Aumento do crédito à habitação “também tem a ver com o crescimento muito forte dos imigrantes”

O CEO do BCP considera que se a banca pudesse financiar os empréstimos a 100% a garantia pública não era necessária. Diz ainda que "o potencial do banco é grande", mesmo depois da forte valorização.

O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, antecipa um crescimento do crédito à habitação com a descida das taxas de juro, mas também em resultado do aumento da imigração nos últimos anos. O banco pretende também crescer no crédito pessoal, aproveitando as oportunidades criadas pela tecnologia: “Podemos fazer muito melhor do que estamos a fazer”.

Há muitos imigrantes a estabelecerem-se e a criarem vidas em Portugal e o tema da habitação é um tema central. Há um crescimento de operações que pode vir daí e há um crescimento de clientes que pode vir daí“, afirma o gestor, que é um dos nomeados para o prémio de melhor CEO dos Investor Relations and Governance Awards, uma iniciativa da consultora Deloitte.

As ações do BCP estão a valorizar pelo quinto ano consecutivo, mas Miguel Maya considera que o preço ainda não reflete totalmente o valor do banco. “O potencial do BCP é grande. Eu não recomendo ou deixo de recomendar. O que eu digo é que é um excelente banco de relação”, argumenta.

Rejeita também que o programa de recompra de ações de 200 milhões de euros em curso seja para evitar uma oferta de compra hostil, mas reconhece que o banco está mais apetecível.Houve uma altura em que ninguém queria o BCP. Era quando o balanço do BCP e o banco estavam em dificuldade. Considero que o banco hoje é um banco muito mais interessante, felizmente, do que era há dez anos”, diz.

Já tínhamos a instabilidade geopolítica criada pela guerra entre a Ucrânia e a Rússia e o conflito na Faixa de Gaza. A isto somou-se uma deterioração das garantias de segurança na Europa devido ao posicionamento da nova administração americana e uma nova ordem comercial protecionista imposta pelo Presidente Donald Trump. Em Portugal estamos a atravessar um período de maior instabilidade política. Que implicações têm este novo enquadramento externo e interno para a evolução dos resultados da banca e do BCP em particular?

Deixe-me dizer que eu acho que ainda estamos numa grande desordem, mas caminharemos para uma nova ordem. Uma banca se está alinhada com os interesses da sociedade reflete muito aquilo que se passa na economia real. Aquela separação de que se falava no passado entre a economia real e os bancos, como se fosse um mundo à parte, é uma ficção.

O ciclo é que pode ser ligeiramente diferente, ou seja, os bancos sentem um bocadinho mais tarde aquilo que acontece na economia. Obviamente, as empresas sofrem primeiro e os bancos sofrem depois, porque o nosso ativo é o crédito à economia, portanto, quer às famílias, quer às empresas.

Isso significa, então, que vai existir um impacto nos resultados?

Isso significa que o impacto nos resultados terá uma dimensão marcada muito por aquilo que for o comportamento e a resiliência da economia portuguesa àquilo que se está a passar no mundo. Eu não estou tão negativo como muitas pessoas.

Quero acreditar, com base em informação factual, que nós teremos alguma capacidade de suportarmos melhor do que no passado, porque o país está mais forte, porque o sistema financeiro está mais forte, porque as nossas pessoas são muito melhor preparadas do que no passado – existiu um investimento grande na educação –, porque as nossas contas estão mais equilibradas e, portanto, a nossa capacidade de resistir ao impacto será maior.

Ainda assim, será possível repetir o resultado que o BCP teve em 2024?

Eu, como sabe, sendo uma empresa cotada, não posso estar a fazer projeções de resultados. Não vou fazer projeções de resultados. O que digo é que o potencial do BCP é bastante relevante. É óbvio que há uma pressão maior sobre a margem financeira, isso é factual, com a descida das taxas de juros.

Mas também é factual que no BCP a qualidade do ativo, hoje, não é de todo um tema. Aquilo que o banco fez de provisões em anos anteriores, nesta fase do ciclo não tem comparação com aquilo que foi no passado.

O banco está mais bem preparado para continuar a ter resultados positivos.

O banco, do ponto de vista da solidez do balanço, é completamente diferente daquilo que era há dez anos, oito anos, seis anos. Estamos também nós muito melhor preparados para lidar com um ambiente que é muito mais instável e muito mais adverso.

