IA Generativa: o que muda e como nos preparamos?
Depois de anos em que a IA só tinha lugar nos escritórios de informática e no imaginário de apaixonados pelo tema, esta nova geração de tecnologias está a entrar na nossa vida quotidiana.
A inteligência artificial (IA) generativa está definitivamente estabelecida na nossa sociedade. Depois de anos em que só tinha lugar nos escritórios de informática e no imaginário de alguns apaixonados pelo tema, esta nova geração de tecnologias está a entrar na nossa vida quotidiana, das empresas às escolas. Em função da posição que queiram adotar a este respeito, as organizações vão levar a cabo umas ações ou outras, pelo que nos devemos colocar a seguinte pergunta: o que vai mudar e como é que nos podemos preparar para isso?
Em qualquer caso, isto é apenas o início. Graças ao Chat GPT, a OpenAI fez uma imponente demonstração das suas capacidades e da potência das suas arquiteturas de deep learning – conhecida como a tecnologia que pode acercar-se da perceção humana – e já está em vias de desenvolver um único “megamodelo” que utilize todos os formatos de informação (voz, imagem e código, entre outros).
A primeira ronda do jogo já terminou. Atualmente, com as tecnológicas Google, Microsoft, OpenAI e outros players a liderarem esta prática, a prioridade para as empresas já não é investir na criação de modelos próprios de linguagem, dado que já têm acesso a estas tecnologias, independentemente do seu tamanho e setor. Contar com uma IA pronta a usar já não é suficiente; o mais importante está em saber adaptar a ferramenta – mediante técnicas como fine-tuning e knowledge base construction – e, sobretudo, usá-la para aproveitar todo o seu valor acrescentado.
Em que é que isto se traduz? Em treinar esta tecnologia para a aplicação que vai poder ter dentro de uma organização. Os modelos atuais baseiam-se em conhecimentos públicos, mas é possível treiná-los de forma mais específica com a informação de cada empresa. Isto oferece a oportunidade de desenvolver serviços internos e externos assentes em dados próprios que permitam identificar e priorizar oportunidades, adaptar modelos de operações, aproveitar o potencial dos dados e proporcionar os primeiros casos de uso.
No setor financeiro, por exemplo, a IA generativa transforma radicalmente a procura de informação por parte dos assessores das instituições, ao mesmo tempo que permite uma maior personalização das interações com cada cliente. Também se podem gerar novos serviços para provedores de telecomunicações e outros fornecimentos: fichas de clientes personalizadas e criadas automaticamente em tempo real, que facilitarão o trabalho de comerciais e técnicos, melhorando a experiência do utilizador.
As potenciais aplicações são, assim, inúmeras. O importante é definir um plano alinhado com a estratégia de negócio.
Gestão do conhecimento, serviço ao cliente, marketing, recursos humanos, consultoria, cadeias de abastecimento… praticamente todos os setores da economia serão potencialmente impactados pela IA generativa, em maior ou menor grau. E não devemos tentar fugir da situação, mas antes prepararmo-nos para a grande mudança que está por vir e transformá-la numa vantagem competitiva.
Não é em vão que a indústria a que pertenço, a consultoria, encabeça a lista dos setores mais expostos a esta tecnologia, mas estamos convencidos de que isto nos vai permitir melhorar as nossas práticas e gerar maior valor para os nossos clientes. A história tem-no demonstrado em repetidas ocasiões; a chegada dos computadores no final dos anos 90 transformou 50% da atividade desenvolvida pelos consultores, dotando-os de funções mais eficientes e rentáveis. No nosso caso, por acreditarmos que esta revolução terá um impacto semelhante, estamos a dedicar equipas específicas para levar a cabo esta mudança internamente.
O surgimento da IA generativa vai substituir, de novo, mais de metade das nossas atividades por outras de maior valor acrescentado em todas as indústrias. Basta olhar para o que está a fazer a Coca-Cola, que é a primeira empresa do seu setor a aproveitar a capacidade do ChatGPT e do DALL-E para impulsionar as suas marcas de renome mundial, inovar a sua estratégia de marketing e melhorar a experiência dos seus clientes.
Outro bom exemplo é o da Carrefour, que integrou um chatbot baseado no ChatGPT na edição francesa do seu website. Este robô de aconselhamento ajuda os clientes a escolher produtos em função do seu orçamento e restrições alimentares, além de sugerir soluções ecológicas para reutilizar ingredientes e criar receitas. A empresa também utiliza esta IA generativa para enriquecer as descrições dos seus produtos e para os seus processos de compra internos.
Estamos no início de uma grande revolução no mundo dos negócios, da produtividade e da interação com os clientes. Quando Steve Jobs apresentou o primeiro iPhone em junho de 2007, todos sabíamos que o mundo iria mudar, mas provavelmente não pensávamos que iria ser tão radicalmente diferente apenas 15 anos depois. Agora, estamos num ponto de inflexão semelhante. Sabemos que tudo vai mudar, mas provavelmente ainda subestimamos o quanto. As empresas que têm em conta esta revolução partem em vantagem.
Assim sendo, é hora de ajustar os seus dados, definir as suas prioridades para se focar nos seus objetivos estratégicos e lançar os seus primeiros desenvolvimentos, antes que os seus concorrentes o façam. A revolução não espera!
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