Direção da New Balance España apresenta-se ao juiz por coacção e abuso de poder
A queixa contra Anna Scheidgen e Ángela Scheidgen, anterior e atual CEO da New Balance España, foi apresentada por dois distribuidores da marca, Experience Store S.L. e Experience Store Outlet.
O magistrado notificou na sexta-feira passada em Madrid a CEO e a diretora de operações em Espanha e Portugal da New Balance de uma queixa em que ambas são acusadas de terem tentado adquirir as empresas que projetaram a marca nos dois países, noticia a Servimedia.
Anna Scheidgen, que até há algumas semanas atrás era a CEO da New Balance em Espanha, e a sua filha, Ángela Scheidgen, agora CEO e anteriormente diretora de operações, compareceram no Tribunal de Instrução Nº 9 de Madrid.
Ambas apresentaram-se como arguidas, após a queixa criminal que as empresas Experience Store S.L. e Experience Store Outlet apresentaram contra a empresa norte-americana New Balance, as suas subsidiárias e os seus quadros diretivos em Espanha. Outro dos convocados para o tribunal foi Paul Guaron, o vice-presidente da New Balance global, com sede em Boston, cujos advogados solicitaram que a sua declaração fosse feita por videoconferência.
Os arguidos são acusados de coação, um delito contra o mercado e os consumidores pela descoberta e utilização de segredos empresariais e um delito contra o mercado por abuso de posição dominante.
Na audiência, após ter ouvido as partes, notificado a queixa e lido os direitos dos arguidos, o juiz decidiu adiar o processo a fim de aprofundá-lo e de delimitar legalmente as infrações a investigar.
Como é relatado na queixa, estas duas empresas, que desde 2016 eram responsáveis por promover a marca New Balance e desenvolver a criação de dezenas de lojas destes produtos desportivos em Espanha e Portugal, sentem-se “traídas e sujeitas a pressão” para vender a um preço reduzido a estrutura comercial a favor do gigante americano.
A queixa inclui e-mails entre a direção da New Balance e as empresas Experience Store S.L e Experience Store Outlet (ambas com sede em Madrid), onde se comentava que o contrato, que as ligava desde 2016 e que terminou em 2021, seria prorrogado até 2026.
Os benefícios económicos da rede comercial implantada pela Experience Store S.L. e Experience Store Outlet têm vindo a multiplicar-se exponencialmente. A empresa norte-americana optou por deixar de fornecer produtos e infraestruturas a estes distribuidores comerciais, de forma a causar um estrangulamento económico que os obrigaria a vender esta rede de distribuição comercial a um preço mais baixo.
A queixa abrange a estratégia da New Balance e, especificamente, de Anna Scheidgen e da sua filha e diretora de operações Angela Scheidgen (ambas convocadas para a investigação a 18 de março) que, ao abrigo da proposta de compra da rede comercial da Experience a preço de mercado e utilizando os seus proprietários, tiveram acesso aos dados confidenciais das duas empresas.
Esta ação deu-lhes informação privilegiada sobre os números das duas empresas, dos seus clientes e dos seus planos de desenvolvimento. Experience forneceu esta informação no contexto das negociações para a eventual venda, sem pensar que tudo isto era uma decisão da direção da New Balance.
A ideia era subjugar economicamente as duas empresas de Madrid e assim forçá-las a vender a sua estrutura, que inclui dezenas de lojas e uma carteira comercial que colocou o valor das duas empresas em cerca de 30 milhões de euros. O grupo Experience emprega mais de 250 pessoas.
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