Parasitas. A arquitetura. E o City Branding.

Os conhecidos como Movie Set’s são estratégicos a posicionar as cidades aos olhos do mundo. Cidades que conhecemos sem nunca ter visitado, ou que quando visitamos sentimos uma espécie de reencontro.

Há uns anos o filme “Todo Sobre Mi Madre” do realizador Pedro Almodóvar foi falado por fazer o retrato de uma Era, a anunciada nova Espanha dos anos 90 – da libertação sexual, a explosão cultural que estava a transformar a cidade e a torná-la uma das mais cool’s da Europa. Pelo menos era essa também a estratégia de city branding da cidade, conhecido como um case study de construção de imagem e de reputação. Acontece que o filme também foi falado porque mostrava um lado mais sombrio da capital da Catalunha – uma capital de drogas, a prostituição e os casos de sida. E que, quer se queira quer não, acabou por se meter no caminho no trabalho de marketing da cidade.

Os conhecidos como Movie Set’s são estratégicos a posicionar as cidades aos olhos do mundo. Cidades que conhecemos sem nunca ter visitado, ou que quando visitamos sentimos uma espécie de reencontro com um cenário e uma realidade que nos é familiar. Nova Iorque, Paris, Los Angeles, São Francisco, Roma…

Aos filmes podemos juntar depois outro elemento – a arquitetura. Basta recuperar, como exemplo, “Columbus” do realizador Kogonada, que como já foi escrito é um filme sobre sentimentos e edifícios. A arquitetura é a protagonista da história – o espaço, os edifícios e os materiais; um filme que teve a força para colocar a cidade norte-americana do Indiana no mapa, já que muitos desconheciam que é conhecida como a meca do modernismo. E a verdade é que muitas vezes o cinema pode ter mais força que qualquer grande campanha de marketing.

Esta semana foram conhecidos os nomeados para os Óscares 2020, e entre os nomes está Parasitas de Bong Joon Ho – e logo com seis nomeações, incluindo a de Melhor Filme. E mais uma vez vemos a utilização da arquitetura e da cidade como formas de expressão ou até de diálogo com o mundo.

Mais do que uma história de classes sociais, é também a história de dois ambientes. De Arquitetura. Todos os grandes momentos são contados através do espaço e é o espaço, mais do que a história, que o pode tornar memorável. As duas casas – de pobres e ricos; os espaços – de design e da sua ausência. Da primeira imagem, o plano de uma janela numa cave onde vive uma família, ao primeiro plano da casa em cimento em ficção criada por um arquiteto coreano reputado, à descoberta de uma cave – um novo espaço introduzido na história. E há a escada. Que se desce. Que se sobe. E que marca o ritmo do filme.

Se é um filme sobre arquitetura? Não! É um filme sobre classes sociais. Mas em que a arquitetura, os espaços – ou se quisermos, as casas das duas famílias, nos levam a viajar por Seul. E a refletir sobre o city branding e o posicionamento da capital da Coreia do Sul, nesta narrativa aberta de diferenças sociais…

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