Orgulho em ser PME!

Não existe nenhum motivo, ou sequer vantagem, para um responsável de uma PME se apresentar como promotor de uma startup, até porque esta tentação se pode rapidamente transformar em frustração.

No Lispolis falamos diariamente com responsáveis de empresas, sobretudo tecnológicas, uns de micro ou pequenas e médias empresas (PME) outros de startups, os vulgos empreendedores, e cada vez mais ouvimos de responsáveis de PME (empresa autónoma – não integrada ou consolidada num grupo – com até 250 trabalhadores e uma faturação até 50 milhões de euros) frases como “a minha startup de consultoria…”.

Não é objectivo deste artigo identificar e analisar detalhadamente em que é que uma startup e uma PME diferem. Paulo Bandeira já o fez neste artigo publicado também no ECO. Realço, apenas, que o facto de (i) não existir uma definição fechada e unânime para startup, (ii) existirem características que são associadas às startups, e (iii) de estas últimas estarem “na moda”, contribui fortemente para a tentação de associação dos dois conceitos.

É, sim, objectivo deste artigo, chamar a atenção para que não existe nenhum motivo, ou sequer vantagem, para um responsável de uma PME se apresentar como promotor de uma startup, até porque esta tentação se pode rapidamente transformar em frustração.

Em primeiro lugar, o dia-a-dia de uma PME é completamente diferente do de uma startup. As PME dedicam o seu tempo a prestar serviços aos seus clientes com quem mantêm uma relação de enorme proximidade, sendo a angariação de novos clientes feita, sobretudo, por referência, pois o branding não costuma ser o ponto mais forte de uma PME. Por sua vez, uma startup dedica-se quase exclusivamente a tentar melhorar o seu produto, ajustar o seu modelo de negócio e encontrar fontes de financiamento, pois a maioria dos seus clientes são pouco mais que os early adopters, em número insuficiente para manter toda a estrutura a funcionar depois de consumido o capital inicial.

Em segundo lugar, Portugal é um país de PME. Não é meu objectivo neste artigo debruçar-me sobre os números, mas mais de um milhão de empresas em Portugal são PME, constituindo-se como fonte de rendimento para muitos cidadãos, o que encerra, em si mesmo, um valor a não desprezar, desvalorizar ou considerar de uma forma envergonhada.

PME e startups são duas realidades completamente distintas, mas ambas são necessárias para um tecido empresarial dinâmico. O enfoque deve estar na criação de riqueza, suportada por projetos diferenciados, profissionalmente geridos, motivados pela inovação e pela procura de satisfazer as necessidades do mercado, e não no tipo de projeto.

Não consigo encontrar qualquer motivo para que um promotor de uma PME seja menos confiante ou orgulhoso que um promotor de uma startup!

Para terminar, apenas uma curiosidade: apesar de o conceito e o fascínio pelas startups ser relativamente recente em Portugal, a STARTUP Magazine foi lançada antes da PME Magazine, o que pode exemplificar como ambas as realidades não só podem e devem coexistir, como podem, enfim, inspirar-se uma na outra.

Nota: Caso tenha questões que gostasse de ver esclarecidas ou temas que gostasse de ver abordados, envie o seu e-mail para startups@eco.pt.

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