Portugal tem talento e fundos para criar conhecimento. Mas para transformar inovação em valor para a economia é preciso que as políticas passem do papel para o terreno, diz António Rios de Amorim.
Prestes a terminar o mandato de três anos como presidente da COTEC Portugal, António Rios de Amorim diz ao ECO que a associação empresarial para a promoção de inovação e tecnologia continua, após 22 anos de existência, a ter um papel “absolutamente válido” para ajudar as empresas e a economia a crescerem em Portugal e além-fronteiras.
Rios de Amorim, que é também CEO da Corticeira Amorim, diz que os doutoramentos em ambiente empresarial estão a ajudar a criar inovação, mas alerta que as empresas também têm de acelerar, pois estão atrasadas no contexto europeu. Ao próximo Governo que sair das eleições de 18 de maio pede que consiga converter políticas públicas na criação de valor no terreno, pois há um gap: “quando o governo emite uma política pública, acha que cumpriu a sua função, mas no dia seguinte não mudou nada na vida das pessoas nem das empresas”.
A associação, que realiza esta terça e quarta-feira a edição trienal da COTEC Europe Summit em Coimbra, onde contará com a presença de Mario Draghi (a convite do Presidente da República), tem capacidade para ajudar o próximo Governo ao “tomar conta” de um eventual Ministério ou Secretaria de Estado da Inovação que juntasse o conhecimento e a economia, sublinha.
powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.
Este mês termina o mandato como presidente da COTEC Portugal, a principal associação empresarial para a promoção da inovação e cooperação tecnológica e empresarial. Foi criada em 2003. Hoje, num mundo complexo e dinâmico, qual é o papel da associação e como é que ajuda as empresas e a economia?
A COTEC nasceu num contexto muito particular, que era particular à época e que continua a ser ainda muito relevante hoje. Ou seja, é uma agência que tem como responsabilidade levar a inovação a todas as funções da empresa e fazer com que conhecimento gere valor para a economia poder prosperar. E, portanto, se a inovação é aquilo que faz a diferenciação, é aquilo que faz as economias crescerem, é aquilo que faz as empresas internacionalizarem-se, o papel da COTEC é absolutamente válido e nós costumamos dizer dentro da COTEC que a COTEC faz falta a Portugal exatamente por isso, porque o nosso país tem muito caminho para percorrer em matéria de inovação.
Peço que partilhe a história de nascimento da COTEC. A primeira foi criada em Espanha, após uma visita do Rei a Silicon Valley.
Exatamente. A Sua Majestade, o rei-emérito Juan Carlos visitou, numa visita oficial, Silicon Valley, e ficou absolutamente atónito com aquilo que viu. Estamos a falar há 25 ou 26 anos atrás. Ficou absolutamente atónito, chegou a Espanha, pediu para reunir com as principais empresas espanholas a dar-lhes conta da surpresa, da positividade com que ele viu a dinâmica da inovação em Silicon Valley e pediu para se criar em Espanha uma agência que promovesse exatamente a inovação, para que realmente Espanha não ficasse atrás nesta evolução tecnológica. E, portanto, um conjunto de empresas criaram a Fundação COTEC em Espanha. Passado um ou dois anos, ele desafiou o presidente italiano com esta ideia. Disse, nós em Espanha criamos isto, estamos muito orgulhosos, estamos a dar passos muito significativos na direção de realmente trazer mais tecnologia e inovação para o nosso país e porque é que vocês não fazem a mesma coisa em Itália? A ideia foi bem recebida e, portanto, criou-se a COTEC Itália e passados dois ou três anos criou-se a COTEC em Portugal porque o Presidente Jorge Sampaio, a quem o Rei Juan Carlos e o Presidente de Itália desafiaram para lançar uma COTEC Portugal, achou ótima a ideia. Convocou 100 das maiores empresas em Portugal, reuniu-os, deu-lhes uma missão e a missão não teve grande alternativa, foi “temos que fazer isto” e, portanto, todos aqueles que foram àquele encontro, basicamente, foram sócios fundadores da COTEC Portugal, dando origem a esta caminhada que muito tem contribuído para o desenvolvimento e a promoção da inovação em Portugal.
