Portugal entre países da UE “de risco” no inverno se existirem problemas com gás argelino
O documento da ETSOG refere, no entanto, que em caso de rutura argelina no inverno existe uma cooperação eficiente na UE e "nenhum país está exposto a uma redução do fornecimento”.
Portugal faz parte do grupo de países “em risco” na União Europeia (UE) para eventuais perturbações das importações do gás da Argélia neste inverno, em altura de crise energética, não estando ainda assim exposto à redução do fornecimento.
Num documento com perspetivas de abastecimento para este inverno, a que a agência Lusa teve acesso, a Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão de Gás (ENTSOG) aponta possíveis “perturbações das importações da Argélia através de gasodutos”, definindo um “grupo de risco” que “é formado pela Áustria, Croácia, França, Grécia, Itália, Malta, Portugal, Eslovénia e Espanha”.
A Argélia, atualmente num clima de tensão com Marrocos que já levou ao corte de relações diplomáticas e que pode afetar o fornecimento de gás a Espanha, é um dos principais fornecedores de gás para a Europa, ainda assim superada pela Rússia, que tem a maior fatia, e pela Noruega.
Perante um cenário de “frio de duas semanas combinado com a rutura argelina, a infraestrutura de gás [europeia] permite uma cooperação eficiente entre os países e nenhum país está exposto a uma redução do fornecimento”, assegura a ENTSOG no documento.
O mesmo aconteceria num “dia de pico combinado com a rutura das importações de gasodutos argelinos”, já que “as infraestruturas de gás, incluindo as capacidades dos terminais de GNL em Espanha e Itália e o gasoduto transadriático, permitem uma cooperação eficiente entre os países”.
A conclusão surge numa altura de escalada de preços no mercado do gás devido à maior dependência das importações e à maior procura, cenário que ameaça exacerbar a pobreza energética e causar dificuldades no pagamento das contas de aquecimento neste inverno.
Os atuais níveis de armazenamento de gás na UE estão ligeiramente acima dos 75%, percentagem que ainda assim é mais baixa do que a média dos últimos 10 anos, que ronda os 90%.
Porém, nem todos os Estados-membros têm instalações de armazenamento de gás e os que têm utilizam-nas de forma diferente.
A ENTSOG estima neste documento que, perante um inverno mais frio que implica maior procura, “as necessidades de importação para a UE [de gás] poderiam ser 5% a 10% superiores às observadas nos últimos anos”.
Ainda assim, esta rede garante que “o sistema europeu de gás oferece flexibilidade suficiente para garantir a segurança do fornecimento de gás na Europa, desde que as importações possam ser mantidas a níveis semelhantes aos dos últimos anos”.
Na quarta-feira, numa comunicação sobre os preços da energia, a Comissão Europeia instou os Estados-membros da UE a analisarem “potenciais benefícios” de uma aquisição conjunta voluntária de reservas de gás, em altura de crise energética.
No documento, Bruxelas indicou que irá “explorar os possíveis benefícios da aquisição conjunta de reservas de gás por entidades regulamentadas ou autoridades nacionais para permitir o agrupamento de forças e a criação de reservas estratégicas”.
Além desta ação, a instituição quer “adotar em breve um ato delegado que crie novos grupos de risco de gás regionais transfronteiriços”, de acordo com a comunicação.
Em dezembro próximo, o executivo comunitário irá apresentar um pacote de iniciativas sobre o setor energético, admitindo intervir relativamente à aquisição e ao armazenamento de gás, de forma a reforçar as reservas da UE.
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