Acho que não é o momento de dramatizar relativamente àquilo que seja a evolução futura e, portanto, eu continuo a estar razoavelmente otimista sobre aquilo que vai ser o desempenho da economia portuguesa em 2025.

Estava há pouco a referir a relação entre a evolução da atividade do banco e da economia. A economia portuguesa registou uma contração do PIB em cadeia de 0,5% no primeiro trimestre, muito devido ao abrandamento do consumo e à desaceleração das exportações de bens e serviços. Preocupa-o esta evolução?

Tudo o que seja abrandamento preocupa, porque o que nós devemos procurar é o crescimento. Portugal tem que crescer e, nesse sentido preocupa. Dizer que estamos perante uma situação dramática, uma mudança completa de jogo para um outro tabuleiro, digo que é claramente cedo para tirar essa conclusão.

Com toda esta instabilidade, o que seria normal é que quer as pessoas quer as empresas se protejam para perceber o que se vai passar. É uma atitude de prudência e deve ser deve ser bem entendida.

Acho que não é o momento de dramatizar relativamente àquilo que seja a evolução futura e, portanto, eu continuo a estar razoavelmente otimista sobre aquilo que vai ser o desempenho da economia portuguesa em 2025.

O cenário do BCP afasta então qualquer hipótese de uma recessão, mesmo que ligeira e curta, em Portugal.

Nós fazemos um conjunto de planos para cenários alternativos e temos de estar preparados para diversos cenários, mas não estou a formular como cenário central uma recessão em 2025, de todo.

Mas face a este cenário de incerteza externa e também interna, nota-se já uma retração nas decisões de investimento das empresas portuguesas?

Você acabou de ditar os números. Os números refletem as intenções. O que você vê é um abrandamento também do investimento, que não está a ser executado de acordo com aquilo que estava previsto. É uma atitude racional e correta, perante a incerteza, as pessoas concentrarem os investimentos naquilo que faz sentido e que é absolutamente necessário.

O que noto neste momento da parte dos empresários é, por um lado, uma clara consciência que têm que ter as empresas mais robustas, mais resilientes, e, por outro lado, em antecipação, perceber que há aqui um conjunto de oportunidades. E as oportunidades resultam também, como disse, de todas estas cadeias de abastecimento que se estão a reformular. Nós não podemos ficar à espera para ver onde é que a bola vai cair.

As pessoas têm que se antecipar para poderem ter capacidade de resposta àquilo que são as novas solicitações. Vemos empresários que já estão a antecipar quais é que são as oportunidades que resultam deste novo enquadramento e a fazer investimentos.

Não só a investir em alguns mercados para assegurarem a presença nesses mercados, não só a diversificarem os mercados de destino de exportação e de origem de importações, mas também a prepararem-se para poder ser claramente um hub na Europa, para que alguns países possam fazer aqui os seus investimentos ou beneficiar dos investimentos que estes empresários estão a fazer.

Acreditamos que a tecnologia nos vai dar uma forte capacidade de alargar o nosso âmbito de atuação no crédito pessoal.

Olhando também para as famílias e o segmento do crédito às famílias, temos assistido a um crescimento bastante forte do crédito ao consumo, de cerca de 7% em termos homólogos, e também a um aumento dos níveis de incumprimento no crédito ao consumo. O banco está a ter de olhar de forma mais atenta para este comportamento? Como é que encara esta evolução?

O banco não está a olhar de forma mais atenta, porque o banco olha sempre de forma muito atenta relativamente a isso. O crédito ao consumo em Portugal está marcado, diria, por três grandes pilares. O crédito das marcas, sobretudo ao nível do automóvel, que é um mercado muito específico em que o preço do crédito se confunde, muitas vezes, com o preço do próprio automóvel.

Depois temos um conjunto de operadores especializados que têm um peso muito grande e depois da banca de relação. O BCP posiciona-se como um banco de relação, quer dizer, nós o que temos é o conhecimento do cliente, a confiança do cliente e é neste segmento que nós atuamos.

E somos um banco muito forte no segmento da banca de relação. Acreditamos que a tecnologia nos vai dar uma forte capacidade de alargar o nosso âmbito de atuação no crédito pessoal.

A ideia do BCP é aumentar o negócio ao nível do crédito pessoal?