Vamos acelerar um bocadinho essa caminhada e chegar a 2022, que é o início do triénio do seu mandato. Quais foram os marcos principais que conseguiram nestes últimos três anos?
Sobretudo a preocupação inicial e acho que é uma preocupação primeira, é ter a certeza que a marca COTEC é uma marca de reconhecimento dentro de Portugal pelos principais agentes económicos, pelos principais agentes políticos e, já agora, por todas as entidades responsáveis pelo desenvolvimento de conhecimento científico em Portugal, academia e tudo mais.
E como é que fazem isso? Através de eventos? Através de prémios?
Sim, temos um conjunto de eventos que posso já relatar a seguir, mas claramente que o reforço da imagem da COTEC, acho que tem que ser, da notoriedade da COTEC, acho que tem que ser, digamos, o objetivo cimeiro, porque é uma marca que já tem 21 ou 22 anos de existência em Portugal. E segundo, perceber que aquilo que foi a relevância da razão fundacional da COTEC continua mais válida que nunca hoje, porque a evolução do mundo assim o exige. Há 20 e tal anos atrás falávamos de startups e agora falamos de inteligência artificial e de digitalização e, portanto, nunca vai parar a necessidade e a exigência que temos de fomentar a inovação, porque se queremos ter um tecido competitivo, performante, internacional e com escala, claramente que temos que ter a inovação no topo das prioridades do sistema económico em Portugal.
Nenhuma empresa pode sair deste retângulo se realmente não tiver algo diferente para apresentar ao mercado internacional, porque à partida esse mercado estará servido com empresas incumbentes já existentes. Há uma evolução muito positiva, mas nós não estamos sozinhos no mundo e, portanto, quando nos comparamos com outros, temos ainda um longo caminho para fazer.
Com essa experiência que tem, além da sua experiência empresarial própria, como é que vê o tecido empresarial português nesta altura? Estamos bem no ângulo da inovação, da tecnologia?
Houve uma evolução muito grande na gestão das empresas desde aquela crise de 2009 a 2011, 2012. Claramente que se peneirou um conjunto muito grande de empresas em Portugal, o que significa que sobreviveram aquelas que estavam mais preparadas, mais bem geridas, mais ágeis e, portanto, eu acho que nos últimos 15 anos tem havido uma evolução muito positiva na gestão das empresas em Portugal. Tem havido uma evolução muito positiva no reforço dos balanços e da autonomia financeira das empresas em Portugal. Aquelas que claudicaram nessa altura foi muito por debilidade financeira e tem havido um reforço claro e uma aposta na internacionalização, a começar pelas exportações e a seguir internacionalização, que é sustentada em questões de inovação. Ou seja, nenhuma empresa pode sair deste retângulo se realmente não tiver algo diferente para apresentar ao mercado internacional, porque à partida esse mercado estará servido com empresas incumbentes já existentes. E, portanto, eu acho que há uma evolução muito positiva. Mas nós não estamos sozinhos no mundo e, portanto, quando nos comparamos com outros, temos ainda um longo caminho para fazer e sabemos que Portugal, em matéria de inovação, sobretudo naquilo que é o investimento que diz respeito às empresas, ainda está atrasado para realmente fazer com que as coisas aconteçam de uma forma diferente. Portanto, a componente do I&D, o investimento que se faz em investigação e desenvolvimento por parte das empresas em Portugal, ainda é significativamente inferior àquilo que é feito por outras empresas e congéneres a nível europeu.
O que é preciso fazer para acelerar isso? O que é que pede aos stakeholders, seja aos gestores, aos financiadores, ao Governo, à sociedade civil?
Em Portugal, quando a gente pensa o que é preciso, pensa logo o que é que o Governo tem que fazer [risos.] E eu acho que realmente não é só o Governo que tem que intervir, os privados também têm que intervir. Há programas muito concretos, onde a COTEC tem estado muito envolvida, que é, por exemplo, os doutoramentos em ambiente empresarial. Isto é claramente uma forma de se quebrar esta separação entre empresas e academia.
