Turismo otimista para a Páscoa. Hotelaria admite subidas de preços acima dos 10%

Expectativas para a Páscoa são animadoras, com quase todos os hotéis abertos e um aumento da procura pelo turismo de natureza.

O turismo continua a recuperar do impacto provocado pela pandemia e, para a Páscoa, as expectativas são positivas, desde a hotelaria até ao alojamento local. O setor acredita que a Páscoa possa ser “o pontapé de saída” para a retoma do turismo, numa altura em que os números já estão muito próximos dos resultados de 2019. As agências de viagens já sentem o ritmo positivo da procura, mas o setor também sente os efeitos da invasão russa à Ucrânia e, por isso mesmo, a hotelaria admite subidas de 10% nos preços para compensar o aumento dos custos da energia.

Em abril, o número de bilhetes emitidos para voos com destino a Portugal disparou 500% face a abril de 2021, adianta ao ECO Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal. Contudo, importa notar que este número não inclui companhias low-cost nem bilhetes reservados diretamente com as companhias aéreas. Ainda assim, o responsável está confiante para a Páscoa, notando que, “em termos de conectividade aérea”, o país está “muito próximo dos números de 2019”, ano em que se bateram recordes no setor do turismo, com 27 milhões de turistas.

A hotelaria tinha “boas” expectativas para a Páscoa e, por esta altura, mantêm-se. “Esperamos que a Páscoa possa ser o pontapé de saída para a retoma”, diz Cristina Siza Vieira, CEO da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), apontando que “já havia uma procura muito grande”.

Depois de um janeiro e fevereiro “muito maus”, a responsável diz que o setor “estava em apneia a aguentar até à Páscoa” e que, neste momento, acredita que “haverá bastante mais hotéis abertos”, embora cerca de 20% deverão continuar de portas fechadas. O Grupo Vila Galé, por exemplo, terá todos os 27 hotéis no país a funcionar, adianta ao ECO o administrador Gonçalo Rebelo de Almeida.

O responsável pela segunda maior cadeia hoteleira do país afirma que as expectativas para a Páscoa são “positivas”, “com reservas de clientes nacionais e estrangeiros”, o que faz prever taxas de ocupação acima dos 80%. Do lado da AHP, as projeções apontam para um peso de 60% de turistas internacionais, embora a procura por portugueses para o setor hoteleiro também seja considerável.

As expectativas positivas alastram-se até ao alojamento local. “Finalmente conseguimos ter alguma expectativa de recuperação”, diz ao ECO Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local de Portugal (ALEP). “Março já foi mais otimista e a Páscoa é justamente o que marca as expectativas de início da retoma”, acrescenta o responsável, notando que a Páscoa “é um marco importante” para o setor.

Turismo de natureza com muita procura

Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, nota que “uma das lições da pandemia” foi a abertura do mapa turístico nacional e isso continuará a ser uma tendência. “O aumento da procura por outras regiões não tão turísticas”, mais concretamente o interior do país, “foi muito positivo” e vai manter-se, afirma o responsável. A presidente da AHP defende o mesmo e antecipa que as férias da Páscoa assistirão a uma forte “procura pelo turismo de natureza”, nomeadamente no interior do país, embora os destinos de sol e mar continuem a predominar.

O administrador do Vila Galé nota que, na Páscoa, “genericamente todas as regiões estão com procura”, embora o Algarve, Alentejo, Douro e Braga se destaquem. O mesmo cenário é observado no alojamento local, com Eduardo Miranda a explicar que a Páscoa “marca o começo das reservas nas zonas de praia e urbanas”, mas que deverá manter-se a “apetência pelo interior, por casas mais rurais” — tendência que “marcou a pandemia”.

Do lado da Agência Abreu, a procura dos portugueses por férias da Páscoa lá fora também já é notória. “Este ano a oferta é superior à dos anos anteriores, mas a procura correspondeu e pode até superar a oferta em algumas datas“, diz ao ECO Pedro Quintela, diretor comercial da agência de viagens, apontando o “bom nível e ritmo da procura para a temporada da Páscoa”.

Para esta altura, as ofertas preparadas pela Abreu são várias. Cabo Verde e Djerba (Tunísia) são os destinos internacionais mais próximos, com preços a partir de 499 euros, mas as Caraíbas, o México e a República Dominicana também estão em destaque esta Páscoa, com ofertas desde 855 euros. “Paralelamente, verificamos uma grande tendência para destinos alternativos como os Estados Unidos e Brasil“, diz o responsável da Abreu.

Hotelaria admite subidas de 8% nos preços. Alojamento local deve mexer pouco

A invasão russa à Ucrânia provocou um disparo nos preços de vários segmentos e isso acaba por afetar todas as empresas, incluindo as do setor do turismo. “É fruto da inflação que já se fazia sentir antes da guerra”, diz Cristina Siza Vieira. “São os chamados efeitos indiretos”, acrescenta, explicando que, “por um lado, os custos de produção já estavam a subir”, incluindo dos alimentos, abastecimentos, matérias-primas, etc. “Neste momento, por causa da guerra, isso intensificou-se. E, naturalmente, sempre que sobem os preços na fonte, a jusante também haverá impacto“, afirma.

A presidente-executiva da AHP nota que já se estão a assistir subida de preços nas estadias no setor hoteleiro. “No mínimo dos mínimos estão a subir 8%, mas acredito que possam subir mais”, diz, notando que, mesmo durante a pandemia, “não houve uma baixa de preço”. “Portugal já não é um destino de preços muito baixos há muitos anos. O mercado quer apostar noutro tipo de turismo”, explica.

No alojamento local o cenário é um pouco diferente e, diz Eduardo Miranda, “esse é um dos aspetos positivos”. “Não é pela baixa de preços que vamos conquistar mais clientes. Não sentimos uma guerra de baixar preços, é mais ou menos na mesma linha de antes”, diz o presidente da ALEP, referindo que “em alguns segmentos houve até alguns sinais de pequenas subidas dos preços”. “O que é bom, porque os custos vão aumentar”.

Ainda assim, Eduardo Miranda diz que “a expectativa é de que os preços se mantenham”. “Não estamos a observar uma guerra de preços, que era o nosso medo, que numa retoma os operadores ao estarem com muita ansiedade para terem reservas usassem o preço como fator de atração”, diz.

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