“Portugal continua a ser um destino atrativo” para hubs, diz global people chair da Boston Consulting

O hub da BCG em Portugal está a "superar expectativas". País mantém-se atrativo apesar dos "desafios" dos vistos e da lei da imigração, diz Alicia Pittman, global people chair da BCG.

Há seis meses a Boston Consulting Group (BCG) abriu um centro de competências em Portugal, o BCG Lisbon Capability Center (LCC), o primeiro hub da consultora no país, com o objetivo de prestar a partir de Lisboa serviços para Europa, Médio Oriente e América do Sul (EMESA).

O centro arrancou com 43 pessoas, com o objetivo de atingir 100 pessoas até ao final do ano, mas essa meta vai ser superada já em setembro, adianta Alicia Pittman, managing director e senior partner da BCG em Washington DC e global people chair da BCG, ao ECO.

“Este sucesso levou-nos a redefinir o objetivo para 2025 e, neste momento, ambicionamos chegar aos 130 membros até ao final do ano”, revela a responsável.

Apesar da burocracia em torno da atribuição dos vistos de trabalho — Alicia Pittman fala em “desafios” — e das novas regras de imigração, Alicia Pittman considera que Portugal é ainda “atrativo” para a instalação de hubs. Nem receia o impacto da IA no talento humano.

“Já disponibilizámos ferramentas de IA a mais de 33 mil colaboradores a nível global, estimulando a experimentação da tecnologia no trabalho diário, e mais de 80% da organização já as utiliza ativamente, o que reflete a velocidade e a escala de adoção da IA em toda a empresa”, diz a global people chair da BCG.

“Em Lisboa, mais de metade da equipa do Capability Center já obteve o certificado digital “GenAI: Fluency at Work”, representando das taxas mais elevadas de certificação dentro da empresa. Este nível de adesão está a permitir-nos escalar capacidades, apoiar mais clientes e criar novas formas de impacto”, diz.

Em janeiro, arrancaram com o primeiro centro de competências da BCG em Portugal, com 43 pessoas. Tinham como objetivo fechar o ano com 100 pessoas. Como está a decorrer o recrutamento?

O arranque do Lisbon Capability Center da BCG, em janeiro, superou as nossas expectativas. Começámos com uma equipa de 43 pessoas e, com base na forte resposta do mercado e na crescente procura pelos nossos serviços, tudo indica que alcançaremos a meta inicial de 100 colaboradores já em setembro, antecipando assim o calendário que tínhamos traçado. Este sucesso levou-nos a redefinir o objetivo para 2025 e, neste momento, ambicionamos chegar aos 130 membros até ao final do ano. O entusiasmo e a qualidade dos candidatos que temos encontrado em Lisboa têm sido verdadeiramente encorajadores.

O target de 300 pessoas em dois anos mantém-se?

Mantemos o objetivo de atingir os 300 colaboradores no espaço de dois anos. Reconhecemos que é uma meta ambiciosa, mas foi construída com base numa visão estratégica sólida, que reflete tanto o potencial que reconhecemos em Lisboa, como o papel cada vez mais relevante que este centro irá desempenhar na rede global da BCG.

Há planos para um novo hub? Em outra localização do país?

Neste momento, o nosso foco mantém-se em Lisboa. Como uma consultora global fundada há mais de 60 anos, com mais de 30.000 pessoas em mais de 50 países atualmente, a BCG traz a escala, a experiência e a estabilidade de uma parceria verdadeiramente global.

Estamos presentes em Lisboa há cerca de 30 anos, contando com um histórico sólido de sucesso na consultoria, e o Capability Center é uma evolução natural desse investimento contínuo em Portugal e na Península Ibérica. O nosso crescimento na capital portuguesa é sustentado por uma liderança local forte e muito presente, com o Pedro Pereira à frente do escritório de consultoria e o Benjamin Reis a liderar o LisbonCapabilityCenter. Esta proximidade à equipa e ao talento reforça o nosso compromisso com uma presença sustentável e estratégica em Portugal, sendo Lisboa claramente a nossa prioridade.

O recrutamento internacional faz parte da nossa estratégia, especialmente em perfis mais especializados ou de nicho. Naturalmente, existem desafios associados, nomeadamente os processos de visto e de relocação, que podem ser complexos.

Procuram perfis como especialistas em negócios e operações, profissionais de apoio executivo e recrutamento, da área das finanças, de gestão de risco global, de legal e de conformidade, estrategas críticos… O pool local de talento tem sido a fonte de recrutamento primordial ou estão a atrair também talento internacional para o país?

