Isto é que é ir para além da Troika!

É essencial não apenas manter, mas fortalecer e expandir as parcerias com as universidades americanas. É uma oportunidade de reafirmar o nosso compromisso com a inovação, a ciência e a tecnologia.

Recentemente, foi anunciada uma decisão preocupante pela Ministra da Ciência e Ensino Superior de Portugal: o cancelamento dos protocolos de cooperação com prestigiadas universidades internacionais.

O (possível) término das parcerias com instituições norte-americanas de prestígio, como Carnegie Mellon, MIT e Austin-Texas, não é apenas um revés para a criação de valor através do conhecimento, mas a demonstração de uma falta de visão preocupante, mas não surpreendente.

Recordo-me vivamente do início do Governo da Troika, um período marcado por decisões difíceis. Nesse contexto, enquanto Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, coube-me, em colaboração com o Secretário de Estado da Ciência, a tarefa de ponderar o futuro destas parcerias internacionais que Portugal havia estabelecido desde 2006.

Através de consultas detalhadas, e até visitas a estas universidades nos Estados Unidos, tornou-se evidente que estas parcerias não eram um luxo, mas sim uma necessidade estratégica para o desenvolvimento científico e tecnológico do país.

Em 2012, a decisão foi de continuar com uma Fase II destas colaborações, e que houvesse um enfoque maior numa fusão entre a ciência, a tecnologia, a inovação e o empreendedorismo. O nosso trabalho não se limitou a discutir os termos financeiros destas parcerias; empenhámo-nos numa renegociação focada em maximizar o seu impacto para além dos programas de doutoramento, visando a transformação do conhecimento em valor económico tangível para Portugal. Apesar das restrições orçamentais, conseguimos estabelecer um equilíbrio que permitiu a continuidade destas parcerias de forma sustentável para o orçamento da FCT.

A (suposta) decisão de encerrar estas parcerias, só pode ser alvo de críticas severas, que vão de ex-ministros dos Governos do PS como Pedro Siza Vieira, a empreendedores como Nuno Sebastião e às quais me junto. Empresas como a Feedzai, um exemplo de sucesso no panorama tecnológico português, atribuem a sua existência e crescimento a estas colaborações internacionais.

Encerrar estas parcerias numa altura “fácil” de “orçamentos expansionistas” não pode ser seguramente apenas uma decisão financeira; é uma escolha que reflete uma visão limitada sobre o que Portugal pode e deve ser no cenário internacional. Neste momento crítico, apelo à Ministra Elvira Fortunato para reconsiderar esta decisão, se não o fizer, estou certo de que daqui a 5 ou 6 meses o novo Governo o fará.

É essencial para Portugal não apenas manter, mas fortalecer e expandir estas parcerias. Estamos perante uma oportunidade de reafirmar o nosso compromisso com a inovação, a ciência e a tecnologia.

Um legado de Mariano Gago, expandido pelo Governo PSD/CDS e amplificado por Manuel Heitor.

  • Colunista convidado. Empreendedor e diretor-geral da Fundação José Neves

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