É, obviamente, sempre a pensar no cliente. E pensar no cliente não é pensar na oportunidade e esquecer as consequências para o cliente. É conceder um crédito que possa ser útil ao cliente e que possa ser pago com tranquilidade e normalidade ao longo do período. Não estamos à procura do PowerPoint do próximo trimestre, estamos à procura de que esse cliente que pede um crédito connosco seja nosso cliente dentro de 20 ou 30 anos.

Como é que tenciona fazer esse crescimento?

O crédito resultava muito de os operadores especializados estarem no ponto de venda. Nós, hoje, com os desenvolvimentos da tecnologia, estamos permanentemente com o cliente na própria app. E, portanto, não há nenhuma razão para o cliente ter que se expor a quem quer que seja. Ele sabe que o seu banco está ali, que pode fazer o pedido e que tem uma resposta com um nível de rapidez enorme.

Estamos a falar do crescimento do pagamento fracionado?

Estamos a falar do crescimento do pagamento fracionado, do crédito pessoal para o que quer que seja.

Ainda assim, não considera preocupante este aumento dos níveis de incumprimento no crédito?

Não considero. É o mercado versus o BCP. No BCP, não tenho nenhuma preocupação adicional relativamente a essa matéria, porque somos muito cuidadosos e fazemos sempre uma análise muito consistente. Situações de desemprego acontecem, situações de divórcio acontecem, mas a nossa preocupação é conceder crédito de uma forma completamente sustentável e configurá-lo de forma a que o cliente o possa pagar.

Há muitos imigrantes a estabelecerem-se e a criarem vidas em Portugal e o tema da habitação é um tema central.

A descida das taxas de juro de referência pelo BCE e da Euribor vai proporcionar um maior crescimento do crédito à habitação?

Sendo o crédito mais barato, facilita o lado da procura. No crédito à habitação, obviamente que a taxa é muito importante, mas também tem a ver com a quantidade de pessoas que estão a chegar ao mercado de trabalho. Também tem a ver com o crescimento muito forte dos imigrantes em Portugal.

E resulta de um problema que existe em Portugal, que é a habitação própria e permanente. Esses são os fatores essenciais. A taxa de juro é um elemento facilitador, vai permitir que mais pessoas possam aceder a casa própria.

Há muitos imigrantes a procurar o BCP para ter crédito à habitação?

Há muitos imigrantes a estabelecerem-se e a criarem vidas em Portugal e o tema da habitação é um tema central.

O peso desses clientes está a aumentar?

A população portuguesa está a crescer em resultado da imigração, não é em resultado da natalidade das famílias portuguesas. Obviamente que se reflete.

O crescimento do número de clientes pode vir daí.

Há um crescimento de operações que pode vir daí, há um crescimento de clientes que pode vir daí. O que nós temos que fazer é o que fazemos para todos os outros clientes, que é trabalhar com rigor, com a identificação clara daquilo que é o cliente, qual é que é a sua relação. Volto ao ponto inicial, somos um banco de relação.

Se a pessoa está cá, mas não sabe se quer cá ficar, seguramente não vai conseguir um crédito no BCP. Se está cá, se quer estabelecer-se, se tem emprego, etc., obviamente o BCP é um banco que deve ser procurado por esses clientes.

Uma das medidas para estimular o acesso à habitação, mais concretamente dos jovens, foi a garantia pública para o crédito. É possível ter um balanço dos pedidos feitos até agora?

Eu só divulgo os números da garantia pública na apresentação dos resultados. O que é o tema da garantia pública? As pessoas precisam de financiamento a 100% para a aquisição da casa, mas a banca obrigava, no mínimo, a 10% de capitais próprios. Isto permite chegar aos 100%.

Eu sou um defensor da garantia pública, porque vejo os jovens a entrar no mercado de trabalho e com os salários em Portugal, muitas vezes, os pais não têm essa capacidade de dar os 10%. As pessoas vão ter que estar a trabalhar um conjunto de anos, [a viver] em casa arrendada.

Eu não precisava da garantia para nada se fosse possível financiar a 100%. Aliás, julgo que não vamos utilizar nada da garantia, no sentido de ter de vir a recuperar os créditos.

