O marketing e as alterações climáticas

  • Natalia Pacheco
  • 14 Janeiro 2023

O marketing pode focar-se cada vez mais na oferta de produtos e de serviços que incentivem a economia circular como forma de reduzir os impactos ambientais.

Um dos resultados da última Conferência sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas (COP27) foi uma declaração dos países participantes com o compromisso de reduzir as emissões de gases que causam o efeito de estufa, conter o aumento da temperatura média global e acelerar a transição para fontes de energia limpas ou renováveis.

A COP27 é uma conferência das Nações Unidas, mas as alterações climáticas devem ser uma preocupação de todos nós. Porquê? A resposta está nas palavras de David Attenborough, biologista e historiador que registou em vídeo as alterações climáticas que observou no decorrer da sua vida: “Every day that goes by in which we don’t do something about it is a day wasted” e “If we don’t act now, it’ll be too late.” De acordo com dados das Nações Unidas, se as emissões de gases continuarem elevadas, as alterações climáticas poderão gerar mais mortes que acidentes vasculares cerebrais, cancro e acidentes de viação no futuro. Sem contar os impactos negativos que se sente atualmente na agricultura e nos desastres naturais (secas, fogos, tempestades e enchentes) que são cada vez mais intensos e frequentes.

E qual é o papel do marketing nestas questões? A essência do marketing está na criação, comunicação e distribuição de produtos e serviços que atendam às necessidades dos consumidores. Como podemos ver, uma necessidade atual dos consumidores é a oferta de produtos e serviços condizentes com as questões climáticas mencionadas. Portanto, é fulcral haver produtos e serviços que contribuam para a redução dos impactos ambientais.

Há alguns exemplos de produtos e serviços pensados para a redução do impacto ambiental no setor do vestuário, que de acordo com a Bloomberg, é um setor altamente poluente, dependente de matérias feitas a partir de combustíveis fósseis, e que gera milhões de toneladas de resíduos têxteis anualmente. Neste setor é possível encontrar serviços focados na venda de roupas em segunda mão em plataformas online como a Vinted, a Retry e a Depop, em lojas físicas especializadas nestes produtos e também em lojas físicas não especializadas, mas que abriram espaço para as roupas de segunda mão, como é o caso do recente projeto piloto do Continente [RE]Style. Para além deste tipo de serviços, também vemos exemplos de produtos feitos de materiais reciclados de marcas como Boohoo, H&M e Zara. Fora do setor do vestuário, podemos citar o serviço IKEA 2ª vida, no qual a empresa compra móveis de segunda mão para revendê-los ou reciclá-los.

O marketing pode focar-se cada vez mais na oferta de produtos e de serviços que incentivem a economia circular como forma de reduzir os impactos ambientais. Nós, consumidores, podemos focar na reutilização, reciclagem e redução do consumo. Podemos também exigir das empresas maior compromisso com iniciativas que atenuem os impactos ambientais. É importante agirmos agora.

  • Natalia Pacheco
  • Diretora do mestrado global em Marketing do IPAM Lisboa

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