BRANDS' ECO Como a economia pode ganhar com a reciclagem
Que a reciclagem traz benefícios ambientais, ninguém questiona. Mas poderá o sector da reciclagem e da gestão de resíduos ter impactos económicos? Pode a economia ganhar com as vantagens ambientais?
Reduzir, reutilizar, reciclar. O que começou por ser uma orientação para a sustentabilidade, os já famosos três R, é hoje cada vez mais visto como um “guia” para novas oportunidades de negócio e um contributo cada vez mais relevante para o dinamismo económico de países e empresas. A viragem para a economia circular não é um claim ambiental, é também um apelo a uma nova industrialização, verde, digital e assente em energias renováveis.
Numa primeira abordagem à questão parece evidente afirmar que da preocupação com o ambiente, decorrem, desde logo, benefícios financeiros trazidos pela poupança que resulta da maior eficácia e eficiência dos sistemas produtivos e consequente redução dos consumos. Uma análise mais atenta a todas as oportunidades decorrentes da industrialização verde em curso permite concluir que os impactos fazem sentir-se também em todo o ecossistema económico.
Veja-se o caso da reciclagem. O setor depara-se com o enorme desafio de atingir as metas europeias com que o país se comprometeu de atingir 65% de reciclagem de todas as embalagens colocadas no mercado até 2025. A necessidade de acelerar o cumprimento das metas obriga a estudar a cadeia de valor da gestão de resíduos para encontrar novas soluções.
A começar pelo packaging, que precisa de ser mais inteligente, com recurso a matérias secundárias e recicláveis, com mais informação para o consumidor e que facilite o processo de reciclagem quando o produto chega ao fim de vida.
O país tem na industrialização verde uma oportunidade para investir em projetos diferenciadores, criar emprego, criar valor para economia e criar mais postos de trabalho numa lógica de convivência integrada entre a política económica e política ambiental.
Inovadores e empreendedores são chamados a participar neste processo de repensar e redesenhar soluções para os desafios com que o setor se depara. Novos negócios nascem e novos postos de trabalho são criados. A economia ganha e prospera.
O programa de inovação aberta da Sociedade Ponto Verde, Re-Source, centrado na economia circular e na transição digital dos resíduos de embalagem, é disso mesmo um exemplo. Vários projetos-piloto com oportunidade de seguirem para implementação, com potencial de gerar mais negócio e emprego.
Também a recolha dos resíduos precisa de evoluir para prestar um melhor serviço ao cidadão e estes possam reciclar mais. É necessário introduzir sistemas de recolha porta a porta, que preservem a qualidade das matérias-primas para reciclagem.
O país tem na industrialização verde uma oportunidade para investir em projetos diferenciadores, criar emprego, criar valor para economia e criar mais postos de trabalho numa lógica de convivência integrada entre a política económica e política ambiental.
Foi a viragem para a economia circular, urgente e essencial para a preservação do planeta e dos recursos naturais dos quais a vida humana depende, que permitiu “alavancar” estas novas oportunidades. Os líderes europeus deram um sinal muito claro de que querem caminhar neste sentido e diferenciam-se no panorama geopolítico mundial com a assinatura do Green Deal, também conhecido como Pacto Ecológico Europeu.
Neutralidade carbónica, eficiência no consumo de água, evitar a emissão de gases com efeito de estufa, a mobilidade elétrica, as energias renováveis, as embalagens e os plásticos fazem parte deste plano de ação orientado para a circularidade.
Inerente a toda a sua estratégia está a necessidade de olhar para os negócios, serviços ou produtos e aplicar a equação cada vez mais familiar de quem tem como preocupação a sustentabilidade, os já falados três R. Onde e como podemos reduzir o consumo de matérias-primas e, como tal, a produção de resíduos, a possibilidade de reutilização (quantas mais vezes melhor) e o potencial de reciclagem dos materiais usados. É todo um admirável mundo novo que se abre a empresas, Estados e consumidores.
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