Miguel Poiares Maduro para Lisboa

Se o líder a eleger perpetuar o estado de ausência de ambição, então que na São Caetano encomendem um botão de pânico pois os dias do fim estão próximos.

As eleições no PSD têm ocupado espaço mediático mas não empolgaram ninguém a não ser as claques dos respectivos candidatos a chefes. Nenhum dos três envolvidos, Rio, Montenegro e Pinto Luz, fascina, apaixona ou reaproxima os sociais-democratas de tantos que fugiram a sete pés nos últimos tempos.

Há uma fractura que separa indelevelmente o PSD dos portugueses. Despertou com a exigente austeridade que Passos Coelho impôs sem saber comunicar e explicar que o esforço dos dias duros levaria a um oásis de prosperidade e melhoria das condições de vida, algo que António Costa, possuidor das artes de Circe, introduziu na narrativa para enfeitiçar quem o escuta.

Sobretudo, como comprovam os resultados das últimas autárquicas, com a erosão da sua influência nas grades cidades, mormente, Lisboa e Porto, surgiu um factor gerador de desconfiança e um buraco negro na capacidade de afirmação do partido. A partir do momento em que o “melhorzinho” que se arranja é Teresa Leal Coelho – que permitiu o melhor resultado de sempre do CDS na capital – e Álvaro Almeida – outra inexistência na Invicta – está traçada a sina de um miserável resultado com efeitos catastróficos para o PSD nas eleições seguintes e correspondente crescimento de novas forças à direita face ao vazio oferecido pelos laranjas.

Logo, é para mim um enorme mistério a despreocupação de todos os candidatos com o novo ciclo eleitoral para o qual as autárquicas de 2021 se apresentam como trampolim essencial para o reanimar das hostes. O PS levará já um mandato e meio (seis anos) de desgaste do poder e as eleições locais costumam ser a oportunidade de redimensionamento dos partidos. E tal como aguardarei com expectativa os resultados de PAN, Chega, Livre e Iniciativa Liberal – do CDS só aguardo a morte na praia e a necessária extrema-unção – tenho para mim que uma nova derrota do PSD e repetido exercício de ignomínia com resultados abaixo de 20 por cento em Lisboa e Porto serão meio caminho para rio estreito que não chegará ao mar.

Durante esta campanha surgiram nos bastidores teorias de que, com segunda volta, Miguel Pinto Luz apoiaria Luis Montenegro e em troca seria o seu candidato a Lisboa. Teses que permitiam apoucar o vice de Cascais e menorizá-lo. Ora, quem o congeminou e pôs a circular não é muito inteligente. Se Pinto Luz apoiasse qualquer um dos candidatos que ousa enfrentar, essa seria a sua certidão de óbito para o dia de amanhã, ele que se apresenta como homem de futuro, e com futuro acrescento eu. E, por outro lado, cairia em mais um “negóciozinho” de mercearia habitual na velha política que já se tornou cansativa e que repele qualquer pessoa de bom senso. Se um dia se candidatar a algo, tal como agora, terá de ser pela sua própria motivação e não pelos acordos de bastidores de um aparelho que continua a medrar na lama e no obscurantismo. Lisboa não será o seu destino, muito menos a troco de um aperto de mão artificial e fingido debaixo de uma mesa de um hotel sem jornalistas à vista.

Entendo, portanto, que para o PSD é vital uma reconciliação com o eleitorado desgostoso e com outros segmentos que se refugiaram noutras siglas. Para isso, é importante apresentar nomes fortes, de integridade e ética impolutas, respeitados na comunidade, com pensamento próprio e capazes de galvanizar militantes e independentes. Na magnífica entrevista concedida ao Público, Miguel Poiares Maduro mencionou como «a política se tornou mais imediata e menos intermediada», logo, menos pensada e racionalizada. Ora, uma grande metrópole necessita diariamente de intervenções rápidas, mas também de ser pensada e planeada com tempo. O Miguel Poiares Maduro tem todas as capacidades que indiquei e o respeito da comunidade académica e dos media, é um excelente nome que tem de estar no topo das opções do PSD para candidato a presidente da Câmara de Lisboa pois já passou por cargos executivos de topo e tem um conhecimento multidisciplinar e do mundo que o afasta do PSD paroquial de Rui Rio que só o eleva e lhe dá força, pois valerá na capital muito mais do que actualmente o partido. Se o líder a eleger perpetuar o estado de ausência de ambição e continuar a tentar sobreviver sem vitórias, então que na São Caetano encomendem um botão de pânico pois os dias do fim estão próximos e a reorganização do centro-direita sem o dinossauro PSD será uma realidade.

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