O chamado doutoramento no chão de fábrica?
Claramente sim, porque quando tem uma pessoa que vai fazer um doutoramento em ambiente empresarial, significa que ele vai tratar de uma área específica, onde essa empresa vai ser claramente diferente para futuro, porque vai conseguir eventualmente inovar muito daquilo que é o seu posicionamento no mercado.
Mas vê a abertura para isso nas reitorias ou estamos a fazer muita coisa académica?
Não se esqueça que, a partir de 2027, 50% das bolsas para doutoramento, financiadas pela FCT, terão que ser realizadas em ambiente empresarial. Portanto, há, desde já à partida, um compromisso e tem que se criar um mercado para que estes doutoramentos aconteçam. Para isso, a COTEC criou uma plataforma, que é a plataforma E-100, D-100, 100 empresas para 100 doutorandos, capazes de aproximar necessidades específicas da empresa para desenvolver uma determinada inovação com aquilo que é o currículo e o reforçar da carreira científica de um investigador que vai dedicar três ou quatro anos da sua vida àquela causa específica. Porque a partir do momento em que tivermos doutorados a trabalhar nas empresas, a relação de parceria entre a academia e as empresas vai-se reforçar, porque muitas vezes isto é uma questão de linguagem e diálogo. O diálogo das empresas não é o diálogo da academia. Mas quando temos aqui alguém que consegue estabelecer uma ponte entre os dois, vai-se gerar conhecimento e, mais importante que gerar conhecimento, vai-se converter conhecimento em valor para a empresa e em valor para a economia. E é isso que a COTEC tem estado a fazer. O Jorge Portugal, diretor-geral da COTEC, tem sido missionário desta causa. Está presente em todos os eventos para realmente promover esta iniciativa que eu acho que pode ser absolutamente disruptiva para criar mais inovação e, sobretudo, mais valor para a economia.
Nesse exemplo do doutoramento que é feito dessa forma, termina com uma inovação, está dentro de uma empresa e a empresa está envolvida nessa inovação. Depois disso, há o processo de financiamento, de levar essa inovação para o mercado. Como é que estamos nessa frente?
Portugal está mais avançado na criação de conhecimento do que na transformação desse conhecimento em valor.
Isso é uma ineficácia?
Já temos uma boa base de partida. É que conseguimos criar conhecimento. Há talento. Não podemos ver isto sempre pela negativa. Isso é, à partida, um bom ponto. E agora temos que fazer com que a academia e empresas, através, se calhar, destes doutoramentos em ambiente empresarial, consigam transformar esse conhecimento em valor para a economia. E é aqui onde, se calhar, também precisamos de um reforço, de incentivos, porque nós temos incentivos de parte das empresas à criação de conhecimento e realmente era importante que se calhar houvesse um reforço de incentivos com tantos fundos que temos para gerir, à transformação do conhecimento em valor para a economia, que na realidade, é aquilo que vai fazer com que o crescimento económico efetivamente aconteça. Isto significa uma postura diferente de parte das empresas e uma abertura também um pouco maior de parte da academia e as atuais condições de mercado. E esta questão do financiamento das bolsas da FCT vai ser absolutamente decisiva para nós podermos dar este salto. A COTEC quer ser e tem sido o principal ou um dos principais agentes deste interface entre a academia e as empresas e está a cumprir a sua missão com o trabalho que tem vindo a realizar.
Temos que convir que, neste momento, vivemos com um grau de incerteza muito acima daquilo que é um ambiente mais normal. Portanto, claramente, isso não é bem-vindo. E, portanto, as empresas sempre pedem estabilidade, previsibilidade, sabendo que hoje, no mundo de hoje, isto é cada dia mais difícil.
Estamos a seguir muito bem na nossa conversa sobre os diferentes stakeholders e chegamos ao terceiro, que é o Estado. O que é que precisamos que o Estado faça para ajudar a financiar e a incentivar, tanto na academia como na parte empresarial?
A primeira coisa é: estas duas lógicas entre criação de conhecimento e criação de valor estão separadas. Uma depende do Ministério de Educação, Ciência e Tecnologia e a outra está na Economia.
