos e supermercados manifestaram preocupação com a possível falta desse gás usado no abate de animais, nos sistemas de refrigeração e embalagem de alimentos ou no fabrico de bebidas com gás, como refrigerantes e cerveja.

Outros setores, como a saúde e a energia nuclear, também dependem do uso de dióxido de carbono.

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