Eu não precisava da garantia para nada se fosse possível financiar a 100%. Aliás, julgo que não vamos utilizar nada da garantia, no sentido de ter de vir a recuperar os créditos. Eu espero recuperar muito pouco do crédito que estamos a conceder por recurso à garantia, porque nós estamos a conceder este crédito na convicção que o cliente vai ser capaz de pagar. Acho que é um instrumento correto.

Esgotando-se o montante previsto para a garantia, ele deve ser reforçado?

Esgotando-se esse montante, há que fazer um balanço. Todas as coisas fazem sentido quando são criadas, depois o mundo evolui e nós temos, de tempos a tempos, que fazer um reassessment.

É a nossa obrigação a seguir fazer um balanço, porque se se chegar à conclusão que o número de casos em que a garantia foi de facto utilizada e que o Estado teve que entrar em dinheiro foi muito reduzido, se calhar é a regra que tem que ser revista.

Em que sentido?

No sentido de não ser necessária a garantia e que a banca possa financiar a 100%.

Mas isso é uma responsabilidade mais do regulador do que do Governo?

É uma responsabilidade de todos da sociedade portuguesa de fazer um balanço sobre a evolução das coisas, olhar para os factos, para os resultados e tirar as conclusões. Eu não estou a dizer que é isso que deve ser feito. Estou a dizer que é má gestão não avaliar aquilo que se faz em função dos resultados.

Por exemplo, as linhas Covid. Eu ouvi muita gente a dizer na altura que ia ser uma bomba-relógio, lembra-se? Onde é que está a bomba? Onde é que explodiu? As linhas Covid e o comportamento exemplar da banca o que permitiu é que as empresas estejam menos endividadas, porque o que fizeram não foi contrair financiamento adicional, foi, no fundo, fazer uma moratória. Resultou em menos incumprimento, mais empresas mantiveram a capacidade, e em menos endividamento para o país.

As ações do BCP valorizaram-se em 2024 pelo quarto ano consecutivo e foram mesmo as que mais subiram na bolsa de Lisboa no ano passado. Este ano estão novamente em alta, avaliando o banco em 8,7 mil milhões de euros. Considera que agora o banco já está justamente avaliado?

Deixe-me começar assim. O BCP fez um caminho de recuperação que é a obra de muitas pessoas, muitos trabalhadores e equipas de gestão ao longo deste período. É um trabalho em que nós acreditámos desde o primeiro momento, que implicava sacrifícios fortes, mas que estávamos convictos que iria dar resultados.

O resultado foi termos entregue o plano estratégico do banco com mais de um ano de antecedência. Ponto número um. Em 2023, dos bancos cotados da zona euro, só houve um banco que teve uma valorização semelhante à do BCP. Em 2024, o desempenho foi muito acima do índice de bancos europeus. Estamos a colher o resultado do trabalho de vários anos.

Significa, então, que o mercado já reconhece de forma justa aquilo que é o valor criado pelo BCP.

Eu não digo isso, porque acho que o potencial do BCP é grande. Eu não recomendo ou deixo de recomendar. O que digo é que é um excelente banco de relação, é um banco que tem um franchise ótimo, é um banco que tem uma operação na Polónia que é uma operação muito interessante e que também ela própria fez um processo de recuperação.

E é para manter essa operação na Polónia?

É, obviamente, todas as operações que nós temos são para manter. A nossa gestão é baseada em factos, em dados, e, portanto, questionamos tudo: o crédito pessoal, o crédito à habitação, as operações, a rentabilidade, investimentos, sucursais. Tudo isto, não damos nada por adquirido, estamos permanentemente a fazer um assessment.

O Santander está a sair da Polónia, o BCP não vai fazer o mesmo.

Não está em cima da mesa sair da Polónia.

Nem de Moçambique?

Nem de Moçambique.

E entrar em novas geografias?

Nós temos que perceber quais é que são as vantagens competitivas que temos para essas novas geografias. Nós fomos para Moçambique, na altura com vantagens competitivas. Nós fomos para a Polónia numa altura em que não havia praticamente banca de retalho de relação na Polónia e fomos fazer ali com sucesso.

Aliás, temos mais trabalhadores na Polónia do que temos em Portugal. Obviamente que nos últimos anos o tema de novas operações não esteve em cima da mesa porque é preciso saber claramente quais é que são as prioridades. A prioridade era pôr o banco com a situação que tem hoje.

Esse trabalho está feito.