Com as Finanças por cima de tudo.
Algures no tempo convinha juntar, não sei se é um Ministério de Inovação, uma Secretaria de Estado da Inovação, já havia quem quisesse dizer que a COTEC é que devia tomar conta desta Secretaria de Estado da Inovação. Estaria muito bem entregue, porque a COTEC sabe exatamente o que deve fazer para promover a inovação em Portugal. Mas acho que algures no tempo se deveria reunir, porque, como eu estava a dizer, para que realmente exista o tal objetivo de chegar a 3% de investimento em I&D, no PIB, 1% pela academia e 2% das empresas, falta fazer muito e as empresas estão mais atrasadas na evolução desta meta do que, propriamente, a academia. Portanto, claramente, esta seria uma área. A segunda área é identificar áreas e políticas públicas a serem desenvolvidas. E eu acho que isso está mais ou menos definido. Contudo, há sempre um gap. É que quando o governo emite uma política pública, acha que cumpriu a sua função. Mas no dia seguinte não mudou nada na vida das pessoas nem na vida das empresas. E, portanto, conviria haver agentes capazes de transformar políticas públicas e colocá-las no terreno. Mais uma vez, nós acreditamos que essa é a função e a missão da COTEC, se realmente os diferentes governos entenderem que a COTEC está capacitada e munida dos recursos para poder realizar essa tarefa. Já tivemos, em momentos anteriores, governos que confiaram na COTEC a colocação em prática do programa Indústria 4.0, portanto, isso foi um programa que teve bastante sucesso. Hoje fala-se muito disso num ambiente de empresas muito de base industrial, que era o tecido económico que tínhamos à época e a COTEC fez isso com muita competência. E se calhar matérias como digitalização, inteligência artificial, a COTEC tem talento e competência e, se não tem, vai reunir as parcerias capazes e tem competência para saber gerir essas parcerias, para colocar esses programas e essas políticas públicas no terreno. Não é que o Estado precise de tradutores, mas claramente que uma política pública definida, se não tiver nenhum agente capaz de a colocar no terreno, não vai acontecer nada. Portanto, o político convence-se que realizou a sua tarefa, mas o impacto que isto teve na economia foi nenhum. E, portanto, o país fica a perder com isso. E, portanto, temos que ser práticos e acho que a COTEC, no meu ponto de vista, está muito bem posicionada para realizar com sucesso essas tarefas.
Voltando aos três anos deste mandato, foi um período com muita turbulência em várias frentes. Vamos começar por um que já estávamos a falar, que é a política interna. Vamos em três eleições em quatro anos. Como é que isto impacta a economia, as empresas, a inovação e até o papel da COTEC?
A mudança de interlocutores e a quebra da execução de um programa político nunca é positivo. As empresas estão habituadas a gerir na incerteza. Portanto, isto está claro. Faz parte do risco empresarial gerir na incerteza. Temos que convir que, neste momento, vivemos com um grau de incerteza muito acima daquilo que é um ambiente mais normal. Portanto, claramente, isso não é bem-vindo. As empresas sempre pedem estabilidade, previsibilidade, sabendo que hoje, no mundo de hoje, isto é cada dia mais difícil. Quais são as consequências imediatas disto? Primeiro, é tudo aquilo que é a preparação de programas conjuntos que se poderiam estabelecer poderem ou não ter ruptura num cenário desses e, portanto, é preciso reconstruir. Portanto, há aqui uma perda de tempo, o que significa perda de eficácia e de eficiência nos planos de ações que tínhamos previsto. Da parte das empresas, há um adiar de investimentos.
Esperar para ver?