O talento local tem sido, sem dúvida, a principal fonte de recrutamento, tanto para a prática tradicional de consultoria como para o LCC. A resposta do mercado português tem sido excelente, refletindo a solidez e a maturidade do ecossistema de talento nacional. Ao mesmo tempo, observa-se um interesse crescente por parte dos profissionais internacionais, quer de portugueses a regressar a Portugal, quer de estrangeiros que escolhem Portugal para uma nova etapa profissional.

No recrutamento internacional, como tem decorrido a obtenção dos vistos de trabalho?

O recrutamento internacional faz parte da nossa estratégia, especialmente em perfis mais especializados ou de nicho. Naturalmente, existem desafios associados, nomeadamente os processos de visto e de relocação, que podem ser complexos. No entanto, temos equipas especializadas em mobilidade global que gerem estes processos com eficácia e agilidade, sendo que o nosso compromisso na BCG é garantir que a transição do talento internacional para Lisboa decorre da forma mais fluida, cómoda e positiva possível.

Face às mudanças na política de imigração, mais restritiva, e a burocracia, Portugal ainda se mantém atrativo como hub tecnológico?

Na nossa ótica, sim. Portugal continua a ser um destino atrativo, em particular quando consideramos a qualidade do talento, a elevada qualidade de vida e o dinamismo crescente do ecossistema de inovação no país. Estes fundamentos permanecem sólidos e foram determinantes na nossa decisão de ancorar o Capability Center em Lisboa.

Dado o modelo híbrido de trabalho, que peso tem o trabalho remoto?

Na BCG promovemos a flexibilidade no trabalho, mas a verdade é que temos observado uma forte presença dos nossos profissionais nos escritórios. Oferecemos uma variedade de opções flexíveis aos colaboradores, e quer se reúnam nas instalações dos clientes, nos nossos escritórios, ou em ambos, a nossa abordagem híbrida privilegia momentos de interação com propósito. Além disso, os nossos espaços de trabalho são concebidos para inspirar a colaboração, criatividade e aprendizagem e, em muitos locais, os nossos escritórios estão na sua capacidade total ou quase total, refletindo o desejo dos colaboradores de aprenderem e cocriarem pessoalmente. Por este motivo, acreditamos que um ambiente dinâmico e presencial potencia a inovação, reforça a cultura da empresa e fortalece os laços entre equipas.

O acelerar da adoção da IA tem trazido novos desafios ao mundo do trabalho, estimando-se a redução das necessidades de talento humano em várias atividades. Na BCG, e no centro em particular, estão a sentir esse impacto?

A IA Generativa tem vindo a amplificar as capacidades humanas, especialmente numa organização baseada no conhecimento, como é a BCG. Acreditamos — e vemos isso todos os dias — que a IA está a aumentar a procura por talento humano de excelência. Claro que reconhecemos que esta tecnologia irá eliminar algumas exigências de trabalho, mas também irá criar novas necessidades, alterando a composição das competências necessárias. No Lisbon Capability Center e em toda a empresa, no geral, temos assistido a uma procura crescente por profissionais que consigam aliar o pensamento estratégico e orientado para o negócio ao domínio tecnológico. O nosso foco está em dotar as equipas das ferramentas tecnológicas mais avançadas e criar um ambiente propício à experimentação, à inovação e à consequente criação de impacto.

Acreditamos — e vemos isso todos os dias — que a IA está a aumentar a procura por talento humano de excelência. Claro que reconhecemos que esta tecnologia irá eliminar algumas exigências de trabalho, mas também irá criar novas necessidades, alterando a composição das competências necessárias.

Como estão a gerir a adoção da IA na companhia?

Estamos comprometidos com uma adoção responsável e estratégica da IA em todas as áreas do negócio. Investimos significativamente em ferramentas de IA Generativa, formação e mecanismos de governança para garantir uma utilização eficaz e segura. Já disponibilizámos ferramentas de IA a mais de 33 mil colaboradores a nível global, estimulando a experimentação da tecnologia no trabalho diário, e mais de 80% da organização já as utiliza ativamente, o que reflete a velocidade e a escala de adoção da IA em toda a empresa.

Em Lisboa, mais de metade da equipa do Capability Center já obteve o certificado digital “GenAI: Fluency at Work”, representando das taxas mais elevadas de certificação dentro da empresa. Este nível de adesão está a permitir-nos escalar capacidades, apoiar mais clientes e criar novas formas de impacto.

A nossa abordagem garante não só a integração ética e eficaz da IA, como também a valorização do trabalho humano, a melhoria da experiência dos colaboradores e a geração de valor real, tanto para clientes, como para operações internas.

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