O Futuro da educação está em Lisboa

Lisboa precisa de investir nos jovens para que a nossa cidade seja ainda mais justa e mais igualitária. Lisboa precisa de um TUMO.

Lisboa é o principal motor económico do país, e uma capital europeia em crescente destaque, capaz de marcar o ritmo em muitas áreas. Recentemente a atribuição do título Capital Europeia da Inovação pela Comissão Europeia foi a prova disso mesmo, e o projeto que valeu essa distinção, a Unicorn Factory, tem crescido para se tornar num caso de estudo internacional. No ano passado, mais de 60 delegações dos quatro cantos do mundo desembarcaram na nossa cidade para conhecer o projeto e visitar a sua sede no Beato.

Mas se Lisboa vive indiscutivelmente um bom momento económico e vê a sua reputação reforçada a nível internacional, isso traz também uma responsabilidade acrescida. Não basta criar crescimento e emprego. Temos de fazer algo que, infelizmente, os políticos muitas vezes resistem em fazer: focar no longo prazo. Na economia, isso significa garantir que nas próximas décadas a cidade é capaz de consolidar o seu posicionamento e plantar as sementes da prosperidade.

Pensar na competitividade de uma cidade no médio e longo prazo implica agir no presente. E só existe uma forma segura e rigorosa de preparar o futuro: investindo na educação.

Na Grande Lisboa, quase 40% da nossa população nunca teve oportunidade de terminar o ensino secundário, um valor ainda distante das grandes cidades europeias, como Paris (12%) ou Londres (15%). Este é um fator que pesa no nível de vida das famílias lisboetas, e influencia diretamente a probabilidade da geração seguinte aceder ao ensino superior. Hoje, um jovem que nasce numa família de baixos rendimentos tem apenas 10% de probabilidade de ir para a universidade.

Esta tendência tem-se mantido inalterada nos últimos 25 anos, o que revela a urgência de apostarmos em modelos de educação alternativos, que deem aos mais novos as ferramentas para escapar ao risco de pobreza, que se tem agravado em todo o país.

Lisboa é a cidade das oportunidades e para as concretizar devemos investir em modelos diferentes, mais adaptados às transformações da sociedade que permitam concretizar os sonhos das gerações mais jovens

Em 2011, um casal de filantropos decidiu lançar um projeto inovador em Erevan, uma das cidades mais antigas do mundo e hoje capital da Arménia. Criou o TUMO: um centro de aprendizagem extracurricular totalmente gratuito em que jovens entre os 12 e os 18 anos têm a oportunidade de explorar novas competência, aprendendo com os seus pares e trabalhando em conjunto para resolver desafios complexos. Sem salas de aula e sem professores, o TUMO oferece a esses jovens um complemento à educação tradicional, com projetos em áreas tão diversas como a fotografia, a animação, o desenvolvimento de jogos, a programação, a música, o design, o cinema ou a robótica. Um centro de aprendizagem virado para o mundo de amanhã, e focado em dar um futuro melhor a toda uma geração.

Rapidamente o sucesso do TUMO correu o mundo, e várias cidades adotaram o projeto, que hoje tem centros em Paris, Berlim, Zurique, Kiev, Beirute, e brevemente em Tóquio, Seul e Sidney. São cidades conscientes de que o futuro implica novas metodologias que preparem os nossos filhos não para reagirem ao mundo que os espera, mas para o construírem, para o moldarem e para o reinventarem.

Superar as debilidades do sistema educacional português e criar condições para que as próximas gerações possam olhar o futuro com esperança passa por ter Lisboa, a capital, a liderar essa transformação.

As novas gerações, as gerações com menos recursos precisam desta oportunidade. Lisboa precisa de investir nos jovens para que a nossa cidade seja ainda mais justa e mais igualitária.

Lisboa precisa de um TUMO.

  • Colunista convidado. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

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