Esperar para ver. Quando a conjuntura muda, nacional e temos que dizer também internacionalmente, da forma como está a mudar, obviamente que as empresas não podem tomar decisões a muito longo prazo. Têm é que ter a certeza que têm que ser cada dia mais ágeis, ter balanços cada dia que lhes permitam poder manobrar, no sentido da palavra inglesa, nesta conjuntura mais atípica e poder reagir a eventos completamente diferentes numa ótica de mercado, seja mais uma vez nacional, seja internacionalmente. E, portanto, isto de um ponto de de vista de criação de um plano e execução de um plano não é bom. A parte positiva é que realmente vamos ter empresas muito mais musculadas, ágeis, capacitadas de poder adaptar-se do que, de outra forma, se calhar não teríamos, porque elas estariam a desenvolver uma política de mais longo prazo. Mas claramente que não é positiva toda esta instabilidade que vivemos atualmente.
Sem entrar na análise política, é preocupante este período que já começa a ser de três, quatro anos de instabilidade? Acredita que destas eleições poderá sair uma solução de mais médio prazo e, se for o caso, o que é que acha que esse próximo governo tem de fazer como prioridade principal na área da inovação e da tecnologia?
Primeiro, todos os portugueses pedem para que essa estabilidade continue, mas também são os portugueses que têm a capacidade de voto na mão de fazer com que isso aconteça. O segundo ponto, claramente, num novo Governo, aquilo que a COTEC solicitaria, que a inovação fosse um objetivo concreto, prioritário para o desenvolvimento económico em Portugal. Se nós formos há 20 anos atrás, o PIB europeu era pouco diferente do PIB americano. 20 anos passaram e o PIB americano é 30% superior ao PIB europeu. O que é que fez isto? Foi inovação. Se calhar são sete grandes empresas que revolucionaram o mundo de um ponto de vista tecnológico, com consequências que isso teve no resto do tecido económico. E Portugal, hoje, claramente tem talento. Felizmente tem fundos, seja via PRR, seja através do 2030 para poder acontecer. E não sabemos se os vamos ter no futuro. E acho que tem vontade. O que é que falta? Falta ter um espírito prático de dizer que políticas públicas só decididas em texto de lei não resolvem nada. É preciso quem claramente consiga converter uma política pública na criação de valor no terreno. E é por isso que eu acho que é importante que entidades como a COTEC sejam levadas muito a sério porque têm o objetivo de criar valor para a economia e esse é o objetivo final. Tem cerca de 300 e muitos associados, empresas de todos os tipos, grandes e pequenas. Temos instituições de ensino, câmaras municipais, entidades do Estado, um conjunto muito, muito vasto de associados e, portanto, cobrimos um espetro muito grande na economia, no tecido económico em Portugal. E a inovação é importante porquê? Porque é isto que vai diferenciar o país, é isto que vai fazer com que o nosso talento não saia. Se nós realmente fizermos com que existam empresas que vão apostar fortemente na exploração daquilo que é a criação do conhecimento científico em Portugal e criar valor para a economia, temos aqui um conjunto grande de soluções à volta da palavra inovação.
Nessa questão do talento, fala-se muito dos salários, mas tem que haver outras coisas, projetos interessantes para as pessoas ficarem?
Exatamente. Nós temos mais unicórnios que Espanha. E, portanto, isto saiu de talento português. Se calhar tiveram que ir buscar o financiamento a Silicon Valley e a outros ecossistemas. Mas o mundo cada dia é mais global. Não sei se mais liberal, mas é cada dia mais global. E, portanto, claramente temos aqui a possibilidade, a partir de Portugal, de pensar de forma diferente. E a inovação tem outra coisa, cria a diferenciação, cria uma voz da internacionalização e eu acho que vai resolver um problema fundamental na nossa economia, que é a falta de escala das nossas empresas. Nós sabemos que empresas maiores investem mais em investigação e desenvolvimento, empresas maiores pagam mais salários e Portugal é dos países europeus onde as empresas maiores representam menos na criação de valor da economia. E, portanto, faltam-nos marcas portuguesas por esse mundo fora. Sabemos que temos o Cristiano Ronaldo, mas não chega. Temos que ter muitas mais. E, portanto, seguramente que, se os nossos gestores são tão consagrados a gerir empresas de sucesso no exterior, também seguramente teremos o talento aqui para criar esse valor para a nossa economia.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
“Falta ter espírito prático de dizer que políticas públicas só decididas em texto de lei não resolvem nada”
{{ noCommentsLabel }}