Pessoas, longevidade e economia: uma equação de resultado positivo
O ano de 2022 ficará na memória de muitos portugueses por várias razões e uma delas será pelo aumento da sensibilidade para temas relacionados com a longevidade e o seu impacto na economia.
Ao longo do ano iremos assistir a um aumento da oferta, em várias áreas da economia nacional, relacionadas direta e indiretamente com a longevidade e todos nós estaremos mais sensíveis para o que significa viver mais tempo.
Ao nível político, assistimos o ano passado ao aparecimento da primeira agência governamental dedicada aos temas da longevidade, na Madeira (Direção Regional para as Políticas Públicas Integradas e Longevidade), o tema da economia da longevidade esteve no programa político tanto dos candidatos como de atuais Presidentes de Câmara do Funchal e de Oeiras, pelo menos, e foi criada a rede Repensa (Rede Portuguesa de Envelhecimento Saudável e Ativo) que une quatro grandes polos de investigação relacionados com o tema do envelhecimento. Assim, chegamos ao final de 2021 com algumas importantes sementes plantadas e este ano iremos ver crescer os frutos destas sementes.
Ao nível europeu também foram dados passos importantes, com a colocação em debate público do livro verde para o envelhecimento ativo e saudável, com o reforço do posicionamento de alguns países na esfera global da economia da longevidade, como Japão, Itália, Reino Unido e Espanha.
Do que me tem sido dado a perceber, e mal começamos 2022, é que está a haver uma forte movimentação tanto do Japão como dos Estados Unidos para se posicionarem como recetores de empresas e start-ups (unicórnios e potenciais unicórnios) cujas áreas de atuação estão de alguma forma relacionadas com as áreas da longevidade e do envelhecimento.
Cada vez mais o foco está na longevidade mais que no envelhecimento, mesmo quando o objetivo é a descoberta de soluções que permitam às pessoas combaterem ou mitigarem aqueles que são os efeitos naturais do processo de envelhecimento que, bem vistas as coisas, começa no momento em que começa a vida.
Tudo isto para referir que a longevidade será sem dúvida uma das grandes palavras do ano.
Mas que impacto terá nas pessoas e na economia?
Assistimos a um investimento significativo em soluções que visam promover a longevidade, como por exemplo as cidades estarem a tornar-se cada vez mais inclusivas (mesmo que ainda haja um longo caminho a percorrer até que sejam verdadeiramente intergeracionais e promotoras da longevidade). E os setores da saúde/bem-estar, da banca e finanças e alguns players na área do imobiliário e urbanismo começam a disponibilizar soluções promotoras da longevidade.
Fala-se já na necessidade de criar um mercado de consumo para a longevidade, um mercado europeu que permita à Europa concorrer com outras geografias. Isto implicará numa associação/organização das empresas para que exista uma estratégia concertada para a criação deste “mercado único” da longevidade na Europa.
Ou seja, vamos de facto viver mais e ter cada vez mais acesso a uma panóplia de ferramentas que promovem a longevidade das pessoas. Mas estão as pessoas cientes disso e das suas implicações? Estamos de facto a investir na promoção da literacia para a longevidade, em tudo o que isto implica?
Eu não tenho dúvidas que um dos bons caminhos para o crescimento da economia nacional é a aposta na economia da longevidade, que é mais do que a longevidade em si. Vejo boas movimentações no campo da oferta, mas está a procura mapeada? Sabemos o que as pessoas realmente querem e quais são as suas inquietações, quando confrontadas com a realidade de viverem até aos 100 anos?
A longevidade é um motor de crescimento das economias e de sustentabilidade das sociedades e a equação que junta pessoas+longevidade+economia é uma equação que tem um resultado positivo, caso contrário não teríamos as grandes economias mundiais a apostar na economia da longevidade.
Portugal pode ter um papel muito interessante no ecossistema europeu e latino-americano. Contudo, é preciso perceber que papel é esse, desenhar uma estratégia e definir a sua implementação. Nesse sentido, 2022 pode ser o ano de viragem para Portugal.
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