Like & Dislike: esquerda boicota inquérito à CGD

Uma comissão parlamentar cega, muda e surda. Não quer ver os SMS de Mário Centeno, não quer ouvir Armando Vara e não diz porque é que não quer ter acesso à lista dos maiores devedores da Caixa.

Que a esquerda não queria uma comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos já todos tínhamos percebido. Não é por acaso que PSD e CDS-PP tiveram de a convocar de forma potestativa. Da fase da negação, as esquerdas passaram agora para a fase de boicote. Vamos aos factos.

1. Não querem ouvir Armando Vara & Companhia

PS, PCP e Bloco já disseram que se faz tarde e que querem apressar o fim dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito. Os bloquistas até dizem que têm prontas as conclusões, sendo que uma delas é que a Caixa foi utilizada ao longo dos anos para suportar agentes do sistema financeiro e outros grupos, entre os quais o BCP.

Quando a direita apresentou um requerimento para ouvir Armando Vara, que saiu da Caixa (durante um mantado em que o banco público deu muitos créditos de qualidade duvidosa) precisamente para o BCP, a esquerda chumba. Até o próprio se ofereceu para ir à Comissão, mas já se percebeu que a presença do incómodo militante socialista Armando Vara seria incómoda para o PS.

PCP e Bloco, que durante anos tiveram um importante papel de fiscalização do Parlamento e do Governo, agora pactuam com este silenciar da Comissão, para proteger a Geringonça, ou eventualmente para evitar que se volte a falar na privatização do banco público. Qualquer que seja o motivo é mau.

2. Não querem ver a lista dos maiores devedores da Caixa

O principal objetivo desta comissão de inquérito é, como se pode ler no site do Parlamento, “apurar as práticas de gestão da CGD no domínio da concessão e gestão de crédito desde o ano de 2000”.

Para tal, os deputados pediram ao banco que facultasse a lista dos maiores devedores para perceberem que créditos e em que condições foram dados empréstimos que levaram a que se abrisse um buraco de 5,16 mil milhões de euros nas contas da Caixa.

O próprio Tribunal da Relação de Lisboa já veio dizer que os deputados podem ter acesso a essas informações, pois o interesse de “apuramento da verdade” sobrepõe-se ao “interesse do sigilo bancário”, profissional e de supervisão. Mas a esquerda chumbou o prolongamento do tempo de vida desta Comissão e o que vai acontecer é que o inquérito vai terminar sem que esses documentos tenham chegado ao Parlamento.

Fará sentido dar por concluídos os trabalhos de uma comissão que pretendia analisar a “concessão e gestão de crédito desde o ano de 2000” sem ver e avaliar esses créditos? O “apuramento da verdade” pedido pelo Tribunal ficará para outras núpcias ou para outras comissões.

3. E também não querem ver os SMS de Mário Centeno

Como se não bastasse o ponto 2) e o ponto 3), eis que agora ficámos a saber que PS, PCP e BE também não querem ver e discutir a troca de correspondência que António Domingues enviou para a Comissão e que o ECO revelou em primeira mão. E ainda menos os SMS que pelos vistos comprometem, e de que maneira, o ministro das Finanças.

Argumenta a esquerda que tal correspondência não cabe no âmbito do objeto da comissão de inquérito. Só pode ser má vontade. É que na alínea c) da Resolução da Assembleia da República n.º 122/2016, que define o objeto da comissão de inquérito, cabe tudo o que se queira investigar na Caixa.

Enquanto João Galamba e Marcelo Rebelo de Sousa fazem o jogo do ‘quem vai entalar quem primeiro’, o líder da bancada parlamentar do PS Carlos César veio sugerir à direita que faça uma outra comissão de inquérito, eventualmente para perceber se Mário Centeno terá mentido aos portugueses e ao Parlamento. A direita devia aceitar a sugestão. O caso é suficientemente grave para tal. E se quisessem nessa comissão alternativa chamar Armando Vara e analisar a lista dos devedores da Caixa, também não vinha mal ao mundo. Era capaz era de vir a verdade.

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