Esse trabalho está feito. Agora, há muitas coisas para fazer. Como lhe disse ainda há pouco, acho que nós podemos fazer muito melhor do que estamos a fazer no crédito pessoal. Mas muito melhor, porque não vejo hoje vantagens competitivas para os operadores especializados, com exceção dos créditos das marcas automóveis, e portanto, há ali um potencial grande em que nós podemos trabalhar de outra forma.

Não estou a pensar pedir, estou a pensar distribuir [dinheiro aos acionistas]. Esta é a fase nova da vida do BCP: é ter a certeza que os acionistas têm uma confiança grande no banco, têm um ativo que é um porto seguro.

Mas estão a olhar para outros mercados?

Estamos sempre a olhar para oportunidades que surjam, mas não estamos à procura. Se me perguntar qual é, para mim, Miguel Maya, a prioridade, é remunerar adequadamente os acionistas. Nesta instabilidade de mercados que temos, eu quero que os investidores olhem para o BCP como um investimento bastante interessante do ponto de vista da sua rendibilidade.

Não estou a pensar pedir, estou a pensar distribuir [dinheiro aos acionistas]. Esta é a fase nova da vida do BCP: é ter a certeza que os acionistas têm uma confiança grande no banco, têm um ativo que é um porto seguro.

O anúncio do programa de recompra de ações e remuneração aos acionistas foi também lido como uma forma de proteger o banco de uma oferta pública de aquisição amigável ou hostil. Concorda com essa leitura?

Esse é um prisma, não é o meu prisma. O meu prisma é valorizar o banco; é ter a certeza que múltiplos acionistas têm interesse em ter ações do BCP. Isto é que é a minha grande preocupação. Depois, se houver operações e se há interesse no BCP, isso é um tema dos acionistas. Houve uma altura em que ninguém queria o BCP. Era quando o balanço do BCP e o banco estavam em dificuldade.

Mas considera que o BCP é agora um banco mais apetecível?

Considero que o banco hoje é um banco muito mais interessante, felizmente, do que era há dez anos.

Temos também de falar de consolidação interna. Já afirmou no passado que havendo uma operação no mercado, o BCP tinha a obrigação de olhar para ela. Temos neste momento uma operação que é a venda do Novobanco. O BCP já fez uma análise a essa operação?

Eu já lhe disse várias vezes que nós no BCP estamos sempre atentos. Nós não estamos à espera de ver onde é que as bolas caem para começar a correr para as bolas. Nós começamos a ver onde é que estão os jogadores que têm as bolas, quais as jogadas alternativas, onde é que eles podem pôr as bolas. Todas as oportunidades são por nós analisadas para perceber se fazem sentido ou não.

Essa análise já foi feita.

Essa análise é feita permanentemente. Nós todos os trimestres, quando saem os resultados, analisamos com enorme detalhe as contas dos nossos concorrentes para perceber se há oportunidades ou não há oportunidades, o que é que estão a fazer melhor do que nós, o que é que podemos melhorar.

O que lhe estou a dizer é que a decisão sobre o Novobanco compete, por um lado, aos acionistas do Novobanco, e, tanto quanto é do meu conhecimento, o cenário central deles e em que estão a trabalhar é o IPO. Conforme eu disse desde o primeiro momento, nós não necessitamos de consolidar em Portugal. Temos uma quota à volta dos 20%, não em todos os produtos, mas é por aí que estamos.

Mas pode ser interessante para evitar uma consolidação que possa pôr em causa a posição do BCP?

Pode ser interessante se o preço for um preço que nós consideramos adequado e se os impactos forem impactos positivos. O BCP tem várias aquisições, como é do conhecimento do mercado, feitas com sucesso. Se nós fizermos uma aquisição hoje, estamos nove meses parados a integrar essa entidade. Ora, nove meses hoje, não é a mesma coisa do que um ano ou dois anos do passado.

Nós temos clientes que vão ao banco 34 vezes por mês, grande parte delas através da app. Nós fazemos 14 a 16 novas versões da app, em média, por ano. Se fizéssemos uma aquisição, íamos ter zero porque a prioridade ia estar toda na integração de sistemas. Tudo isto tem custos, tem também sinergias e tudo tem que ser muitíssimo bem avaliado. Neste momento, como disse desde o primeiro momento, a nossa via é o crescimento orgânico.

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