Agarrar as oportunidades que 2022 criou
Ficar de fora do mercado depois de ter caído quase 20% em 2022 é arriscado. As recuperações costumam ser fortes e imediatas. Mas as oportunidades colocam-se no investimento de longo prazo.
O ano que agora arranca carrega às costas uma bagagem de muitas incertezas. A começar pelo desenrolar da guerra na Ucrânia e pela orientação da política monetária dos principais bancos centrais no combate à elevada taxa de inflação que assola a economia.
2023 está assim longe de se apresentar como um ano de viragem e de tranquilidade para a carteira dos investidores. Mas hoje estamos mais bem preparados do que no ano passado… ou então estamos só mais acostumados à incerteza dos tempos.
Daí que a forte possibilidade de as maiores economias do mundo enfrentarem uma recessão (se é que algumas já não estão mergulhadas numa crise económica), como muitos analistas antecipam, é algo relativizado pelos investidores e até desvalorizado. Mais ainda quando muitas das projeções dos especialistas apontam para uma recessão “suave” e de curta duração, tanto na Europa como nos EUA.
Nos mercados, estas indefinições pagam-se caro. Não há dúvidas de que 2023 trará mais volatilidade aos mercados. O sobe-e-desce das Bolsas deverá ser uma presença assídua. Porém, a maioria das gestoras de investimento acredita que as cotações das ações e das obrigações já têm descontado o efeito de uma recessão.
O ano de 2023 começa envolvido numa grande indefinição geopolítica e económica, e com uma boa dose de pessimismo no mercado, com a maioria dos analistas a antecipar novas quedas no preço das ações e das obrigações, pelo menos no primeiro trimestre.
Com este quadro de dúvida e receio, é na liquidez que muitos investidores se deverão reforçar em 2023. O lema “cash is king” está de volta e promete ficar por cá muito tempo.
Ativos como depósitos ou Certificados de Aforro, que ajudam a estancar a volatilidade momentânea dos mercados e podem ser utilizados a qualquer momento para reforçar posições, prometem ser as grandes estrelas na carteira dos investidores este ano.
Esta precaução é particularmente relevante para aqueles que mais do que olharem para o que vai acontecer este ano procuram investir no longo prazo. É que 2023 tem todos os ingredientes para se apresentar como um ano extraordinário para iniciar uma estratégia de investimento em ações a 10, 15 ou mais anos.
“Mesmo os ativos de qualidade são agora muito mais baratos e os investidores podem construir carteiras resilientes com rentabilidades esperadas respeitáveis, e esperar por melhores tempos para tomar posições mais arriscadas”, escreve Willem Sels, responsável pelo departamento de investimento do HSBC, no outlook do banco para este ano.
Ficar de fora do mercado não é a opção mais sensata. Nem tão pouco parece adequado abandonar agora o comboio. De acordo com uma análise do JP Morgan ao desempenho do índice norte-americano S&P 500 nos últimos 21 anos, uma estratégia assente no “market timming” saiu amplamente furada: um investidor que tivesse perdido apenas os melhores 10 dias do ano teria alcançado ganhos de 5,3% ao ano. Mas se não tivesse feito nada e permanecido durante todo este tempo no mercado teria ganho 9,5% ao ano.
A força destes números é explicada essencialmente pela pela forte recuperação do mercado acionista após anos de perdas, como sucedeu em 2022. Nos últimos 71 anos, sempre que o índice acionista norte-americano S&P 500 registou uma desvalorização de 20% ou mais, no ano seguinte apresentou um desempenho sempre superior, alcançando uma rendibilidade média de 27% das ocasiões, como revela um estudo do Carson Investment Research.
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