Empresas para todas as idades

  • Filipa Pantaleão
  • 30 Julho 2024

As organizações espelham a sociedade em que se inserem e é impossível falar em sustentabilidade social, em diversidade, equidade e inclusão, sem o elementar tema do idadismo.

As empresas são organismos vivos, por isso, é natural que os seus elementos cresçam com elas, numa sociedade saudável, e que valoriza a experiência. Assim, não é de estranhar que mais de 60% da força de trabalho pertença à Geração X, a que tem hoje entre 43 e 58 anos. Segundo o nosso estudo de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), que observou o meio empresarial português em 2023, estão na maioria dos cargos de direção executiva (69,9%), na gestão e coordenação (64%), mas também nos quadros técnicos (50,9%) e nos administrativos e operacionais (43,2%).

O que não é fácil de compreender é o preconceito que persiste perante o talento mais jovem, desvalorizado na sua curta experiência de vida e, ainda mais incompreensível, é o descarte automático dos mais velhos e experientes nas entrevistas para novas vagas, como se o conhecimento não fosse o pilar fundamental do sucesso das organizações. E da vida.

As organizações espelham a sociedade em que se inserem e é impossível falar em sustentabilidade social, em diversidade, equidade e inclusão, sem o elementar tema do idadismo.

As organizações espelham a sociedade em que se inserem e é impossível falar em sustentabilidade social, em diversidade, equidade e inclusão, sem o elementar tema do idadismo. As gerações, assim como o género, são a primeira definição de identidade de cada um dentro de uma grande maioria. A importância dos temas que preocupam todas as gerações, e os estereótipos que as afastam, começam a ser percecionados como uma questão, e uma vantagem, pelas empresas. Assim, num evento recente do BCSD Portugal, e na sequência deste nosso estudo de DEI, convidámos alguns dos bons exemplos nesta área a partilharem a sua experiência, numa manhã a que chamámos “Rota da Inclusão”.

A proximidade entre várias gerações de colaboradores tem sido promovida por algumas empresas, discutindo temas que são críticos para ambos, nomeadamente, através da criação de comunidades internas, promovendo um espaço de partilha para a abertura de perspetivas e onde questões como género, deficiência, neurodiversidade, LGBTQIA+, etnicidade, idade são assuntos trabalhados.

No que diz respeito à integração da voz do talento mais jovem, a Abreu Advogados criou o programa NextGEN GT, composto por 12 jovens com menos de 35 anos, que apoia a comissão executiva e os sócios com propostas concretas na definição e visão do futuro. Os temas em debate são ESG, a transformação digital e a estratégia de crescimento, produtividade e rentabilidade, reputação e notoriedade, especialização e qualidade do trabalho.

O Grupo Ageas Portugal, por outro lado, foca-se na jornada do envelhecimento ativo, capacitando e promovendo uma atitude positiva para todas as fases da vida dos seus colaboradores. A comunidade MaisIdadeMais, reúne colaboradores dos 20 aos 60 anos e trabalha especificamente o preconceito da idade e os seus estereótipos, criando iniciativas internas para passar da vida ativa à reforma da forma mais serena possível. É reconhecido que o conhecimento dos trabalhadores mais experientes é imensurável, não só no conhecimento técnico sobre o negócio e os seus processos, mas também na maturidade e perspetiva, uma chave fundamental no crescimento sustentável das organizações.

No mercado de trabalho estão quatro gerações e, por isso, quando todos são incluídos e podem fazer ouvir a sua voz, todos ganhamos. Para garantir a construção de uma economia sustentável que assegure prosperidade e a transição justa para todos, será necessária uma aposta contínua na requalificação, capacitação e formação das pessoas para que as empresas possam ser competitivas e resilientes.

A aprendizagem contínua é outro elemento fundamental no bem-estar dos colaboradores e traz vantagens para as empresas. No BNP Paribas, criaram o programa “Build to Shift” para assegurar uma cultura de inclusão no processo de aprendizagem, ao longo das carreiras. São programas e formações específicos para talentos de todas as idades, em que é definido um plano de formação individual para que possam estar a par das novas tendências. Esta iniciativa traz nova motivação ao colaborador e pode potenciar a mobilidade interna, possibilitando carreiras mais longas e felizes.

O segredo do sucesso destas iniciativas é a abertura, a diversidade de pessoas e a vontade de aprender uns com os outros. Atualmente, no mercado de trabalho estão quatro gerações e, por isso, quando todos são incluídos e podem fazer ouvir a sua voz, todos ganhamos. Para garantir a construção de uma economia sustentável que assegure prosperidade e a transição justa para todos, será necessária uma aposta contínua na requalificação, capacitação e formação das pessoas para que as empresas possam ser competitivas e resilientes.

  • Filipa Pantaleão
  • Secretária-geral do BCSD Portugal

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