
Logremos!
Nuno Oliveira Matos faz uma proclamação. Incentiva o setor segurador a realizar melhor a sua parte do processo de aproximação às pessoas. Explica como.
A relação entre seguradores, tomadores e segurados atravessa hoje uma encruzilhada. A perceção pública do setor segurador pode ser significativamente fortalecida, se forem endereçados alguns desafios emergentes. Entre eles, destacam-se fatores conjunturais como a subida dos prémios ou o impacto de eventos catastróficos, mas sobretudo um aspeto estrutural, a necessidade de uma maior convergência entre as expectativas dos consumidores e as soluções disponibilizadas pelo setor.
Mas este é, também, um momento de oportunidade. O seguro continua a ser um dos pilares silenciosos da estabilidade económica e social, e cabe-nos, enquanto profissionais, reguladores, intermediários e inovadores, recentrar o setor na sua missão original: proteger pessoas, famílias e empresas com soluções ajustadas aos seus riscos reais.
Durante demasiado tempo, o setor segurador posicionou-se com base no preço. A comparação de prémios tornou-se o principal critério de escolha, eclipsando o verdadeiro valor do seguro: a proteção eficaz e a tranquilidade do cliente. Esta lógica, embora compreensível do ponto de vista comercial, empurrou o setor para uma comoditização indesejada, onde o mais barato nem sempre é o mais adequado, e frequentemente não é.
Hoje, os clientes procuram mais do que preço. Procuram clareza, confiança, conveniência e soluções que façam sentido para a sua vida e/ou negócio. Têm consciência de que o risco faz parte da realidade, mas querem parceiros que os ajudem a compreendê-lo e a mitigá-lo.
Os corretores, mediadores e agentes continuam a ter um papel insubstituível na construção da confiança e na literacia seguradora. São, não raras vezes, o primeiro ponto de contacto e o elo de ligação entre os tomadores e os produtos que contratam. Mas esse papel precisa de ser reforçado, revalorizado e apoiado com ferramentas tecnológicas adequadas.
A digitalização da intermediação com plataformas simples, intuitivas e integradas não é uma ameaça ao modelo relacional, mas sim o seu maior aliado
Libertar os intermediários de processos repetitivos e burocráticos, permite-lhes concentrar no que realmente importa: aconselhar, personalizar e acompanhar.
A transparência é o cimento da confiança. Os clientes querem entender o que estão a contratar, quais os limites e exclusões da apólice, por que é que o prémio aumentou e o que podem fazer para reduzir o seu risco. Esta é uma responsabilidade partilhada entre seguradores e intermediários, e um desafio de comunicação que o setor deve abraçar com determinação.
Simplificar a linguagem das apólices, apresentar cenários concretos e tornar os processos de renovação mais explicativos são passos concretos que geram valor e reforçam a relação de longo prazo com o cliente.
As insurtechs têm mostrado como a tecnologia pode simplificar e melhorar a experiência do cliente, desde a cotação até à gestão de sinistros. As incumbentes têm aqui um enorme potencial de aprendizagem e integração.
Mas o segredo não está na substituição do humano pelo digital, antes na integração inteligente de ambos. A tecnologia pode recolher dados, processar cotações, automatizar tarefas administrativas. Mas é na interpretação do risco, na empatia perante um sinistro, no acompanhamento próximo e na capacidade de antecipar necessidades, que o capital humano faz toda a diferença.
- Logremos reposicionar o seguro como um serviço contínuo de valor acrescentado, e não como uma mera mercadoria;
- Logremos afirmar o seguro como uma proteção estratégica que acompanha a vida das pessoas e das empresas, para além de qualquer obrigação legal ou contratual;
- Logremos promover uma verdadeira educação para o risco, reforçando a literacia seguradora, ajudando os consumidores a perceberem o valor da proteção face ao custo do prémio;
- Logremos potenciar a intermediação com o apoio da tecnologia, investindo em ferramentas que tornem o trabalho da intermediação mais simples, mais eficiente e mais centrado nas necessidades de cada cliente;
- Logremos comunicar com clareza, recorrendo a uma linguagem acessível, visual e pedagógica porque compreender é o primeiro passo para confiar;
- Logremos personalizar com propósito; usar dados e inteligência artificial não apenas para vender mais, mas para proteger melhor, com soluções ajustadas ao perfil e ao contexto de cada segurado.
O setor segurador tem uma missão nobre. Está em curso, em muitos mercados, uma transformação positiva impulsionada por inovação, talento e uma nova cultura centrada no cliente. Se soubermos ouvir, adaptar e agir com visão estratégica, poderemos não só aumentar a confiança, mas sobretudo reposicionar o seguro como aquilo que sempre foi: um instrumento essencial de proteção, resiliência e progresso!
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