Saiba quais são os fundos nacionais que mais brilharam em 2023

Com uma valorização média de quase 15%, os fundos de ações são os fundos de investimento nacionais que mais renderam no ano passado. No canto oposto estiveram os fundos imobiliários.

O ano que terminou há dias revelou-se positivo para a maioria dos pequenos investidores que aplicaram as suas poupanças no mercado de capitais: as ações mundiais, medidas pelo índice MSCI World, em euros, valorizaram 20,7%, enquanto as obrigações ofereceram ganhos de 5,7%, segundo a evolução do índice Bloomberg Global-Aggregate Total Return.

A acompanhar de perto esta evolução esteve a indústria de fundos de investimento nacionais que, após um 2022 de perdas generalizadas, contou com um 2023 de ganhos. Foi justamente com isso que lidaram os subscritores do Santander Acções América: depois de em 2022 encerrar com perdas de 50%, fechou 2023 com ganhos de 37,2%, colocando-o como o fundo domiciliado em Portugal mais rentável do ano.

O Santander Acções América não é um caso único de tamanha disparidade de desempenhos alcançados nos últimos dois anos. Recorde-se, por exemplo, que as ações mundiais desvalorizaram 12,6% em 2022 (e no último ano recuperaram quase 21%) e que o índice de ações norte-americanas S&P 500, após cair 19,4% em 2022, subiu 24,2% em 2023.

Com forte impacto no desempenho Santander Acções América em 2023 estiveram as ações da CloudFlare, Uber e Shopify. “Estas ações tiveram um peso no fundo que variou durante o ano, mas dada a concentração da carteira e a convicção da equipa de gestão, representavam no seu conjunto cerca de 20% da totalidade do fundo, sendo que em 2023 a CloudFlare valorizou 106,92%, a Shopify 106,92% e a Uber 130,21%”, refere a equipa de gestão do fundo ao ECO, que conta com uma parceria com a Morgan Stanley Investment Management.

Continuam a ser muito poucos os fundos que conseguem bater o seu índice de referência. No último ano, menos de um quarto dos gestores alcançou uma rendibilidade superior ao desempenho do seu benchmark em 2023.

Apesar dos resultados positivos alcançados em 2023 pela maioria dos fundos domiciliados em Portugal, nem todos conseguiram fechar o ano com ganhos: dos 368 fundos de investimento analisados, houve um com perdas por cada 27 com ganhos.

Além disso, 34% dos gestores não foram capazes de oferecer ganhos reais aos seus subscritores, por conta de terem alcançado um desempenho inferior à taxa de inflação estimada em 2023 que, segundo as últimas previsões do Banco de Portugal, publicadas em dezembro, deverá situar-se nos 5,3%.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o elemento.

Os dados compilados pelo ECO revelam também que continuam a ser muito poucos os fundos que conseguem bater o seu índice de referência (benchmark). No último ano, menos de um quarto (cerca de 23%) dos gestores alcançou uma rendibilidade superior ao desempenho do seu benchmark em 2023.

Um dos casos de sucesso foi Pedro Barata, gestor do GNB Portugal Ações. Com uma rendibilidade de 18,4% alcançada em 2023, que superou em 11,3 pontos percentuais o índice que agrega todas as empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisboa (PSI Geral), tornou-se no fundo de ações portuguesas mais rentável do ano passado.

Entre as apostas que mais contribuíram para o bom ano do GNB Portugal Ações estiveram posições em empresas de menor capitalização bolsista, como foi o caso da Mota-Engil, com as suas ações a valorizarem 256% (incluindo já os dividendos distribuídos) no último ano. “Não sendo esta um ‘peso pesado’ do nosso índice, a sua excelente performance conjugada com a nossa visão sobre o futuro da empresa e reforço do investimento logo no início do ano foi determinante para o bom resultado obtido”, refere Pedro Barata ao ECO.

O gestor destaca ainda o desempenho de empresas como a Ibersol, a Novabase e a Cofina, que “obtiveram em 2023 rentabilidades muito interessantes”, mas também do BCP, que, graças a uma subida de 87% do preço das suas ações, e sendo consecutivamente a maior ou a segunda maior posição do fundo desde fevereiro, impulsionou significativamente o desempenho do GNB Portugal Ações ao longo de 2023.

“Era para nós evidente, desde muito cedo, que o BCP seria um dos grandes beneficiados num cenário de subida de taxas de juro”, justifica Pedro Barata.

Entre a centena de fundos nacionais que conseguiu superar o seu índice de referência em 2023 está também o Save & Grow PPR/OIVM da Casa de Investimento, um fundo Plano Poupança-Reforma gerido por Emília Vieira, com uma exposição até 100% em ações mundiais, que, no último ano, alcançou uma valorização de quase 34%.

“Naturalmente que estamos muito satisfeitos com a rentabilidade deste ano [de 2023], mas o mais importante é a rentabilidade de 9,5% ao ano, líquida para os clientes, desde o lançamento do fundo PPR Save & Grow há pouco mais de três anos”, refere Emília Vieira, gestora do fundo PPR e do fundo nacional de ações mundiais mais rentável em 2023, notando ainda que “o nosso foco é ter excelentes rentabilidades a 5, 10, 20 e 30 anos”.

A história financeira mostra que investir em ações é o investimento mais rentável. Ao selecionarmos as melhores empresas, só temos que ter paciência e passar pelos solavancos do mercado.

Emília Vieira

CEO da Casa de Investimentos

A sustentar os ganhos do ano passado do fundo da Casa de Investimentos esteve, em grande medida, uma forte exposição da carteira ao setor tecnológico norte-americano, que registou valorizações significativas em 2023.

Emília Vieira salienta ao ECO as posições na Nvidia, Amazon e Alphabet, que valorizaram, em euros, 232%, 76% e 54%, respetivamente, como os investimentos que mais valor ofereceram ao portefólio do Save & Grow PPR/OIVM no último ano.

Para este ano, Emília Vieira não faz qualquer prognóstico porque, segundo a gestora, “a cotação de mercado depende de muitos fatores e nós não temos qualquer controlo sobre isso, nem temos uma bola de cristal.”

No entanto, salienta que isso não a preocupa porque “a história financeira mostra que investir em ações é o investimento mais rentável. Ao selecionarmos as melhores empresas, só temos que ter paciência e passar pelos solavancos do mercado. Com tempo, a cotação de mercado tenderá a refletir a riqueza que as empresas geram.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Saiba quais são os fundos nacionais que mais brilharam em 2023

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião